Todos os anos a Igreja celebra o tempo litúrgico do advento. O advento é, por excelência, o tempo maior da esperança. Tempo de colher a esperança que vem de Deus nos lugares mais escuros que possam existir. Mas de que esperança o Evangelho nos fala para este tempo que nos prepara para o Natal do Senhor? Em tempos tão sombrios, como os atuais, como ancorar o nosso coração na esperança? No Advento, podemos contemplar um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança que não é vaga e não engana. A fé nos garante que a Esperança que vem de Deus é confiável, porque está ‘ancorada’ em Cristo.
Os tempos que vivemos nos colocam diante de muitas promessas e garantias de esperanças não cumpridas. O homem moderno acostumou-se a ter a si mesmo como medida de tais promessas e garantias. Pura ilusão! Pois somente Deus pode saciar o sentido humano. A grande chamada do tempo do advento, proposto a partir da liturgia da Igreja, nos prepara para celebrar a chegada de Deus. E Deus vem sempre, e vem no jeito simples de uma criança. Deus se faz menino, criança, para educar-nos às coisas simples e para tê-Lo como nossa única medida. Só Deus pode preencher a angústia do coração humano!
O Senhor vem! Eis aqui a permanente insistência do advento. Mas como enxergar a chegada do Deus da esperança quando as crises nos afetam, e nos últimos tempos, também as crises sanitárias? Será que o Senhor virá mesmo quando muitas famílias estejam afetadas pela falta de dialogo e sem esperanças? O Papa Francisco nos dá uma resposta simples, mas acertada: pedir sempre o dom do Espírito Santo. Ele ainda diz: “porque o Senhor veio na História em Belém; virá, no final do mundo e também no final da vida de cada um de nós. Mas vem todos os dias, em todos os momentos, no nosso coração, com a inspiração do Espírito Santo”. Precisamos como cristãos, com os pés no coração do mundo, ancorar nossa esperança em Cristo. Ele é a nossa esperança maior: “precisamos das esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir” (Encíclica Spe salvi, n. 31; papa Bento XVI).
O mundanismo que nos cerca tenta inverter o valor das coisas, apresenta-nos a esperança em Deus como uma realidade privada, e põe diante dos nossos olhos falsas esperanças, tais como: a idolatria do consumo, a necessidade de exibir-se a todo custo nas redes sociais etc. O advento pode nos ajudar a ancorar nossa esperança no primazia de Deus e no auxílio dos mais pobres, nossos irmãos. O tempo litúrgico do Advento também possui um aspecto de solidariedade. Não esperamos o Senhor que vem de maneira isolada ou sozinhos. O Senhor vem para nos reunir como irmãos que somos. O testemunho do tempo de preparação para o Natal do Senhor é um oportuno lugar para mantermos vivo o cuidado de uns para com os outros. O Senhor que virá para nos salvar não poderá nos encontrar distantes uns dos outros. A caridade de Cristo nos lança para o coração do irmão, fazendo nascer sempre os laços da fraternidade e da justiça!
Que Nossa Senhora nos ajude a pôr nossa única esperança em Deus! Ela, que muito esperou o Senhor, seja constantemente nossa fiel companheira na estrada da fé rumo ao mais alto lugar da Esperança que só pode vir de Deus!
Tempo de colher a Esperança!