O tempo do Natal encerra-se com a Festa do Batismo do Senhor. Um ciclo breve, mas muito intenso e cheio de ensinamentos. “No Batismo Deus vem a nós, Ele purifica e cura nossos corações, faz de nós seus filhos para sempre, seu povo e sua família, herdeiros do Paraíso. Deus se torna íntimo de nós e não nos deixa mais” (Papa Francisco, Festa do Batismo 2024). O dom da santidade nos vem pela graça recebida a partir do Batismo. O Senhor nos constituiu seus filhos adotivos, somos filhos no Seu Filho: “aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1Cor 1,2). Ser santo não significa seguir um corpo doutrinário rígido e de costumes distantes. Não! A santidade é um dom maravilhoso que constantemente nos aproxima desse Pai Bondoso que é Deus. Ser santo é ser amigo, filho e protegido por Deus.
Através do Batismo, os homens e mulheres tornam-se filhos do mesmo Pai. O Pai do céu que nos ama profundamente. Do Batismo, nasce a dinâmica da caminhada com Cristo. Nasce uma vocação comum a todos. A vocação cristã é sempre fruto de uma proposta amorosa que parte inicialmente do Senhor. Foi Ele quem nos chamou por primeiro, e só Ele que pode realizar as graças que necessitamos para corresponder a esse chamado de amor.
Na cultura de morte e do indiferentismo de Deus que caminha a passos largos, lamentavelmente, o Senhor lança sobre nossos ouvidos o convite para uma vida marcada pela doação total de si, longe dos cálculos e vantagens humanas. Nossa passagem por esta terra não pode ser vivida como pessoas que não conheceram a Deus, como se tudo o que vivemos estivesse doutrinado pelas necessidades ensimesmadas. Não nos enganemos com esse tipo de vida deplorável e fechado em si mesmo, o Deus amoroso que nos chamou a partir do Batismo oferece-nos um caminho superior e cheio de sentido. Os santificados em Cristo aceitam essa chamada exigente, e não hesitam em se ocupar desse caminho que deve ser trilhado na humildade e na docilidade. Afinal, seguimos uma Pessoa, e Ele passou pela via dolorosa da cruz e da alegria da ressurreição.
Ser batizado, isto é, filho da Igreja também, significa espalhar centelhas do amor de Deus pelas estradas do mundo. Como batizados, não devemos viver numa espécie de redoma elitista. Somos batizados para evangelizar o mundo. A todo tempo escutamos que o mundo mudou. Fala-se em alto e péssimo tom que Deus não precisa ser mais contado na pauta ordinária dos homens e mulheres evoluídos. Acostumamos a ouvir que a Igreja é ultrapassada e mantenedora de costumes antiquíssimos. Mas na verdade, essas falas não passam de discursos equivocados e distraídos. Elas tentam esconder a ausência de sentido que habita no coração humano quando vive longe de Deus. Sim! Caminhamos cada vez mais para sociedades que professam um ateísmo prático. Contudo, a fé cristã anuncia a esperança de que Deus sempre terá paciência conosco e estará pronto a nos oferecer Sua vida como espaço de comunhão. Deus grita aos nossos ouvidos o Seu amor e o Seu desejo de santidade.
Que as graças do Jubileu da Esperança, proclamado no Santo Natal pelo Santo Padre, renove em nossos corações a pronta disposição missionária. Que seja um ano jubilar marcado pela esperança de Deus em nossas vidas e no coração do mundo! Vivamos trazendo sempre o testemunho do Evangelho no peito e nas atitudes de cada dia. E, junto com o Papa, proclamemos com voz forte: “Que a esperança preencha nossos dias!”.