Diácono Marcos Gayoso. AVE MARIA

Diácono Marcos Gayoso

Para nós, de origem latina, a figura materna é importante. Temos na mãDepois da oração do Pai Nosso, a oração da Ave Maria é a mais recitada pelos cristãos católicose a intercessora de nossas necessidades. Quem nunca disse para a sua mãe, “mãe, pede ao pai para eu…”. Inclusive temos um adágio que diz, “pede à mãe que o Filho atende”!

A oração da Ave Maria pode ser dividida em duas partes. Na primeira, temos as palavras do arcanjo Gabriel e de Isabel. Na segunda, nossa petição para a intercessão de Maria.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. No evangelho de Lucas, lemos: “Alegre-se cheia de graça, o senhor está com você” (Lc 1,28b). O anjo reconhece que a graça de Deus está com Maria, e por isso, ela deve se alegrar.

Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Após o anúncio de que Isabel havia concebido na velhice, e que já estava no sexto mês de gestação, Maria partiu ao encontro de Isabel. Ao avistar Maria, Isabel exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre”! Lucas narra que Isabel pode fazer essa saudação porque a criança que ela trazia no ventre vibrou de alegria ao ouvir a voz de Maria. Quantas pessoas vibram com a nossa presença?

A segunda parte da oração está relacionada com a intercessão de Nossa Senhora por nós junto ao Filho.

Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Maria é santa. E o é porque assumiu na sua vida a vontade de Deus. Entregou-se de corpo e alma a missão que Deus Pai (o Pai Nosso) lhe havia reservado. Não hesitou. Disse, “Faça-se em mim segundo a tua palavra”!

Ela roga por nós como rogou pelos noivos nas Bodas de Caná, “Eles não tem mais vinho”. E apontou aos servos o que deveriam fazer, “façam o que ele mandar”.

Maria intercede por todos os que necessitam serem perdoados por Jesus. Ela é nossa intercessora. Ela está, sempre junto do Filho, a olhar por nós e por nossas necessidades, seja nessa vida, seja na hora da morte, tal como uma mãe atenta.

A oração da Ave Maria deve nos remeter a vida de Nossa Senhora, mãe de Jesus. Deve nos recordar tudo que seja referente à nossa salvação, realizada por Jesus.

O Concílio da Calcedônia (451 d.c) declarou que Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus (Concílio da Calcedônio 451 d.C.), a humanidade de Jesus foi transferida por Maria. E sua divindade, pelo Espírito Santo. Aos Filipenses, Paulo disse: “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”!

A humanidade de Maria, sua vida, seu sim, sua trajetória dentro da história da salvação é o que mais se aproxima da perfeição humana. Ao invocarmos Nossa Senhora, busquemos, como ela, dizer, “faça-se em mim segundo a vossa palavra”.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

Pai Nosso

No evangelho de Mateus, a oração do Pai Nosso está inserida dentro do chamado Sermão da Montanha. Os teólogos biblistas definem o Sermão da Montanha como o programa de vida de Jesus e, por consequência, o programa de vida dos cristãos.

A oração do Pai Nosso é precedida de algumas instruções prévias. Primeiro, Jesus alerta seus discípulos para que não sejam hipócritas como os fariseus, que têm uma prática religiosa exterior para serem visto pelos outros (Mt 6,1). Em seguida, Ele nos alerta como devemos agir para o com o próximo. Nossas ações de caridade não devem ser alardeadas. Terceiro, como devemos nos relacionar com Deus Pai. Neste ponto, Jesus nos ensina a oração do Pai Nosso. Sabemos de cor essa oração.

Pai Nosso que está nos céus. Assim começamos. Olhar para Deus como Pai, e não como juiz. Um Pai que é de todos, criando a ideia de que somos irmãos, pois temos Deus como Pai de todos. Estar nos céus não significa estar distante das realidades humanas. Estar nos céus lhe dá a capacidade de ver tudo de uma forma mais ampla, universal.

Santificado seja o vosso nome. Santificar o nome de Deus significa dar-lhe a reverência devida e necessária. O nome de Deus é santo, se é santo, e ele é Pai Nosso, somos santos em nome de Deus. Portanto, devemos ser “santos como o vosso Pai é santo” (Mt 5,48).

Venha a nós o vosso Reino. O Reino de Deus se concretiza de várias formas no meio de nós. Esse Reino não tem famintos, sedentos, nus, doentes, encarcerados, peregrinos (Mt 25,31ss). Esse Reino é dos que são Bem-aventurados (Mt 5,1ss). O Reio de Deus começa a ser forjado aqui na terra.

Seja feita à vossa vontade, assim na terra como no céu. Jesus disse, “buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será dado” (Mt 6,33). E ainda, “Aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmã, minha irmã, e minha mãe” (Mt 12,49-50).

O pão nosso de cada dia nos dai hoje. O pão é a representação do alimento. Nenhum filho do Pai Nosso pode passar fome. Os discípulos não podem ver alguém com fome e virar as costas para o necessitado (Tg 2,14-17).

Perdoai as nossas ofensas (dívidas), assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido (nos deve). Todos nós temos uma dívida com Deus quando pecamos. Mas, Deus está disposto a nos perdoar essa dívida; e o perdão completo se dá quando perdoamos aqueles que cometeram contra nós alguma ação não condigna com a fé.

Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. A vivência humana de Jesus deu-lhe a experiência de que a vida humana é feita de momentos de tentação (Mt 4,ss). Além disso, Ele sabe que o mal nos ronda, é quer nos afastar de Deus, de seu Reino, de sua justiça. Jesus disse a Pedro que intercedeu por ele para que Satanás não o peneira-se (Lc 22,31ss).

No evangelho de Mateus a conclusão do Pai Nosso diz: “de fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que está no céu também perdoará a vocês. 15 Mas, se vocês não perdoarem aos homens, o Pai de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito” (Mt 6,14-15).

No último versículo do evangelho de Mateus, Jesus ordena que os discípulos partam em missão e que ensinem a todos a “observar tudo o que ordenei a vocês”. E a ordem está elencada na oração do Pai Nosso. Assim, conseguiremos ser perfeitos como o Pai do céus é perfeito (Mt 5,48).


Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

ESPIRITUALIDADE

Podemos definir Espiritualidade como sendo entre a pessoa humana e a divindade. No nosso caso, a relação entre ser humano e Deus. Ela se desenvolve mediante práticas religiosas e devocionais concretamente. A espiritualidade é vivida através da leitura e meditação da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos, e oração.


A Espiritualidade cristã católica visa a transformação interior da pessoa em vista de uma dimensão comunitária, pois a fé é vivida em comunidade e em serviço dos outros.

O Concílio Vaticano II tratou a espiritualidade de uma forma mais ampla. Enfatizou a santidade universal. Para o Concílio, os cristãos são chamados a viver uma vida de santidade e intimidade com Deus.

A Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG Luz dos Povos), que trata sobre a Igreja, afirma que “todos na Igreja, quer pertença a hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade” (cf. 1 Tes 4,3; Ef 1,4). E acrescentou que essa santidade “manifesta-se nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis; exprime-se de muitas maneiras em cada um daqueles que (…) tendem à perfeição da caridade, com edificação do próximo; na prática dos conselhos evangélicos, a fim de levar o ao mundo um admirável testemunho”.

O segundo ponto a destacar é a participação nos Sacramentos, em especial na Eucaristia.

A leitura e a meditação da Sagrada Escritura são vistos como fonte essencial para a vida espiritual. Assim, a leitura e meditação das escrituras ajudam os fiéis a conhecer e seguir a vontade de Deus.

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes (alegrias e esperanças) sobre a Igreja no mundo, indica que a espiritualidade é vivida em comunhão com outros cristãos, reconhece a importância da Igreja como comunidade de fé.

O Concílio Vaticano II destacou que a espiritualidade deve incluir um engajamento ativa no mundo, trabalhando pela justiça, paz e bem comum, integrando a fé com a vida diária e as responsabilidades sociais.

A espiritualidade católica inclui o respeito e o diálogo com outras tradições religiosas e com as pessoas, promovendo a unidade e a compreensão
Esses elementos refletem uma Espiritualidade que é tanto pessoal quanto comunitária, contemplativa e ativa, enraizada na tradição e aberta ao mundo.

Nosso modelo de vivência da Espiritualidade é o próprio Cristo que soube ouvir e meditar a palavra de Deus e ir ao encontro dos que necessitavam da misericórdia de Deus.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

GESTOS E POSIÇÕES DO CORPO NA SANTA MISSA

Muitas vezes, as pessoas se aproximam dos diáconos ou padres e perguntam: “na missa, pode fazer assim”? Para responder essa pergunta vou recorrer à Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), principalmente nos número 42, 43, 44.

A IGMR alerta sobre os gestos e disposições do corpo, tanto do sacerdote como do diácono, ministros e povo em geral. Afirma a IGMR, “os gestos e posições do corpo (…) devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade (grifo meu)”, isso para que “se compreenda a verdadeira e plena significação de suas diversas partes e se favoreça a participação de todos”. Além disso, essas diretrizes servem para contribuir “para o bem espiritual do povo de Deus, do atender ao seu próprio gosto e arbítrio”.

A IGMR alerta para que “a posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes”.

Basicamente, existem três predisposições corporais durante a santa Missa: sentados, de pé, e de joelhos.

A posição de pé deve ser observada desde a entrada da procissão inicial (seja ela simples ou solene) até a conclusão da oração da coleta inclusive. No canto de aclamação ao evangelho, e durante a sua proclamação; enquanto se reza a profissão de fé (Creio) e a oração universal (preces). E do convite Orai irmãos antes da oração sobre as oferendas até à comunhão.

A posição de sentados deverá ser observada nos seguintes momentos: durante as leituras que precedem o Evangelho; na recitação do salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação das oferendas; e após a comunhão, quando se deve observar, também, o silêncio sagrado (grifo meu, sobre o silêncio falaremos mais adiante).

A posição ajoelhada. Deve ser observada durante a consagração (a não ser que haja algum impedimento). Aos que não podem ajoelhar-se nessa hora, “façam uma inclinação profunda enquanto o sacerdote se ajoelha”. Após a consagração não deve existir nenhum tipo de música.

A IGMR acrescenta como gesto as “ações e as procissões realizadas pelo sacerdote com o diácono e os ministros ao se aproximarem do altar; pelo diácono antes da proclamação do Evangelho ou ao levar o Livro dos Evangelhos ao ambão, pelos fiéis, ao levarem os dons e enquanto se aproxima da Comunhão”.

Por último, não por ser de menor importância, mas pelo valor litúrgico que tem, o silêncio (grifo meu). O IGMR alerta-nos que “deve-se observar o silêncio sagrado”. Enumera alguns momentos para isso: no ato penitencial, após o convite à oração; após as leituras e homilia; após a comunhão, para que possam louvar e rezar a Deus no íntimo do coração.

Lembre-se, “nem tudo que é bonito, ou o povo gosta, é litúrgico. Mas toda a liturgia é bonita”.

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

O CULTO DO MISTÉRIO EUCARÍSTICO

Em 1975 a Sagrada Congregação (hoje Dicastério) para o Culto Divino aprovou os Ritos da Sagrada Comunhão e do Culto Eucarístico fora da Missa.

Segundo o documento, a conservação da Sagrada Comunhão deve servir para que os fiéis que não puderam participar da missa, sobretudo os enfermos e os idosos, se unam pela comunhão sacramental ao sacrifício de Cristo, imolado na Missa.

Além disso, tornou-se costume o culto de adoração ao Santíssimo Sacramento. Este culto se apoia “em fundamentos válidos e firmes e publicamente”.

O Culto Eucarístico fora da Missa foi regulamentado pela autoridade eclesiástica, neste caso pelo Papa São Paulo VI. Esse direcionamento visa dar o valor necessário ao que é celebrado na Santa Missa, fonte de toda vida cristã, e local próprio dessa adoração.

Conforme lemos na parte segunda, das Finalidades da conservação da Eucaristia, a “finalidade primária e primordial de conservar a Eucaristia fora da Missa é a administração do Viático; são fins secundários a distribuição da comunhão e a adoração de nosso Senhor Jesus Cristo presente no Sacramento”.

