Pregar Cristo Morto e Ressuscitado

Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap. Arcebispo Metropolitano da Paraíba

A Palavra de Deus, proclamada nas Missas deste domingo, nos convida a colocar nossa esperança no Cristo Morto e Ressuscitado. O Apóstolo Paulo, o grande pregador da Palavra de Deus no cristianismo antigo, chama-nos para a atenção da necessidade de se pregar o Evangelho de Cristo: “Se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como podem alguns dizer entre vós que não há ressurreição dos mortos? Pois, se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados.” (1Cor 15,12-17). A vida cristã, que abraçamos a partir do Batismo, solicita-nos essa pregação, e devemos cumpri-la de forma existencial. Somos também chamados a ser pregadores da Palavra de Deus aonde quer que estejamos. E neste ano jubilar, a pregação da Igreja reveste-se do anuncio especial da mais alta esperança de Deus.

Por que devemos levar o Evangelho de Cristo no coração e na vida? Uma das grandes respostas está na certeza de que somos infinitamente amados pelo Bom Deus que nos chama ao cotidiano exercício da bondade. O Papa Francisco afirma com voz forte que “o bem tende sempre a comunicar-se. Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros. E, uma vez comunicado, o bem radica-se e desenvolve-se. Por isso, quem deseja viver com dignidade e em plenitude, não tem outro caminho senão reconhecer o outro e buscar o seu bem. Assim, não nos deveriam surpreender frases de São Paulo como estas: “O amor de Cristo nos absorve completamente” (2 Cor 5, 14); “ai de mim, se eu não evangelizar!” (1 Cor 9, 16). O amor de Deus nos acompanha em todas as fases da vida, e não devemos reter esse amor, faz-se necessário levá-lo aos outros.

Nossa missão de cristãos deve levar a todo custo o reconfortante amor de Deus. O amor de Deus, fonte de nossa ação evangelizadora, não deixa ninguém para trás. 

Nosso Senhor ensinou-nos a fazer o bem em qualquer circunstância. Ele curou a muitos, assim como a Igreja continua a curar por meios dos sacramentos, quando o pôr do sol da vida nos causa temor. O ano jubilar da esperança quer ser esse tempo em que recolhemos o amor de Deus na nossa vida concreta. Quantas coisas e situações da vida nos roubam a esperança de Deus. Devemos estar atentos para que essas circunstâncias não nos tire a fé e o passo decidido rumo a vontade de Deus.
Peçamos à Virgem Mãe de Deus que nos auxilie na missão de levar a todos a força do Evangelho e que sua intercessão nos sustente na promoção do bem, da fraternidade e da verdade, como nos pede o gratuito amor de Deus. E como peregrinos da esperança, sejamos anunciadores do amor de Deus em tudo!