No Evangelho deste domingo, o V do Tempo Comum na liturgia da Igreja, Nosso Senhor nos faz uma chamada muito desafiadora, Ele nos diz: “Vós sois o sal da terra… vós sois a luz do mundo” (Mt 13,14). São palavras divinas que vem ao encontro da nossa fraqueza humana. Talvez, muitos de nós, não nos sentimos aptos para corresponder a essa chamada. Contudo, trata-se de um chamado divino que nos vem pela graça batismal. Com Jesus, somos continuamente enviados para ser sal na terra e luz no mundo.
E de que forma o sabor da vida cristã pode ajudar a temperar o mundo? Através do testemunho silencioso. Estamos nos acostumando com a ditadura do barulho. Atualmente, vale mais quem faz mais ruído. Na lógica histórica do Evangelho, o sabor do testemunho silencioso, que é o sal na terra, tem maior poder de fecundação. Os frutos deste são capazes de atraírem nossas pessoas para Cristo. Vejamos o testemunho dos santos ao longo da história da Igreja. Eles são como indicativos na nossa travessia no coração do mundo: “ Os santos são como as estrelas suspensas sobre o horizonte da nossa história, das quais parte uma e outra vez um raio de luz que atravessa as nuvens e escuridões do nosso tempo e nos traz um pouquinho da claridade de Deus” (Cardeal Joseph Ratzinger, 1993). Não testemunhamos sozinhos, temos os santos da Igreja como nossa grande família.
No discipulado de Jesus, a Igreja é chamada a agir com testemunho silencioso e com amor comprovado a Cristo. A secularização, acentuada nos dias atuais, nos assusta e nos causa preocupação. O mundo está cada vez mais se afastado da verdadeira fé. Nossas igrejas têm perdido fiéis, e isso deve gerar uma sadia inquietação no coração da Igreja. Mas, é verdade também que, temos de aprender a suportar que a Igreja não passe de um grão de mostarda. Talvez tenhamos que aceitar aquela dinâmica escondida na parábola do Reino de Deus como um fermento que age com silêncio. Não podemos aceitar uma igreja que apresente uma fé de espetacularização em nome do arrebanhamento de mais fiéis. Jamais! A Igreja de Cristo precisa, em qualquer tempo e lugar, de homens e mulheres que estejam dispostos a testemunhá-lo, ainda que tenham que atravessar pelo injusto “martírio da ridicularização” por causa da fé.
Ser sal da terra e luz no mundo é estar decididamente disposto a esse martírio. Não devemos temer, pois o Senhor, a Luz do mundo, caminha a nossa frente. A fé exige esse compromisso com Jesus que caminha nas estradas dolorosas do mundo: “O discípulo de Jesus é luz quando sabe viver a sua fé fora dos espaços restritos, quando contribui para eliminar preconceitos, para eliminar calúnias e para fazer entrar a luz da verdade nas situações corrompidas pela hipocrisia e pela mentira. Fazer luz. Mas não se trata da minha luz, é a luz de Jesus: nós somos instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos” (Papa Francisco)
Com a Virgem Maria, tenhamos o nosso testemunho junto a Jesus e ao coração do mundo. Que as mãos maternais de Maria, nos ajude a fazer luz em todos os lugares que carecem do amor luminoso do Senhor.