Ainda sobre o mesmo assunto, a Congregação para o Culto, destacou as “Normas para a Exposição”.

O Rito esclarece que existe a Exposição prolongada e a Exposição breve. Quanto a Exposição breve, afirma que sejam “organizadas de tal modo que, antes da bênção com o Santíssimo Sacramento, se dedique tempo conveniente à leitura da Palavra de Deus, a cantos, preces e à oração silenciosa prolongada por algum tempo”. E acrescenta, “proíbe-se a exposição feita unicamente para dar a bênção”.

Quanto ao ministro da exposição da Santíssima Eucaristia, afirma-se que o “ministro da exposição do Santíssimo Sacramento é o sacerdote ou o diácono que, no fim da adoração, antes de repor o Sacramento, abençoa o povo”.

Sobre a adoração, esclarece que “durante a exposição, as orações, cantos e leituras devem ser organizados de tal modo que os fiéis, recolhidos em fervorosa oração, se dediquem ao Cristo Senhor”. E acrescenta que, “para favorecer a oração interior usar-se-ão leituras da Sagrada Escritura com homilia ou breves exortações que despertem maior estima pelo mistério eucarístico”. E mais, “é conveniente que em momentos apropriados se guarde um silêncio sagrado” (grifo meu).

Da próxima vez que sua comunidade for organizar um momento de culto à Sagrada Comunhão, lembre-se de duas regras básicas: primeira, escolha textos da Sagrada Escritura que motivem a oração pessoal. Segundo, observe um momento de silêncio, de preferência de cinco a dez minutos.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

IMITAÇÃO DE CRISTO

Esse livro, do século XV, por volta do ano 1440, foi leitura espiritual de muitos místicos medievais. Foi motivador de mudança de vida de muitas pessoas que viviam apenas para as chamadas coisas do mundo. Santo Inácio de Loyola foi um dos seus leitores e propagador dessa leitura. Ele registrou na sua autobiografia que a leitura e meditação desse livro ajudou na sua conversão.


O livro está dividido em quatro partes, denominadas “Livro”. No “Livro I” o autor trata de “Avisos úteis para a vida espiritual”; o “Livro II” trata da “Exortação à vida interior”; No “Livro III”, “Da consolação interior”; e por último, “Livro IV”, “Do Sacramento do Altar”.


Quase seiscentos anos nos separam da primeira edição desse livro. As traduções atuais tomaram o cuidado de fazer pequenas “correções” nos sentidos das palavras, procurando adaptar ao nosso linguajar atual. Isso não tirou a profundidade e a qualidade espiritual desse livro. Muitos o consideram o quinto evangelho.

No século XVI, o cardeal Henrico Henriques deixou algumas recomendações para a leitura espiritual da Imitação de Cristo.

Primeiro, devemos dispor de um tempo regular no dia para a sua leitura. Ou seja, fazer a leitura sempre no mesmo horário.

Segundo, antes da leitura, elevar o coração a Deus, fazer uma oração preparatória. Pedir a Deus que ele mesmo nos fale, ao invés dos homens.

Terceiro, ler atentamente, de forma pausada. Reler o que mais lhe chamou atenção.

Quarto, criar um espírito afetuoso com a leitura, ou seja, deixar-se envolver com o coração.

Quinto, ao término da leitura, elevar o espírito a Deus através de uma oração breve. Agradecer pela semente lançada com a leitura feita.

Em tempos em que buscamos procurar fazer a vontade de Deus. Em tempos que, muitas vezes, nos distraímos com tantas palavras multiplicadas por muitos pregadores, dedicar um tempo a uma boa leitura espiritual que nos aproxima de Cristo é uma boa oportunidade para darmos ouvido ao que nos disse Maria, mãe de Jesus, “fazei tudo o que ele vos disser”.

A Imitação de Cristo pode ser baixado em alguns sites especializados. Ou, pode-se comprá-lo em qualquer livraria católica, ou nos sites de venda der livros.

Faça uma boa leitura espiritual. Procure conformar sua vida à vida do Cristo.
Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

SANTOS JUNINOS

Ao iniciarmos o mês de junho, o povo brasileiro faz memória de três santos importantes para a nossa fé, Santo Antônio, São João Batista e São Pedro (e esquecem de São Paulo). Santo Antônio é lembrado no dia 13 de junho. São João Batista, 24 de junho. E São Pedro, juntamente com São Paulo, no dia 29 de junho. É bom, para a nossa fé, conhecermos o mínimo da história e devoção desses santos.

São João. É um personagem importante. Foi um pregador itinerante na região do Rio Jordão. Anunciou a vinda do messias, e, quando o viu a seus discípulos, “eis o cordeiro de Deus”.

O historiador romano Flávio Josefo registrou que o governador Herodes Antipas temia que a grande influência de João sobre o povo pudesse levantar uma revolta. Isso acabou levando à execução do santo, com sua decapitação.

Santo Antônio. Viveu há apenas 800 anos de nossa era. Era de família rica, o que nos ajuda em encontrar mais registros de sua vida Nós o conhecemos tanto pelo local de nascimento (“de Lisboa”) como de morte (“de Pádua”).

Foi missionário na África, mais precisamente em Marrocos, pois fora membro da Ordem dos Pregadores. Entretanto, nesta cidade adoeceu, teve que regressar para Europa. Conheceu a ordem dos Franciscanos, a qual abraçou com muito amor e carinho. A vida e os ensinamentos de São Francisco o contagiaram. Foi contemporâneo de São Francisco.

Antônio tinha uma rara inteligência, e fora um bom pregador. Esteve na Itália e na França. As histórias desse santo nos leva a uma profunda espiritualidade antonina, que se revela na pregação, na caridade, no estudo. Morreu em 1231. E em 1232 foi canonizado.AnselmGrün, monge beneditino alemão afirmou que “Antônio é, de todos os santos, possivelmente o mais amado pelo povo”.

Pedro, no cristianismo, é um dos pilares da Igreja. Ao lado do irmão André, tornou-se um dos apóstolos de Jesus.

