Neste domingo, às vésperas da Solenidade de Pentecostes, encontra-se a celebração da Ascensão do Senhor. Esta solenidade nos faz um convite especial e provocante: dirigir os nossos olhos para o Cristo Ressuscitado, para o seu grande amor, que, passados quarenta dias depois do Domingo da Páscoa, continua a despertar admiração aos homens e mulheres, como fizera com os seus primeiros apóstolos: “se elevou à vista deles e uma nuvem o ocultou aos seus olhos” (At 1,9). O amor nos fará subir para o céu, para Deus!
O que fez o Ressuscitado na volta para Deus? Ele subiu sozinho? A Festa da Ascensão do Senhor é a celebração do amor solidário de Deus. Cristo subiu para o Pai e levou consigo nossas dores e alegrias: “Jesus sobe ao Pai para interceder em nosso favor, para apresentar-lhe a nossa humanidade. Assim, diante dos olhos do Pai, há e sempre haverá, com a humanidade de Jesus, nossas vidas, nossas esperanças, nossas feridas (…)” (Papa Francisco).
O ato de subida do Ressuscitado também significa que Ele subiu para o seio da Trindade, abrindo-nos, definitivamente, o caminho que nos levará à nossa pátria definitiva. Essa subida de Cristo é uma realidade atemporal. Não devemos nos preocupar com uma localização espacial, pois tudo que se refere a Deus, foge da nossa capacidade e insistência de categorizar as coisas. A subida do Ressuscitado, que nos envia Seu Espírito, é uma subida que pode nos fazer meditar sobre a evangelização nos meios de comunicação. O Evangelho que anunciamos, do Cristo que morreu e ressuscitou, não nos aliena na cotidianidade da terra, mas planta nossos pés nesta e ancora nosso coração no céu.
Neste domingo, a Igreja chama nossa atenção para a presença do Evangelho nos meios de comunicação. A Igreja, quando faz uso evangelizador desses meios de comunicação, eleva o olhar dos homens e mulheres deste tempo para a subida do Cristo ao Pai. Aqui não podemos nos contentar com uma analogia teórica. Não! Trata-se de uma realidade fundamental que toca nossa vida concreta. Cristo realmente nos visitou e, depois de sua morte e ressurreição, subiu para o Pai. A esperança cristã, fundada no Evangelho de Nosso Senhor, não é uma ilusão. Podemos confiar-nos ao Senhor. Nele, porque possuímos esperança, nossa vida fica firme e ancorada (Cf. Hb 6,19).
O Papa Francisco ao meditar sobre essa subida de Cristo ao Pai, diz que se trata de algo inédito e que nos pede olhos e coração voltados a Deus: “uma nova forma de presença de Jesus no meio de nós, pede-nos para ter olhos e coração para o encontrar, para o servir e para o testemunhar aos outros.” Peçamos ao Senhor que nunca nos falte esse desejo sincero de subida para o Pai; e que a nossa subida ao Pai comece aqui na história, estando atento às necessidades dos mais pobres e necessitados. Essa subida constrói-se quando assumimos o amor de Cristo nas relações humanas já aqui neste mundo. A subida do cristão ao Pai é uma subida que puxa a caridade. Não subiremos sozinhos. Os nossos irmãos também subirão conosco! Intensifiquemos nossas orações pelos nossos irmãos do Sul do país que sofrem com o desastre das cheias em várias cidades do Rio Grande do Sul, mas façamos também a nossa parte, com doações e mobilizações, segundo nossas condições. O amor que subiu para o Pai não abandonou o chão da nossa história!
[10:21, 09/05/2024] Lula: Artigo de dom Delson