No Evangelho deste domingo, encontramos a cena de Jesus que socorre os discípulos no lago. Os discípulos estão sem Jesus em sua barquinha. Mas antes da intervenção para salvá-los, Jesus vai à montanha para estar a sós com o Pai.
A cena da barca sem Jesus fica mais dramática porque os ventos são fortes e contrários. A imagem da barca, desde tempos remotos, tornou-se a simbologia da missão da Igreja no mundo. Provavelmente, já na época de Jesus, os discípulos se sentiam como um pequeno povo que precisa atravessar os desafios e contrariedades do mundo. O mar é sempre um sinal da presença do mal no mundo. Portanto, não podemos pretender subir na barca da Igreja sem a presença redentora de Nosso Senhor. Sucumbiríamos caso o Senhor não tivesse subido na barca frágil dos seus discípulos naquele lago. A imagem do Evangelho deste domingo é muito forte para repensarmos a nossa postura missionária, como Igreja de Cristo, no mundo.
Quantas vezes julgamos mal ao pensar que o Senhor nos abandonou em alto mar. Diante dos desafios da vida, passamos a agir como se Deus não fosse um Pai Bondoso que sempre está atento ao que se passa conosco. Se observarmos bem a narração do evangelho em questão, notaremos que, enquanto a barca dos discípulos estava prestes a afundar ao longo de toda a noite, o Senhor estava a velar por eles em oração. Estava em intimidade profunda com o seu Pai Bondoso.
Não devemos nos esquecer que o lugar da oração é essencial na vida cristã. Há situações que só venceremos e seremos salvos através de uma vivência profunda de oração. Quando estamos imersos numa vida de oração autentica, sentimos a mão bondosa do Senhor a nos salvar, como fez com Pedro nessa mesma narração do evangelho deste domingo. Pedro, indo ao encontro do Senhor, depois de ter subido na barca que se agitava, corre o risco de afundar. E o que faz o Senhor diante da falta de fé de Pedro nas aguas agitadas do mundo? Ele estende a mão e salva Pedro. E coloca-o de volta na barca da Igreja.
Assim também conosco. O Senhor estende continuamente a mão para nos salvar de qualquer padecimento. Não importa se fraquejamos na fé, o Senhor jamais vai deixar de estender sua mão forte para nos salvar. E de que forma podemos sentir vivamente essa mão salvadora? “(…) fá-lo mediante a beleza de um Domingo, fá-lo através da solene liturgia, fá-lo na oração com que dirigimos a Ele, fá-lo no encontro com a Palavra de Deus, fá-lo em múltiplas situações da vida diária. Ele estende-nos a mão” (Papa Bento XVI). Como é bom sentir a segurança da mão divina a nos proteger sempre.
O Senhor ao estender sua mão bondosa espera uma adesão de nossa parte. Uma adesão de vida. Somente se nós segurarmos a sua mão, se nos deixarmos orientar pela Sua Palavra, o caminho da nossa vida será justo e bom.
Neste domingo, celebramos o dia dos pais e abertura oficial da Semana da Família em todas as dioceses do Brasil. A paternidade não é uma construção social impositiva, como frequentemente temos escutado nos últimos tempos. A missão do pai no seio familiar é uma benção de Deus. Os pais são os primeiros responsáveis pela guarda da família. Cabe ao homem, como pai, proteger sua família. O amor verdadeiro exige a entrega voluntária da própria vida em favor das pessoas que amamos.
Peçamos à Família Sagrada de Nazaré que abençoe nossas famílias. Para que sejamos no coração do mundo um testemunho vivo das virtudes que só podem ser contempladas no seio familiar. Que Maria e José sejam modelo de santidade para os que abraçaram os desafios e as alegrias da vida matrimonial. O mundo anseia, e sempre continuará ansiando, pelo testemunho de famílias que guardam a alegria do Evangelho, como arduamente nos pede o Papa Francisco: “O Evangelho da Família é, verdadeiramente, alegria para o mundo!”
Que esse feliz anúncio ajude a construir no mundo tão diversificado, como o nosso, um caminho justo e bom para todos!