Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap. Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Depois do nascimento de Jesus, a Igreja celebra com alegria a Sua presença manifestada ao mundo. Uma estrela com luz forte guiou os reis Magos até ao lugar pobre de Belém: “Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2,2). O Senhor pode ser visto até mesmo pelos povos mais distantes, a perturbação de Herodes que porventura venha se alojar em nosso interior dá lugar à alegria do amor de Deus que continuamente quer nos envolver, tirando-nos dos temores e das falsas alegrias. O Papa Francisco com palavras bastante profundas, nos insere para dentro desse mistério que estamos celebrando neste domingo: “Os Magos põem-se a caminho à procura do Rei que nasceu. São imagem dos povos que caminham em busca de Deus, dos estrangeiros que agora são conduzidos ao monte do Senhor (cf. Is 56, 6-7), dos distantes que agora podem ouvir o anúncio da salvação (cf. Is 33, 13), de todos os extraviados que escutam o apelo duma voz amiga. É que agora, na carne do Menino de Belém, a glória do Senhor revelou-se a todas as nações (cf. Is 40, 5) e ‘toda a criatura verá a salvação de Deus’ (Lc 3, 6). É a peregrinação humana, a de cada um de nós, da distância à proximidade” (Epifania, 2024).
A Epifania do Senhor revela-nos que Deus é luz e nos quer dentro desta luz: “Ergue-te, Jerusalém, e sê iluminada, que a tua luz desponta e a glória do Senhor está sobre ti” (Is 60,1). O caminho dos Magos do Oriente propõe-nos uma procissão que ainda hoje caminha, é a procissão dos homens e mulheres que conheceram Jesus, a luz do mundo. “Para encontrar Jesus, deve-se planejar um itinerário diferente, deve-se tomar outro caminho: o d’Ele, o caminho do amor humilde. E deve-se perseverar nele. Os Magos, tendo encontrado Jesus, regressaram ao seu país por outro caminho, diferente do de Herodes, distinto do caminho do mundo” (Papa Francisco).
Os Magos vão à frente dessa grande procissão que nos precede, eles inauguraram o caminho dos povos pagãos para Cristo. Eles buscaram algo a mais, não eram somente homens de ciência, não queriam agregar mais conhecimento; seus corações ansiavam o encontro com o amor na verdade. Eles seguiram a estrela de suas vidas. Aquela sagrada e forte luz que se acendeu na noite do Natal, começou a brilhar para eles e resplandeceu para o resto da terra. O Senhor tornou seu amor, outrora escondido na lapinha de Belém, visto e anunciado para todos os pecadores. Jesus é o sol que surgiu no horizonte da história para iluminar a existência pessoal de cada um de nós. Dentro do nosso coração há sempre o anseio pela verdade, ainda que nos iludamos com as trevas do pecado, nascemos para encontrar o Senhor, e Ele é perene luz que desponta na estrada da nossa vida.
O amor do Senhor não se esconde. Eis o retrato solene da festa da Epifania. Deus revela-se ao mundo no rosto frágil de uma criança. É verdade que é um amor silencioso, mas incontido. A estrela de Belém continua a brilhar e crescer em nossos dias. Mas para percebê-la é necessário revestir-se da simplicidade desse amor revelado que permeia o tempo do Natal. O Natal do Senhor é um tempo favorável de lançar mão de falsas luzes que nos afastam do amor de Deus. Estas têm o poder de enganar nosso coração. É tempo de seguir a estrela de Jesus que brilha forte, brilha também na estrada escura de nossas vidas. Não hesitemos de seguir a estrela de Belém!
Deus neste maravilhoso tempo do Natal do Seu Filho quer tirar as trevas de nossas vidas, presenteia-nos com o Seu próprio amor, o Seu perfeito amor desinteressado. Que Nossa Senhora, a Virgem que mostrou ao mundo a verdadeira luz, nos ajude a amar, de maneira luminosa, a cada dia o Senhor. O amor a Deus exige conversão! Eis o caminho dos Magos do Oriente! Queres seguir a estrela de Belém?