Existe uma terra que Deus quer plantar!

Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap

O Papa Leão nos ensinou recentemente que Deus não espera que a terra do nosso coração esteja perfeitamente preparada para receber a semente de Sua Palavra. Ele sempre a oferece: “Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora somos mais superficiais e distraídos, ora nos deixamos levar pelo entusiasmo, ora somos oprimidos pelas preocupações da vida; mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que, mais cedo ou mais tarde, a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, mas nos dá sempre, generosamente, a Sua Palavra.”

       Estamos iniciando o Mês da Palavra de Deus. Ela deve ocupar o lugar central em nossas vidas. “A Bíblia não é uma seleção de histórias antigas e bonitas, mas, pela Palavra de Deus, a luz veio ao mundo e nunca mais se apagou.”

Esta frase do Papa Francisco revela de forma precisa o significado dos relatos bíblicos: a aliança de amor profundo de Deus com os homens e mulheres. As Sagradas Escrituras contêm a Palavra de Deus, o Verbo que se fez carne. A carne de Deus, historicamente, sempre se aproxima da carne dos homens. Do começo ao fim, a Bíblia narra o encontro da vida de Deus com a vida dos homens que jaziam nas trevas.
O cristão deve ter essa Palavra , que é eterna e imutável, como o caminho fundamental da vida. Não vivemos sem Deus! E a terra do nosso coração deve permanecer sempre preparada para acolher o Evangelho de Cristo. Diante das muitas dificuldades que enfrentamos, o amor e a amizade com a Palavra de Deus fazem toda a diferença.
Na Quaresma de 2017, o Papa nos disse algo muito significativo: “Se tivéssemos a Palavra de Deus sempre no coração, nenhuma tentação poderia nos afastar de Deus e nenhum obstáculo poderia nos desviar do caminho do bem.” Quem se alimenta frequentemente da Palavra de Deus sabe que Ele nunca nos abandona. Ao meditarmos os Salmos, percebemos o quanto Deus e Sua Palavra nos sustentam. Somos constantemente protegidos por Seu amor de Pai. Contudo, essa proteção não nos infantiliza, como se fôssemos apenas vítimas da vida. Não! Deus nos protege com amor paterno que nos lança à existência, em seus muitos momentos felizes e desafiadores. Assim deve ser a vida cristã!
Neste mês de setembro, a sociedade civil convoca todos para o compromisso de combate ao suicídio. Vivemos uma grave crise de saúde mental. Para a Igreja, é dever ajudar as pessoas, também com o apoio da ciência, quaisquer que sejam seus sofrimentos. O suicídio é uma dor que infelizmente se alastra em todas as camadas sociais. Muitos enxergam no apagar das luzes da vida a única saída. Devemos nos comprometer a ajudar essas pessoas que perderam o sentido da existência: encaminhá-las ao tratamento psicológico e também conduzi-las ao encontro com a Palavra de Deus, fonte que nos revigora. Uma pessoa que pensa no suicídio não significa, necessariamente, que não acredita em Deus. Ela precisa de ajuda. O caminho da fé e da terapia, trilhado junto com irmãos, é sim uma via de esperança.
Que Nossa Senhora, a Boa e Santa Mãe, que se alimentou continuamente da Palavra de Deus, nos auxilie a enfrentar as dores dramáticas desta vida.