Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap. Arcebispo Metropolitano da Paraíba
A celebração solene de Cristo Rei, celebrada no domingo passado, marca o fim de cada ano litúrgico. Passamos, portanto, para o inicio do Tempo litúrgico do Advento. Um tempo especial de preparação para o Natal do Senhor. O advento é, por excelência, o tempo maior da esperança. Mas de que esperança o Evangelho nos fala para este tempo que nos prepara para o Natal do Senhor? A esperança que brota da fé, que nos ancora em Deus. O papa Bento XVI, que muito escreveu e meditou sobre o sentido da esperança, nos diz que: “O Advento é um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança não vaga nem ilusória, mas certa e confiável, porque está ‘ancorada’ em Cristo, Deus feito homem, rochedo da nossa salvação”. Nossa esperança é Cristo, e isto nos basta!
O nosso Deus é vivo. Não se trata de um deus inerte, inacessível e estático. Ao tempo que, preparamos sua vinda, Ele, movido de amor, já vem ao nosso encontro para renovar em nós a esperança. Os tempos que vivemos nos coloca diante de muitas promessas e garantias de esperanças não cumpridas. O homem moderno acostumou-se a ter a si mesmo como medida de tais promessas e garantias. Pura ilusão! Pois somente Deus pode saciar o sentido humano. A grande chamada do tempo do advento, proposto a partir da liturgia da Igreja, nos prepara para celebrar a chegada de Deus. E Deus vem sempre, e vem no jeito simples de uma criança. Deus se faz menino, criança, para educar-nos às coisas simples e para tê-Lo como nossa única medida.
O Senhor vem! Eis aqui o singelo grito do advento. Mas como enxergar a chegada do Deus da esperança quando as crises nos afetam? Será que o Senhor virá mesmo quando muitas famílias estejam afetadas pela falta de diálogo e sem esperanças? O Papa Francisco nos dá uma resposta simples, mas muito acertada: pedir sempre o dom do Espírito Santo. Ele ainda diz: “porque o Senhor veio na História em Belém; virá, no final do mundo e também no final da vida de cada um de nós. Mas vem todos os dias, em todos os momentos, no nosso coração, com a inspiração do Espírito Santo”. Precisamos como bons cristãos ancorar nossa esperança em Cristo. Ele é a nossa esperança maior: “precisamos das esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir” (Encíclica Spe salvi, n. 31; Papa Bento XVI).
O mundanismo que nos cerca tenta inverter o valor das coisas, apresenta-nos a esperança em Deus como uma realidade privada, colocando diante dos nossos olhos esperanças que são falsas, tais como: a idolatria do consumo, a necessidade de exibir-se a todo custo nas redes sociais etc. O advento pode nos ajudar a ancorar nossa esperança no primado de Deus e no auxílio dos mais pobres, nossos irmãos. Neste tempo especial de preparação para o Natal, podemos nos esvaziar de nós para estarmos atentos às necessidades dos nossos irmãos. Que tal dedicar mais tempo para a visitação dos mais pobres e idosos? O Evangelho de Cristo muda vida! Que Nossa Senhora, a Mãe da Esperança, nos encaminha para Cristo e para o encontro dos irmãos, fazendo com que o Advento, seja de fato, um tempo de preparação para nossas famílias.