De acordo com as primeiras crônicas cristãs, Pedro fundou a Igreja de Antioquia, na atual Turquia, e de lá viajou para difundir o movimento na capital do Império Romano, ao lado de Paulo. Bispo de Roma, Pedro é considerado o primeiro papa, embora essas hierarquias não existissem no século 1º d.C. “Chamar Pedro de ‘bispo de Roma’ é um anacronismo: o conceito de um único indivíduo presidir a comunidade cristã local não surgiu durante a vida de Pedro nem com seus imediatos sucessores”, lembra Michael Walsh, autor de diversos livros sobre a história da Igreja, no “Dicionário de Papas”.

Apesar da falta de evidências, é provável que Pedro tenha sido martirizado em Roma na época do imperador Nero, que teria culpado os cristãos pelo incêndio que devastou a cidade no ano 64. Para a tradição católica, Pedro foi crucificado de cabeça para baixo na colina onde hoje fica a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Ao celebrarmos esses santos, recordemos que todos deram a vida pela propagação do evangelho de Jesus Cristo. E deixaram-se consumir pelo amor a Jesus.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

RAINHA DO CÉU

Resta-nos três dias para o fim do mês de maio. Em geral, nossas comunidades cristãs católicas tem a prática de realizar uma ação devocional da Coroação de Nossa Senhora.

A história registra que os reis e rainhas eram escolhidos por Deus para se preocuparem com o povo, principalmente com os mais pobres. Claro que sabemos que nem sempre foi assim.

Ao transferirmos para Maria, mãe de Jesus, o título de rainha,manifestamos o desejode sermos cuidados por ela. A coroação reflete as próprias palavras dela que disse: “doravante as gerações me chamarão bem aventurada”.

Àquela que damos o título de Rainha, e a coroamos, vemos que seu olhar sempre se entendeu aos mais pobres. Ele percebeu isso na ação de Deus na história quando a escolheu para ser a mãe do seu Filho.

A realeza de Maria se expressou no serviço, partiu imediatamente para a casa de Isabel. A sua realeza a fez reconhecer que o todo poderoso teve uma olhar misericordioso para ela.Que Deus vê nos pobres a realização das promessas messiânicas. A nobreza dedicada a Maria, a levou a proclamar que Deus sacia de bens os famintos, exalta os humildes, e que despede os ricos de mãos vazias e derrubada do torno os poderosos, ou seja, aqueles que maltratam o povo de Deus.

Vamos encerrar o mês de maio. Mas fiquemos com o exemplo dessa mulher que, mesmo na tenra idade da juventude, soube entregar-se a Deus para que se concretizasse a sua ação salvadora na história da humanidade.

Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DOGMAS MARIANOS

Aproveito o mês de maio para falarmos das verdades de fé (dogmas) que a Igreja Católica Apostólica Romana proclamou sobre a realidade de Maria, mãe de Jesus.

Até hoje, existem apenas quatro dogmas sobre Maria: Maternidade Divina (mãe de Deus), Virgindade Perpétua (Maria é virgem antes, durante e depois do parto), a Imaculada Conceição (concebida sem o pecado original), Assunção de Maria aos Céus (foi assunta de corpo e alma).

Antes de refletirmos sobre cada uma dessas verdades de fé, é importante que saibamos o que são dogmas. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “dogmas são luzes no caminho da nossa fé: iluminam-no e tornam-se seguro” (89). Assim, uma verdade de fé proclamada pela Igreja está amparada pela Sagrada Escritura ou na tradição da Igreja.

A Maternidade Divina de Maria. Este dogma foi o primeiro a ser declarado pela Igreja no concílio de Éfeso, no ano de 431. Ele afirma que “aquele que ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus” (Catecismo 495).

A Virgindade Perpétua de Maria. O Concílio de Trento declarou no ano de 1555 que Maria manteve-se virgem antes, durante e após o parto. Tomando por base São Gregório Magno, temos que da mesma maneira que “Jesus, depois da ressurreição, entrou na sala onde eles estavam reunidos a portas fechadas, Ele também entrou no seio de Maria com as portas fechadas. Assim como a luz passa pela vidraça sem a quebrar, Deus passa sem romper a vidraça.” E destacou as palavras de Isaias (66) que disse que uma mulher, antes de sentir as dores do parto, deu a luz. “Se ela não sentiu dores do parto, é porque não houve rompimento, não houve nada que causasse dor, então o parto foi divinal”.

A Imaculada Conceição. Maria foi concebida sem o pecado original. Esse dogma foi proclamado pelo papa Pio IX em 1854. Diferentemente de nós, Ela foi concebida sem a mancha do pecado original. Se haveria de ser a mãe de Deus, nada mais justo que fosse preservada do pecado original.

A Assunção de Maria, quando foi elevada aos céus. Esse dogma está mais próximo de nós, ele é datado de 1950, e foi proclamado pelo Papa Pio XII. Esse dogma afirma, de forma simples, mas cheio de fé, e confiança na providência divina, que “a Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

Essas são as verdades de fé que falam de Maria, mãe de Jesus as quais não nos cabe duvidar ou questionar. As outras práticas marianas que temos são devoções pessoais. Em nada anulam os dogmas aqui apresentados.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

“MEU ESPÍRITO SE ALEGRA EM DEUS ME SALVADOR”!

Uma das mais belas orações feitas por Maria, mãe de Jesus, é o Magnificat. Lucas fez uma compilação de várias passagens do primeiro testamento e compôs essa oração.

A minha alma engrandece ao Senhor e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador; pois ele viu a pequenez de sua serva, desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.

O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam; demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos; derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou; de bens saciou os famintos, e despediu, sem nada, os ricos.

Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.

Por essa oração, notamos o quanto nossa Senhora era uma mulher conectada ao sofrimento de seu povo. E como ela aguardava a manifestação poderosa de Deus em favor de seu povo, tal como os hebreus escravos no Egito.

Nos quatro primeiros versículos, Ela fez uma oração de louvor a Deus, reconhecendo sua grandeza. Seu poder. E o quanto isso a deixou alegre e confiante.

Em seguida, nos apresenta como será a intervenção de Deus na história. Ele dispersa os orgulhosos, derruba dos tronos os poderosos, despede os ricos de mãos vazias. Exalta os humildes, sacia a fome dos famintos. E, no seu imenso amor, acolheu seus servos, conforme a promessa que havia feita.

