Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap. Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Estamos a poucos dias da grande celebração do Natal de Jesus. Uma festa que continua a encantar todos os corações. Natal é epifania, é a manifestação do grande amor de Deus e da sua luz forte num menino que nasceu para nós. Toda a liturgia da Igreja desses dias luminosos nos faz meditar sobre esse amor de Deus por todos os homens. Jesus é um rei diferente. Nascido no estábulo de Belém e não nos palácios do rei, revela-nos a face bondosa de Deus que Se abaixa para nos salvar.
O Natal é Deus na carne dos homens, que, no nascimento de Cristo, Seu Filho e nosso irmão, inundou de alegria o mundo inteiro. A Igreja grita aos homens de todos os tempos, e, especialmente, aos homens e mulheres do tempo presente que Cristo nasceu para nós! O Filho da Virgem Maria já desceu do céu para estar com os pobres, os enfermos e os mais fragilizados. O Natal do Senhor não muda! Deus olha para as dores da humanidade e continua a Se compadecer. Eis a beleza da história do Natal de Jesus que não passa!
O Papa Francisco cunhou uma expressão bastante forte e que explica o Mistério do Natal do Senhor: “O presépio narra o amor de Deus!” Que expressão! Na verdade, não é somente uma expressão de efeito, mas uma realidade. Na Manjedoura de Belém, deitou um Menino que é Deus; esse deitar significa perfeita solidariedade com o mistério de sofrimento da humanidade, que padecia porque jazia nas trevas da morte. A solidariedade de Deus levanta o homem de qualquer situação de vulnerabilidade, tal é o gemido do homem de todo e qualquer tempo que, sozinho, se sente impossibilitado de superar tantas dificuldades. O Natal do Senhor nos ensina que precisamos colocar a nossa frágil mão numa mão maior e mais forte, uma Mão que veio das alturas dos céus, como cantamos nesses últimos dias do advento, tempo de preparação.
O Menino que é Deus fora cuidado por seus pais na pobreza daquele estábulo que o acolhera. Ele, na fragilidade de uma manjedoura, nos ensina o dom de amar. Há um ensinamento de amor que brota da luz de Belém. Somente o amor pode transformar as trevas do mundo em luz de esperança. É tempo de renovar a alegria do coração. “O anúncio de Belém é o anúncio duma ‘grande alegria’ (Lc 2, 10). Qual alegria? Não a felicidade passageira do mundo, nem a alegria da diversão, mas uma alegria ‘grande’ porque nos faz ‘grandes’. De fato hoje nós, seres humanos, com as nossas limitações, abraçamos a certeza duma esperança inaudita: a esperança de termos nascido para o Céu. Sim, Jesus nosso irmão veio fazer do Seu Pai o nosso Pai: Menino frágil, revela-nos a ternura de Deus e muito mais… Ele, o Unigênito do Pai, dá aos homens o ‘poder de se tornarem filhos de Deus’ (Jo 1, 12). Eis a alegria que consola o coração, renova a esperança e dá a paz: é a alegria do Espírito Santo, a alegria de ser filhos amados” (Mensagem de Natal do Papa Francisco, 2023).
Sintamo-nos envolvidos por essa alegria que vem de Deus. Uma alegria que envolve o lugar mais frio e escuro dentro de nós. Deus quer retirar qualquer tipo de solidão de nossas vidas. Basta que confiemos o coração a Ele. Peçamos ao Bom Deus que não hesitou em fazer-Se próximo a nós que nos ajude a viver com reta piedade este tempo tão belo e envolvente. Que a Mão do Menino de Belém nos sustente e guie nossas vidas pelos caminhos da paz e da justiça. E que não falte o pão na mesa dos mais pobres e desassistidos. Um santo e feliz Natal ao querido povo paraibano.