Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, arcebispos metropolitano da Paraíba.
O coração do Evangelho de Cristo é a mensagem da misericórdia de Deus. Essa mensagem salvadora é um mandato missionário de Cristo a todos os homens e mulheres. Não importa o tempo, essa mensagem é sempre atual e carrega um anúncio imediato.
No Evangelho deste domingo, Nosso Senhor se apresenta como Aquele que envia os doze Apóstolos (Cf. Mc 6,7-13). O termo “apóstolo” significa “enviado, mandado”. Cada apóstolo foi chamado para uma missão especial em vista do serviço. Na Igreja, “a vocação cristã não é uma promoção para subir”, nos ensina o santo padre. Toda missão é um encargo que exige a firme decisão para o serviço de todos.
Jesus escolhe doze apóstolos para o serviço de governo e missão da Igreja porque sabe que partirá para o Pai. A Igreja tem a bonita missão de continuar os gestos e ações de Cristo no meio do mundo. “O fato de que Jesus chame alguns discípulos a colaborar diretamente para a sua missão manifesta um aspecto do seu amor: ou seja, Ele não desdenha a ajuda que outros homens podem oferecer à sua obra; conhece os seus limites, as suas debilidades, mas não os despreza; aliás, confere-lhes a dignidade de ser seus enviados” (Papa Bento XVI).
A missão da Igreja é um dever de amor! Mas será que ainda existem espaços que tenham necessidades de acolher o anúncio do Evangelho de Cristo! Diante de um mundo tão pluralizado, será que ainda devemos anunciar Jesus Cristo? Será que não estaríamos ferindo a quem diz não querer receber o anúncio do Evangelho? Um dos documentos finais do Concílio Vaticano II é muito claro sobre a pertinência e a urgência da propagação do Evangelho a todos os homens e mulheres: “A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser ‘sacramento universal de salvação’, por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. Já os próprios Apóstolos em que a Igreja se alicerça, seguindo o exemplo de Cristo, ‘pregaram a palavra da verdade e geraram as igrejas’. Aos seus sucessores compete perpetuar esta obra, para que ‘a palavra de Deus se propague rapidamente e seja glorificada’ (cf. 2 Tess. 3,1), e o reino de Deus seja pregado e estabelecido em toda a terra” (cf. Ad Gentes, n. 01).
O dever missionário nunca é um peso para os cristãos, mas um apostolado que perpassa toda a vida. Os apóstolos constituídos por Jesus compreenderam que esse anúncio é uma real necessidade para todos os povos. O que move nosso esforço missionário é o amor que nutrimos pelo Senhor e pela salvação de todos os homens. Um dever de amor!
A mensagem missionária da Igreja não se conforma em pregar aquilo que os poderosos querem ouvir. O mandato que a Igreja recebeu é de ter como critério a verdade e a justiça, ainda que vá contra os aplausos e contra o poder humano. A Igreja em todos os tempos, se reveste da mesma coragem do profeta Amós do Antigo Testamento que, enviado por Deus para profetizar, não se cala, mas se reveste da autoridade missionária e diz: “O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo’” (Am 7,15).
O Senhor continua a chamar apóstolos nos dias atuais. Ele quer contar com o sim generoso de cada um. Continua chamando sacerdotes, religiosos e leigos engajados no coração do mundo. Leigos que abracem com fidelidade o matrimônio e que promovam decididamente a cultura da vida e da família em todos os espaços sociais. O testemunho do Evangelho de Cristo não pode ser um apêndice neste mundo, mas deve transformá-lo a partir da necessária mensagem da misericórdia de Deus.