Nossa Senhora nos convida a sermos mulheres e homens do nosso tempo. Reconhecendo as necessidades dos pobres. E nos ensinando a como dar glórias a Deus nas obras de caridade.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

“EIS AÍ A SUA MÃE”!

Todos nós conhecemos essa passagem. Ela é a fundamentação bíblica para a nossa devoção à Maria, mãe de Jesus.

Iniciamos o mês de maio, dedicado à Mãe de Jesus, Maria.

Uma brevíssima explicação dessa devoção especial à Maria nesse mês. Segundo uma antiga tradição grega, maio era dedicado a Artemis, deusa da fecundidade.E na tradição romana, a Flora, deusa da vegetação. Portanto, tanto para os gregos, como para os romanos, já havia uma celebração no mês de maio para essas duas deusas. Maio é o fim do inverno europeu, e início da primavera. Por isso, a referência à fecundidade, e às flores.

Os evangelistas Mateus e Lucas citam Maria, mãe de Jesus, em várias passagens da vida de Jesus. Marcos faz poucas referências. E João a coloca aos pés da cruz.

Maria era uma mulher de seu tempo. Sofria as dores do seu povo. Passava as mesmas necessidades que as mulheres de seu tempo. Porém, aguarda com alegria a vinda do messias. E ao receber a mensagem do anjo, extasiada com tal anúncio, ela pergunta como isso aconteceria. A resposta, já sabemos. “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Uma das características de Maria é ouvir a palavra de Deus e a colocá-la em prática, imediatamente. Pois foi o que fez ao saber que Isabel estava grávida também.

Maria tornar-se para nós modelo de escuta, de serviço, e de disponibilidade. É modelo de fé. Mesmo não sabendo como as coisas aconteceriam, ela se abre a ação de Deus, através do Espírito do altíssimo. Por isso, o “fiat”, faça-se. Ela é símbolo da fertilidade da fé. Da geração da vida nova em Cristo.

Aproveitemos esse mês de maio, e nos dediquemos a olharmos para nós, e nos perguntarmos, eu assumo a vontade de Deus em minha vida? Mesmo não sabendo como as coisas acontecerão, eu digo “faça-se em mim segundo a tua vontade”?

Maria nos abençoe, e nos abra o coração para acatarmos o chamado de Deus para a missão.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIACONATO PERMANENTE. (parte III)

Continuamos a série sobre o Diaconato Permanente. No artigo de hoje, vamos, brevemente, discorrer sobre os três munera(tarefa) dos diáconos: munusdoceni, munussantificandi, munusregendi.

Quanto aomunusdocendi,o diácono é chamado a dar os ensinamentos necessários da fé. Ao proclamar a Palavra de Deus e instruir e exortar o povo, ele exerce o ministério da pregação.

Já o munussantificandi, o diácono é chamado a rezar a oração das horas pelo povo e com o povo. Ele administra solenemente o Batismo, como ministro ordenado; é responsável pela conservação e administração da Eucaristia; assiste aos matrimônios; preside ao rito funeral e da sepultura, além de administrar os sacramentais.

O munusregendi, ele o exerce nas obras de caridade e de assistência, na administração de comunidades ou setores da vida eclesial, especialmente no tocante a caridade.

Esses três munerafazem parte do processo formativo do diácono permanente, e são aprofundados dentro de cinco dimensões: humano-afetiva; eclesial-comunitária; intelectual; espiritual; pastoral-missionária. Para essa vivência formativa, o encontro pessoal com Jesus Cristo deve ser a base de toda vida do diácono dentro das seguintes perspectivas: a conversão, o discipulado,, a comunhão, a missão (cfDAp 278).

Darei ênfase à dimensão da espiritualidade. O teólogo Karl Rahner declarou: “o cristão do século XXI ou será místico ou não será cristão”. E nos recordou que essa mística não está relacionada com fenômenos parapsicológicos raros, mas “uma experiência de Deus autêntica, que brota do interior da existência”.

A espiritualidade diaconal distingue-se pela espiritualidade do serviço. O modela é Cristo, que se definiu como servo do Pai: Mt 20,28; Lc 22,27. O diácono passa a ser sinal vivo do ser servo. Pela sagrada ordenação, é constituído na Igreja ícone de Cristo Servo.

Portanto, o empenho ascético do diácono “será dirigido a adquirir as virtudes que são requeridas para o exercício de seu ministério” (Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes, pagina 32-33),

No próximo artigo daremos continuidade à Espiritualidade do Diácono, pois, como disse Santo Inácio de Loyola, “não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas sentir e saborear as coisas internamente”.

As referências bibliográficas de hoje são, O Documento 96 da CNBB, Diretrizes para o Diaconato Permanente da Igreja no Brasil e as Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes da Congregação para Educação Católica.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIACONATO PERMANENTE. (parte II)

No meu primeiro texto sobre o diaconato permanente fiz um resgate, breve, da restauração do diaconato na Igreja ocidental.

Hoje, apresento a atuação do pastoral dos diáconos, conforme descrito no documento 96 da CNBB, entre os parágrafos 103 e 109.

Os bispos relembram que no passado havia diaconias e estas eram responsáveis pelas atividades de caridade da Igreja.

Na Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizado em Aparecida-SP, em 2007, o episcopado destacou a “urgente necessidade de criar pequenas comunidades (DAp 178), de renovar modelos de paróquias (DAp 172), de evangelizar novos areópagos, fronteiras geográficas e culturais (DAp 205, 208, 491), surgem, na Igreja do Brasil, diversos tipos de diaconias como resposta aos novos desafios da missão da Igreja” (doc 96,105).

Diante desse novo jeito de evangelização, algumas dioceses recuperaram o espírito das diaconias. Existem, pelo menos, três tipos de diaconias: territorial, setorial, ambiental.

Diaconias territoriais, como o próprio nome indica, está relacionada a “um território para atendimento”. Estas diaconais poderão ter “personalidade jurídica própria, sede e padroeiro” (106)

Diaconias setoriais estão relacionadas ao cuidado de determinadas ações evangelizadoras especializadas: comunicação, cultura, saúde, justiça, política etc. São confiadas a um diácono qualificado profissionalmente em um setor e preparado adequadamente para sua evangelização.

