Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap. Arcebispo da Metropolitano da Paraíba
O amor de Cristo é graça imerecida. Ele nos amou em primeiro lugar. Contudo, é uma graça que nos solicita uma generosa resposta. Neste mês missionário, a Igreja nos faz pensar um pouco na relação imediata entre a esperança e a missão. O Santo Padre, em sua Mensagem para o dia das missões, retrata perfeitamente isto: “sabemos que o zelo missionário, nos primeiros cristãos, possuía uma forte dimensão escatológica. Sentiam a urgência do anúncio do Evangelho. Também hoje é importante ter presente tal perspectiva, porque nos ajuda a evangelizar com a alegria de quem sabe que ‘o Senhor está perto’ e com a esperança de quem propende para a meta, quando estivermos todos com Cristo no seu banquete nupcial no Reino de Deus.” A missão da Igreja continua a encarnação da mais alta esperança na carne do mundo!
Essa esperança é para todos. Ninguém pode ficar de fora dela. Cabe a Igreja sair pelas estradas do mundo, sair de seu comodismo, levando a Boa Nova da esperança a todos. Não podemos ficar tranquilos com o pensamento de que, depois de dois mil anos, ainda existam povos que não conhecem o maravilhoso amor de Cristo e ainda não ouviram a sua palavra de salvação. Devemos nos revestir da sadia paz inquieta. O Papa Bento XVI, certa vez disse: “Não só, mas aumenta o número daqueles que, embora tendo recebido o anúncio do Evangelho, o esqueceram e abandonaram, já não se reconhecem na Igreja; e muitos âmbitos, inclusive em sociedades tradicionalmente cristãs, hoje são refratários a abrirem-se à palavra da fé. Está em ato uma mudança cultural, alimentada também pela globalização, de movimentos de pensamento e de relativismo imperante, uma mudança que leva a uma mentalidade e a um estilo de vida que prescindem da Mensagem evangélica, como se Deus não existisse e exaltam a busca do bem-estar, do lucro fácil, da carreira e do sucesso como finalidade da vida, inclusive em detrimento dos valores morais.” A missão necessária da Igreja passa por todos esses desafios. Não é uma missão arrumadinha, livre de desconfortos.
A esperança de Cristo deve mover nosso caminhar pelas estradas missionárias do mundo. Devemos carregar a firme convicção de que a esperança é a resposta doada ao nosso coração inquieto, quando brota em nós a pergunta absoluta: “Que será de mim? Qual é a meta da viagem? Qual é o destino do mundo?”. Nestes questionamentos vemos claramente o grande objetivo do anúncio do Evangelho de Cristo: preparar este mundo para unir-se, um dia e para sempre, ao mundo celeste de Deus. Aqui não cabe uma espécie de desprezo ao mundo que habitamos, ao contrário, Deus quer abraçá-lo e dá-lo o seu lugar na eternidade.
Este mundo e suas relações têm a bonita vocação de caminhar para Deus. Não vivemos num caminhar para o nada. Cristo nos prometeu: “eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”. Queremos nos apoiar sempre nessa promessa de esperança. Acreditamos que Cristo caminha conosco. Não nos deixa entregues a nós mesmos.
Que a Virgem Santíssima, mãe da mais alta esperança que é Cristo, caminhe com a Igreja pelas estradas do mundo, ajudando-nos a plantar sementes de esperança, principalmente, nos lugares mais sombrios e cheios de tristeza. E que jamais nos falte a disposição para encher esse mundo com a presença de Deus. E que o jubileu da esperança, que se avizinha, cultive gestos concretos em todos os lugares.