Estamos celebrando neste domingo a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Trata-se de um dogma mariano bastante antigo na devoção e na fé do povo, mas tal dogma só fora definido recentemente pela Igreja, em 1950. E qual a grande mensagem que a Igreja quer passar ao nos fazer celebrar a Assunção de Maria? A resposta é bastante simples, mas carregada de um grande valor: Maria foi elevada ao Céu no seu corpo e alma. Uma das principais características do amor cristão é a elevação. O verdadeiro amor sempre eleva o outro, dá sentido e estende a mão.
Quando o anjo Gabriel se retira da presença da Virgem Maria, depois da Anunciação, ela coloca seu corpo numa inteira disponibilidade e serviço aos irmãos, ou seja, se coloca toda doada nas relações. Maria vai ao encontro de sua prima Isabel, que também está grávida: “Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,38-41). O Mistério de Deus na vida e missão de Nossa Senhora nos faz pensar bastante no quanto devemos, por amor, tornar Deus grande no mundo, nas relações humanas. A nossa relação com Deus não pode limitar-se à esfera do privado. Tornemos grande Deus na vida pública e na vida privada. O que significa tamanha grandeza? Dar espaços todos os dias a Deus na nossa vida.
Estamos no mês vocacional. E nesse domingo, celebramos a Vida Religiosa. São batizados que se consagram mais estreitamente a Nosso Senhor no serviço da Igreja, trilhando um caminho de pobreza, obediência e castidade. O mês vocacional desse ano está mais festivo porque estamos no III ANO VOCACIONAL da Igreja do Brasil. Queremos ter um coração vocacionado para as coisas do alto, como é o coração de Maria Assunta ao céu, sem deixar de ter os pés a caminho na história que nos cerca.
A vida religiosa presta um grandioso e necessário serviço de amor, do amor que eleva e dignifica. Quantos de nós fomos catequizados por freiras. Foram estas, muitas vezes, na vida paroquial, as consagradas que nos mostraram a centralidade do lugar de Deus em nossas vidas. O Papa Francisco, em uma de suas muitas falas sobre a vida consagrada, fez ecoar as seguintes palavras: “A vida consagrada ‘é olhar que vê Deus presente no mundo, embora a muitos passe despercebido; é voz que diz: ‘Deus basta, o resto passa’; é louvor que brota apesar de tudo”.
A humanidade assiste o acelerado avanço da cultura de morte do aborto. Arrumam-se termos sofisticados e justificativas “plausíveis” para negar o direito fundamental e natural: o de nascer. A elevação de Maria ao céu, de corpo e alma, não é uma historinha ultrapassada da Igreja, mas um evento contido na nossa história de salvação. Ela foi assumida por Deus em vista da salvação de todos os homens, e também em vista da conversão dos “pregadores” da cultura antivida.
O Evangelho de Cristo, como diz o Papa, é também o Evangelho da Família e da Vida, e este é, verdadeiramente, a alegria do mundo.
Peçamos à Nossa Senhora a graça de “compreendermos que também para nós a terra não é a pátria definitiva e que, se vivermos voltados para os bens eternos, um dia partilharemos a sua mesma glória e também a terra se tornará mais bela” (Papa Bento XVI).
Agradeço a todos os religiosos e religiosas que entregam suas vidas a Deus, em favor do povo, na nossa centenária Arquidiocese da Paraíba. E, juntos, na construção de um mundo mais justo e solidário, testemunhemos que o amor sempre eleva. O amor ergue o mais fraco!