Diaconias ambientais. Diferentemente do que podemos deduzir do nome, as diaconias ambientais estão ligadas diretamente aos “espaços e ambientes da sociedade moderna: colégios, universidades, condomínios, fábricas, bancos etc. Pode ser confiada a um diácono que frequenta esses ambientes com a finalidade de formar pequenas comunidades” (108).

Esses são alguns exemplos da atuação dos diáconos na Igreja do Brasil. Outros modelos podem surgir, vai depender da criatividade e necessidade de cada diocese para que “ajudem a resgatar a identidade da comunidade cristã ‘como aqueles que se amam’” (109).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIACONATO PERMANENTE. (parte I)

Um dos legados do Concílio Vaticano II foi a restauração do Diaconato como grau permanente do sacramento da ordem. Sendo admitido a homens casados. Esse foi um desejo aprovado no concílio de Trento, que só tomou forma no Concílio Vaticano II.

Segundo a Constituição Dogmática Lumen Gentium, que trata da Igreja, lemos que o ministério eclesiástico é exercido em ordens diversas por aqueles que desde a antiguidade são chamados bispos, presbíteros, diáconos. (LG 28).

Aos diáconos são impostas as mãos para o ministério. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus no ministério da Liturgia, da Palavra e da Caridade. É função do diácono,administrar o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimônio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exaltar o povo, presidir o culto e a oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos dos funerais e da sepultura. Em alguns casos, podem exercer a cura das almas, ou seja, direção espiritual (29).

Uma outra fonte sobre o diaconato permanente são As normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes e Diretório do ministério e da vida dos diáconos permanentes, a primeira, da Congregação para a Educação Católica, e a segunda, da Congregação para o Clero.

A Introdução do documento 157, assinada pelas duas Congregações (hoje chamadas de Dicastérios) nos dá uma pista do que é o diaconato permanente. Na abertura eles afirmam que Cristo instituiu na Igreja vários ministérios. Os ministros que tem o poder sagrado servem os seus irmãos para que todos que pertencem ao povo de Deus se orientem livre e ordenadamente para o mesmo fim e alcancem a salvação.

Afirmam que o sacramento da ordem é o sacramento do ministério apostólico. “A ação sacramental da ordenação vai para além de uma simples eleição, designação, delegação ou instituição por parte da comunidade dado que confere um dom do Espírito Santo, que permite exercer um poder sagrado, que pode vir só de Cristo mediante a sua Igreja” (Catecismo 1538).

Nas Sagradas Escrituras, os diáconos recebem uma atenção especial. Olhemos Atos 6,1-6; Fl 1,1; I Tm 3,8-13; I Tm 3,2; Cl 1,7; Ef6,2

O Concílio de Trento já havia disposto para a restauração do diaconato permanente, e deram três razões básicas: a) o desejo de enriquecer a Igreja com as funções do ministério diaconal; b) reforçar com a graça da ordenação diaconal aqueles que já exerciam funções diaconal; c) prover de ministros sagrados as regiões que sofriam de escassez de clero.

O diaconato permanente constitui um enriquecimento importante para a missão da Igreja. Em 1993, São João Paulo II disse: “Uma exigência particularmente sentida na decisão do restabelecimento do diaconato permanente era e é da maior e mais direta presença de ministros da Igreja nos vários ambientes da família, do trabalho, da escola, etc, para além da presença nas estruturas pastorais constituídas”.

O documento 96 da CNBB, que trata sobre o diaconato no Brasil, destaca que o ministério do diácono está definido em três âmbitos: caridade, evangelização, liturgia.

A diaconia da Caridade. “O diácono vai ao encontro das pessoas de qualquer religião ou raça, classe ou situação social, fazendo-se um servidor de todos como Jesus Cristo” (55). O diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos.

A diaconia da Palavra. A ação evangelizadora da Igreja passa pela proclamação da Palavra de Deus. O diácono “transmite à comunidade a Palavra libertadora, da qual ele próprio já experimentou o poder de transformação. Identifica-se com a Palavra anunciada, por ser servidor da Palavra. Anuncia a Palavra de Deus com a autoridade que nasce da familiaridade com o evangelho” (61).

A diaconia da Liturgia. “Existe profunda relação entre Eucaristia e serviço social. O Diácono traz para o altar as oferendas dos fiéis e leva a eles o pão eucarístico. Leva aos doentes o Corpo do Senhor. Seu ministério demonstra que a liturgia e a vida social não são duas realidades justapostas, mas correlatas” (66).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

A IGREJA, O PAPA, E EU

O período pascal nos ajuda a refletirmos sobre nossa fé em Jesus Cristo ressurreto para nossa salvação, e ao mesmo tempo, para meditarmos sobre a Igreja, o Papa e nossa relação com ambos.

Ao falarmos da Igreja, devemos nos remeter ao Concílio Ecumênico do Vaticano II. A constituição dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, tratou de definir como é a Igreja Católica Apostólica Romana. Os bispos refletiram como deveria ser a Igreja a partir daquele momento, e como ela deveria ser vista pelo mundo.

Os bispos destacaram que a “Igreja recebe a missão de anunciar e instaurar em todas as gentes o reino de Cristo e de Deus, e constitui ela própria na terra o germe e o início desse reino” (LG 5,2). E acrescentaram que ela precisa da ajuda humana para cumprir sua missão, e que não “foi constituída para buscar glórias terrenas, mas para evangelizar os pobres… a proclamar e salvar o que estava perdido”.

Para dar prosseguimento a missão da Igreja, Jesus constituiu Pedro como aquele que deveria conduzir a Igreja nessa peregrinação. Constituiu a sua igreja sobre a rocha, a pedra, Pedro. “Tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). E a ele entregou as chaves do Reino dos Céus (Mt 16,19).

Após a ressurreição (páscoa), Jesus indagou por três vezes a Pedro se ele o amava. Diante das três afirmativas, Jesus lhe disse, “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,17).

O Papa é o sinal da unidade da Igreja. Suas palavras, suas ações, suas orientações servem para nos conduzir no caminho do Reino dos Céus. Sendo assim, todos devemos acatar sua palavra, principalmente quando a emana da Cátedra de São Pedro.

