Professor Luís Miranda. O Advento chegou. E você, onde está?…

Luís Miranda.

O ADVENTO CHEGOU. E VOCÊ ONDE ESTÁ?…

O Advento chegou. Como tempo litúrgico talvez ele seja ‘culturalmente secundarizado’, dado que desde o final de outubro o que domina as vitrines e lojas das nossas cidades são já os sons e ritmos de Natal.

O Advento chegou. Talvez ninguém se tenha dado conta, pois o ruído que nos envolve diariamente é de tal forma intenso e “barulhento” que nos faz viver o tempo como se ele fosse apenas um “evento” e não como uma oportunidade para crescer, refletir e aprofundar.

O Advento chegou. Também dentro de todos nós, lá no íntimo mais íntimo do nosso coração, há (quase) sempre muito ruído. Chamamos todo esse “barulho” de estresse, ansiedade, correria, falta de tempo…Sei que todos vivemos hoje tão freneticamente cheios de ruído à nossa volta, que facilmente a “ditadura do barulho” ocupa demasiado espaço em nós, dentro de nós.

Para escutar não basta ter ouvidos, é preciso também coração (bom!), um coração que se (co)move, que se deixa ‘ferir’ e não se entrega à indiferença, um coração mais disposto a abraçar do que julgar…Se a escuta fosse o paradigma do nosso cotidiano, seriamos menos juízes e mais irmãos, mais criativos e menos cheios das lamentações.

É a escuta que transfigura a vida! Quem não escuta, não vive. Sempre que escutamos (re)encontramo-nos! Na verdade, só escuta quem é capaz de amar… A arte de escutar também se aprende. Mais do que esforço, é-nos pedida sensibilidade, um olhar demorado e um coração peregrino. Decidir escutar é, também, decidir acompanhar, uma vez que escutar não é atitude passiva, é o encontro de dois corações… Deste modo, a vida será muito mais humana, simplesmente humana!

O Advento chegou. É uma realidade que nos convida a habitar o mistério! Trata-se de olhar para além de nós e para além do tempo. É tempo de silêncio e escuta. Tempo de discernimento e acolhida incondicionada. Não é tempo de espera passiva, mas do protagonismo de uma fé serena e sábia que entendeu que “o ideal cristão convidará sempre a superar a suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes defensivas que nos impõe o mundo atual. Muitos tentam escapar dos outros fechando-se na sua privacidade confortável ou no círculo reduzido dos mais íntimos, e renunciam ao realismo da dimensão social do Evangelho. Porque, assim como alguns quiseram um Cristo puramente espiritual, sem carne nem cruz, também se pretendem relações interpessoais mediadas apenas por sofisticados aparatos, por ecrãs e sistemas que se podem acender e apagar à vontade. Entretanto o Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com o seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (Evangelii Gaudium, nº 88).

O Advento chegou. E você, onde está?…

O professor Luís Miranda, é Mestre em Teologia pela Università Pontifica Salesiana, com especialização em Catequética e Pastoral juvenil. Licenciado em Teologia Pela Universidade Católica Portuguesa, Licenciado em Filosofia e Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Com MBA em Liderança, Inovação e Gestão (Faveni) e cursando MBA em Gestão empresarial (FGV). É especialista em educação Finlandesa e é Certified Manager, Trainer and Teacher Innopeda®️ pela Turku University of Applied Sciences (Finlândia). É Coordenador dos Segmentos de Educação Infantil e Anos iniciais no ISO Colégio e Cursos e responsável pela implementação da Estratégia Pedagógica Innopeda®️. É autor de dois livros na área da Teologia Pastoral e colabora ativamente com algumas plataformas através de artigos de opinião e podcasts na área educacional.

É POSSÍVEL A ESPERANÇA?…

Para quem em agosto pôde acompanhar, presencialmente ou online, a JMJ que aconteceu em Lisboa (Portugal), ficaram certamente tatuados na memória afetiva do coração o desafio missionário de uma Igreja para todos, feito pelo Papa Francisco aos jovens, bem como o solene silêncio adorador com que a juventude nos disse que diante de um mundo paradoxal e desafiador, é possível uma nova humanidade.

