Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap
No domingo da Ascensão do Senhor, além de celebrarmos o aspecto da subida e volta de Cristo para o Pai, a Igreja também celebra o dia mundial das comunicações sociais. Esta solenidade da subida nos faz um convite bastante especial: dirigir os nossos olhos para o Cristo Ressuscitado que, passados quarenta dias depois do Domingo da Páscoa, continua a despertar admiração aos homens, como fizera com os seus primeiros apóstolos: “se elevou à vista deles e uma nuvem o ocultou aos seus olhos” (At 1,9).
O ato de subida do Ressuscitado para o seio da Trindade significa que Ele abre definitivamente o caminho que nos levará à nossa pátria definitiva. Portanto, devemos confiar nossa vida a Deus, como bem nos pede o Papa Leão: “O mal não vai prevalecer, estamos nas mãos de Deus!”. Que consolo saber que as dificuldades do tempo presente não podem nos tirar das mãos bondosas de Deus.
Essa subida de Cristo é uma realidade atemporal. Não devemos nos preocupar com uma localização espacial, pois tudo que se refere a Deus, foge da nossa capacidade e insistência de categorizar as coisas. A subida de Cristo, que nos envia Seu Espírito, é uma subida que pode nos fazer meditar sobre a evangelização nos meios de comunicação. O Evangelho que anunciamos, do Cristo que morreu e ressuscitou, não nos aliena na cotidianidade da terra, mas planta nossos pés nesta e ancora nosso coração no céu. A necessidade de evangelizar pelos meios de comunicação tornou-se uma demanda que não podemos evitar. O Papa Francisco, de saudosa memória, ainda conseguiu deixar a última mensagem para esse dia mundial da comunicação social. Ele nos pedia: “Procurai praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade. Dai espaço à confiança do coração que, como uma flor frágil mas resistente, não sucumbe no meio das intempéries da vida, mas brota e cresce nos lugares mais inesperados: na esperança das mães que rezam todos os dias para rever os seus filhos regressarem das trincheiras de um conflito; na esperança dos pais que emigram, entre inúmeros riscos e peripécias, à procura de um futuro melhor; na esperança das crianças que, mesmo no meio dos escombros das guerras e nas ruas pobres das favelas, conseguem brincar, sorrir e acreditar na vida.” A comunicação da mensagem do Evangelho sempre nos remeterá ao empenho árduo e necessário da vida e da esperança humanas. Todos somos comprometidos com esse anúncio em todos os lugares da terra.
A Igreja, quando faz uso evangelizador desses meios de comunicação, eleva o olhar dos homens e mulheres deste tempo para a subida do Cristo ao Pai. Aqui não podemos nos contentar com uma analogia teórica. Não! Trata-se de uma realidade fundamental que toca nossa vida concreta. Cristo realmente nos visitou e, depois de sua morte e ressurreição, subiu para o Pai. A esperança cristã, fundada no Evangelho de Nosso Senhor, não é uma ilusão. Podemos confiar-nos ao Senhor. Nele, porque possuímos esperança, nossa vida fica firme e ancorada (Cf. Hb 6,19).
O Papa Francisco, ao meditar sobre essa subida de Cristo ao Pai, diz que se trata de algo inédito e que nos pede olhos e coração voltados a Deus: “uma nova forma de presença de Jesus no meio de nós, pede-nos para ter olhos e coração para o encontrar, para o servir e para o testemunhar aos outros.” Juntemos nossas forças em prol dessa comunicação que fala da vida e de Jesus. Sejamos comunicadores e portadores daquela esperança mais alta, a esperança de Deus, e que nunca decepciona. Subamos para Deus. Cristo foi o primeiro a inaugurar esse caminho para cima; sigamo-Lo como discípulos e missionários da cultura do encontro e da paz.