O Papa é o sucessor de Pedro, portanto, Vigário de Cristo, Pastor da Igreja Universal (CIC 331). Atitudes de desobediência ao Papa, ou de calunias ou difamações em relação às suas ações, é ao próprio Cristo que se ofende.

Eu. Neste caso, é o Eu retórico. Este Eu é qualquer cristão católico que se encontra na Igreja como fiel obediente à palavra de Cristo, e foi batizado. Aos leigos cabe agir de acordo com o direito, respeitando e obedecendo ao Papa, seus sucessores, auxiliando os demais clérigos na missão evangelizadora, sendo fermento na massa para que a Igreja de Jesus seja mais amada, e o Reino de Deus cresça no meio de nós (CIC 225).

Aproveitemos o período pascal para pensarmos sobre nossa relação com a Igreja, com o Papa, e consigo mesmo.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

RESSUSCITOU, VIVE NO NOSSO MEIO, ALELUIA!

Na missa do dia de Páscoa na antífona de entrada lemos: ”Ressuscitei, e sempre estrou contigo, aleluia; pousaste tua mão sobre mim, aleluia; admirável é tua sabedoria, aleluia, aleluia” (Sl 138,18.5-6). Em uma segunda opção da mesma antífona de entrada, temos: “Realmente, o Senhor ressuscitou, aleluia. A ele a glória e o poder, pelos séculos dos séculos, aleluia, aleluia” (Lc 24,34 e Ap 1,6).

Na oração da coleta, somos chamados a nos deixarmos ser renovados pelo Espírito de Deus para ressuscitarmos para a luz da vida: “Ó Deus, no dia de hoje, por vosso Filho, vencedor da morte, nos abristes as portas da vida eterna. Concedei que, celebrando a solenidade da sua ressurreição, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida”.

O evangelho trouxe a narrativa da ida de Madalena ao túmulo. Alguns elementos dessa história nos fazem olharmos para nossa própria vida.

Primeiramente, Maria Madalena vai ao túmulo. Contemplar o “túmulo” nos remete à morte. Ao fim da vida. O “túmulo” representa o fim de um ciclo. Além disso, o autor do evangelho nos mostra o horário, de madrugada, ainda escuro. Na abertura dessaperícope, recebemos muitas informações sobre a morte, e como nos sentimos diante dela?

Em seguida, João nos leva a ver uma pedra. Essa pedra havia sido retirada. Não estava mais fechando e protegendo o túmulo. Isso assustou Madalena.Ela correu. Foi ao encontro de Pedro, e do outro discípulo. Narrou o que vira. Eles, prontamente, saem correndo até o túmulo.

Os dois discípulos entraram e viram todos os panos, que circundavam o morto, deixados no chão. E o sudário (que tinha estado na cabeça de Jesus) em lugar à parte. Mesmo não tendo compreendido a ressurreição, eles acreditaram. Quantas vezes, nós não compreendemos, mas acreditamos?

Hoje somos chamados a olharmos para todas as nossas situações de túmulo em nossa vida que ocorrem nas madrugadas escuras da existência. E descobrimos que as pedras que prendiam nossa vida são removidas pelo próprio Deus. A ressurreição de Jesus é um prenuncio de nossa ressurreição. Mortos com Jesus, viveremos com ele (Rm 6,8).

São Paulo, na carta aos Romanos, afirma: “Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele. Porque morrendo, Cristo morreu de uma vez por todas para o pecado; vivendo, ele vive para Deus. Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo” (Rm 6,9-10).

A paixão, morte e ressurreição de Jesus acontece aqui, nesta vida. E abre uma nova perspectiva de realidade, a do Reino de Deus, que se consumará no fim dos tempos, que ainda aguardamos.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

VÓS SOIS TODOS IRMÃOS

Campanha da Fraternidade – 60 anos

A Campanha da Fraternidade de 2024, tendo em vista a afirmação de Jesus, “vós todos sois irmãos” (Mt 23,8), nos convida a vivermos uma amizade social dentro da perspectiva da fraternidade.

Na oração sacerdotal, que está registrada no evangelho de João 17,21, Jesus ora ao Pai para que todos e todas que receberem a palavra dele, por meio dos apóstolos, estejam em unidade. Essa oração é mais profunda e significativa para nossa caminhada como crentes na palavra de Deus.

As relações sociais, Amizade Social, é uma constante na Sagrada Escritura. A primeira narrativa está no Gênesis. A relação fraticida de Caim contra seu irmão Abel. Essa narrativa trata de um sentimento humano comum entre nós, o ciúme.

Os filhos de Jacó trataram de forma violenta o irmão José, que fora vendido como escravo. Mais uma vez, o ciúme tomou conta do coração dos irmãos. Outros exemplos, Esaú e Jacó, Raquel e Rute, O ciúme é um sentimento que afasta os corações daqueles que eram para ser tratados como irmãos ou irmãs.

A CF-2024 nos convida a superarmos as inimizades. Ela nos faz refletir sobre o cuidado com os outros como um sinal de amor a Deus, e nos faz reflexo daquele amor que rezamos no Pai Nosso, “perdoai as minhas dívidas, assim como perdoo os meus devedores”.

Jesus e o Pai são um. Jesus reza ao Pai para que sejamos um com Ele. O amor ao próximo é a expressão concreta dessa unidade. “O amor é o fundamento do agir cristão”. Devemos nos perguntar todos os dias “quais são os sinais do amor em nossas vidas e o que podemos fazer para concretizá-lo em nossas relações sociais”?

Sendo o pecado a “negação do amor a Deus e ao próximo”, a amizade social torna-se uma “categoria que se enquadra no âmbito da fraternidade, da prática comprometida da solidariedade e de uma ativa compaixão”. Na primeira carta de Pedro lemos, “a caridade (amor) cobre uma multidão de pecados” (I Pd 4,8).

“É tempo de anunciarmos o evangelho da paz. É preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Somos convocados a enfrentar e vencer a tentação de uma cultura dos muros”.

O Papa Francisco nos convoca a vivermos a solidariedade como expressão da vivência do amor divino. “A solidariedade manifesta-se concretamente no serviço, que pode assumir formas muita variadas de cuidar dos outros. O serviço é cuidar da fragilidade. Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo (FT 115)”

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

SÃO JOSÉ O PAI DE JESUS

Hoje celebramos a festa de São José, padroeiro da Igreja Católica Apostólica Romana.