Se olharmos com atenção o caminho que o Papa tem feito com os jovens ao longo destes 10 anos de pontificado, podemos observar uma constante convocação para que eles sejam protagonistas e não meros espectadores, para que despertem duma indolência e indiferença que vem anestesiando os corações e a sociedade, para que redescubram o sabor, o sentido e o significado mais profundo da vida a partir de Jesus e sejam (re)construtores de uma fraternidade que nos liberta do egoísmo e de uma solidariedade e compaixão que permitam à humanidade sarar as suas feridas mais profundas.

Na mensagem que dirige aos jovens para a Jornada Mundial da Juventude que ocorrerá em cada diocese no próximo no próximo Domingo (26 de novembro), o Papa amplia o horizonte existencial e de santificação, convocando-os para a Esperança, a partir do versículo da carta de Paulo aos Romanos (Rm 12, 12) iniciando, deste modo, o caminho que levará ao Jubileu de 2025.

Na mensagem, o Papa reafirma que a juventude é um tempo cheio de esperanças e sonhos e reconhece também que “vivemos num tempo em que para muitos, mesmo jovens, a esperança parece ser a grande ausente”. Num mundo de respostas superficiais, Francisco convoca os jovens para acenderem uma esperança no coração dos homens e, recorrendo ao poeta francês Charles Péguy, recorda a todos o caráter humilde, «menor», e, todavia, fundamental da esperança, dado que ela “é o sal da cotidianidade”.

Como a esperança cristã não é fuga da realidade, ilusão ou mero otimismo, pois não é negação da dor nem da morte, mas celebração do amor de Cristo Ressuscitado que está sempre conosco, Francisco convida os jovens a alimentarem a esperança sem que ela seja sufocada pelas preocupações, os medos e as tarefas da vida diária. E para isso ousa propor um itinerário com dois pilares essenciais:

  • A esperança alimentada pela oração, onde a oração é este tempo diário para descansar em Deus, face às ansiedades que vivenciamos;
  • A esperança alimentada pelas nossas opções cotidianas, com um convite a fazer escolhas muito concretas na vida de cada dia, por exemplo, um estilo de vida onde cada um pode ser semeador de esperança na vida dos outros;

Consciente de que as dificuldades existem e sempre existirão, Francisco exorta e convoca os jovens a não terem medo de partilhar com todos a esperança e a alegria de Cristo Ressuscitado, dado que “a esperança cristã, não a podemos guardar para nós, como um belo sentimento, visto que se destina a todos”.

Este convite à Esperança, não é apenas um desafio para os jovens, é também um desafio para todos nós enquanto pessoas e comunidades! Como Francisco insistentemente nos desafia: “É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar.” (EG 273).

No dia em que a Igreja Católica celebra liturgicamente a Solenidade de Cristo Rei do Universo, é decisivo entendermos que não celebramos uma afirmação pomposa de ‘poder mundano’, mas antes, somos convocados para mergulhar mais profundamente no mistério da fé e, de olhos fixos no Crucificado-Ressuscitado, redescobrirmos que o único ‘poder’ legítimo aos discípulos de Jesus é o de “servir e dar a vida!” (Mt 20, 28). Numa Igreja sinodal, este é então o tempo propício para celebrarmos a nossa corresponsabilidade batismal e sermos, no mundo e para o mundo, acendedores de Esperança.

O professor Luís Miranda, é Mestre em Teologia pela Università Pontifica Salesiana, com especialização em Catequética e Pastoral juvenil. Licenciado em Teologia Pela Universidade Católica Portuguesa, Licenciado em Filosofia e Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Com MBA em Liderança, Inovação e Gestão (Faveni) e cursando MBA em Gestão empresarial (FGV). É especialista em educação Finlandesa e é Certified Manager, Trainer and Teacher Innopeda®️ pela Turku University of Applied Sciences (Finlândia). É Coordenador dos Segmentos de Educação Infantil e Anos iniciais no ISO Colégio e Cursos e responsável pela implementação da Estratégia Pedagógica Innopeda®️. É autor de dois livros na área da Teologia Pastoral e colabora ativamente com algumas plataformas através de artigos de opinião e podcasts na área educacional.