Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap. Arcebispo Metropolitano da Paraíba
A Igreja está vivendo, atualmente, um tempo de motivação sinodal. Todos, juntos, batizados, sejam fiéis ou clérigos, estão empenhados na busca do mesmo compromisso de continuar a missão de Cristo neste mundo que passa por tantas mudanças rápidas. Estamos num tempo de muitas graças!
A chamada missionária é constitutiva do ser cristão. Não se pode pretender o Evangelho de Cristo ausentando-se da atividade missionária da Igreja no mundo.
O mês de outubro é na Igreja um tempo especial para meditar mais sobre o nosso batismo e o envio no coração do mundo. Somos chamados a esse empenho missionário com o tom de sinodalidade e esperança.
Diante de um mundo tão pluralizado, será que ainda devemos anunciar a a mensagem salvadora de Jesus Cristo? Será que não estaríamos ferindo a quem diz não querer receber o anúncio do Evangelho? Um dos documentos do Concílio Vaticano II é muito claro sobre a urgência da propagação do Evangelho a todos os homens e mulheres: “A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser ‘sacramento universal de salvação’, por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. Já os próprios Apóstolos em que a Igreja se alicerça, seguindo o exemplo de Cristo, ‘pregaram a palavra da verdade e geraram as igrejas’. Aos seus sucessores compete perpetuar esta obra, para que ‘a palavra de Deus se propague rapidamente e seja glorificada’ (cf. 2 Tess. 3,1), e o reino de Deus seja pregado e estabelecido em toda a terra” (cf. Ad Gentes, n. 01). O dever missionário nunca é um peso para os cristãos, mas um apostolado que perpassa toda a vida. Somos missionários em todos os momentos! O que move nosso esforço missionário é o amor que nutrimos pelo Senhor e pela salvação de todos os homens. Um dever que é fruto do amor!
O Papa Francisco, que tanto tem nos chamando para a missão da Igreja no mundo, em sua recente mensagem para as Missões disse: “A missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Por isso, a Igreja continuará ultrapassando todo e qualquer limite, saindo incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor”. Ir ao coração dos homens, eis o permanente apelo!
O mundo dos homens deve ser evangelizado com o olhar amoroso de Deus. A Igreja não anuncia a si mesma e nem o seu próprio olhar; ela foi encarregada de apresentar Jesus e Sua Salvação. Para tal, devemos levar a peito aquilo que o Papa nos pede constantemente: “uma Igreja em saída até aos extremos confins requer constante e permanente conversão missionária. Quantos santos, quantas mulheres e homens de fé nos dão testemunho, mostrando como possível e praticável esta abertura ilimitada, esta saída misericordiosa ditada pelo impulso urgente do amor e da sua lógica intrínseca de dom, sacrifício e gratuidade (cf. 2 Cor 5, 14-21)”.
Que a Virgem Santíssima, mãe missionária, interceda por toda a Igreja para que tenhamos a prontidão e o ardor missionário, levando o anúncio do Evangelho de Cristo a todos os povos e lugares.