Conhecemos pouco de sua história. Os registros que temos estão na primeira parte dos evangelhos de Mateus e Lucas. José é visto como o escolhido por Deus para dar guarida ao Filho de Deus, e à sua mãe.

José é homem do sonho; é o homem que ouve Deus. Segundo o Papa Francisco, “o sonho simboliza a vida espiritual de cada um de nós, o espaço interior, que cada um é chamado a cultivar e preservar, onde Deus se manifesta e muitas vezes nos fala”.

Dentro de nós existem muitos pensamentos, muitas vozes, sentimentos, desejos. Deus e o maligno agem em nós. E temos que saber ouvir essas vozes, e discernir o que vem de Deus e o que vem do maligno. Segundo Santo Inácio de Loyola, os Exercícios Espirituais servem para a “pessoa se preparar e se dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas, e, afastando-se delas, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vidapara o bem da mesma pessoa” (EE 1).

São José é um modelo de oração e discernimento dessas vozes que agem em nós. Os evangelhos narram quatro sonhos de José, de onde ele tirou as respostas necessárias para fazer a vontade de Deus.

No primeiro sonho, relacionado com a gravidez de Maria, José pensava em deixar a esposa de forma secreta, para que ela não sofresse os reveses da lei, que mandava apedrejar tais mulheres. O evangelho narra que José era justo, e que não queria difamar a esposa. Nesse momento, José tem um dilema a resolver, ou aceitar a futura esposa, ou rejeitá-la. Colocando-se diante de Deus, ouve a voz do anjo e decide assumir Maria.

José percebe que o menino está em perigo, o que deveria fazer? Diante desse dilema, vem o segundo sonho, partir para o Egito com o menino e a mãe. Essa foi ordem do anjo. José acatou. Mesmo diante das dificuldades dessa travessia, ele parte.

O terceiro e quarto sonhos estão atrelados um ao outro, está relacionado com o retorno para a Galileia. José ouve a determinação do anjo para retornar para sua terra natal. É necessário regressar, pois a missão do Filho deveria começar na Galileia. José não volta para Belém, mas dirige-se para Nazaré.

Segundo o Papa Francisco, São José é o nosso modelo de proteção de Jesus e de Maria, sua mãe. Ele diz que “sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe”.

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

Inicio minha reflexão de hoje com a seguinte fala do Papa Francisco: “A mulher é a harmonia. É a poesia. É a beleza. Sem ela, o mundo não seria assim tão belo. Não seria harmônico”.

No dia oito de março (08/03) celebramos o Dia Internacional da Mulher. Essa data é marcada pelo fato de que em 08/03 de 1857 um grupo de 192 mulheres foimorta por um incêndio numa fábrica têxtil em Nova Iorque. Elas reivindicavam melhorias nas condições de trabalho e de salário. Essa “comemoração” foi instituída pela ONU em 1970.

As mulheres estão presentes nas várias situações da vida. Mulheres nas religiões. Mulheres na ciência. Mulheres em casa. Mulheres na luta política. Mulheres na liderança de instituições políticas. Mulheres santas. Mulheres orixás. E em muitos outros espaços que possamos imaginar.

Nesta perspectiva, do lugar das mulheres, destaco algumas que conheço nas Sagradas Escrituras.

Maria, mãe de Jesus, não teve medo de dizer que Deus exalta os humildes, e despede os ricos de mãos vazias. Que sacia de bens os famintos. Que exalta os humildes, e derruba do trono os poderosos.

Débora, a juíza, liderou o povo hebreu na luta contra outros povos.

Rute, que mesmo sendo estrangeira, continuou ao lado da sogra, Noemi, para que esta não morresse de fome.

Ester, que mesmo sabendo que corria risco de vida, aproximou-se do rei e intercedeu por seu povo.

Raab, a prostituta que salvou os hebreus em Jericó. Ela está nomeada na genealogia de Jesus do evangelho de Mateus.

E por último, para destacar sua importância para nossa fé, Santa Maria Madalena, Apóstola dos apóstolos. A mulher que teve coragem de ir ao túmulo do “condenado”.Nossa fé tem nas mulheres a base de um testemunho forte.

Penso no dia em que as mulheres de nossa Igreja poderão ocupar espaços de liderança, conduzindo comunidades, pregando a palavra de Deus, batizando e assistindo matrimônios. Assim, teremos uma Igreja mais harmônica, poética e bela.

O Papa Francisco afirmou: “Onde as mulheres são marginalizadas, é um mundo estéril, porque as mulheres não só dão a vida, mas nos transmitem a capacidade de olhar além, de sentir as coisas com o coração mais criativo, mais paciente, mais tenro“.

Lugar de mulher é onde ela queira estar!

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – 60 ANOS

A história estuda o homem no tempo. Ela investiga seus feitos, invenções, ações, pensamentos e sentimentos. O conhecimento histórico auxilia a humanidade a compreender o que ela construiu ao longo de sua existência e o que as sociedades legaram em termos intelectuais, culturais e materiais.

A história amplia o mundo que se vive, propicia o contato com outras culturas e diferentes saberes; carrega valores e ensinamentos pelo tempo e pode oferecer um sentido à vida.

O estudo de história (e da história) envolve a construção da memória. A memória é a visão ou lembrança de determinados fatos que uma pessoa ou grupo carrega.

Esses pressupostos abrem a nossa reflexão sobre a Campanha da Fraternidade (CF), que neste ano de 2024 completa 60 anos como ação evangelizadora da Igreja no Brasil.

Em 1962, em caráter experimental, na arquidiocese de Natal, nasceu a CF, sob o governo de Dom Eugênio de Araújo Sales. A partir de 1963, o então secretário geral da CNBB, dom Hélder Câmara, através de uma carta circular, comunica aos bispos que a CF-1964 aconteceria em âmbito nacional. Setenta dioceses, das 184 existentes no Brasil, aderiram à proposta. Neste ano, o tema foi: “Lembre-se, você também é Igreja”.

Tomemos consciência de que a CF nasce dentro do contexto do Concílio Vaticano II. E este, atualizou a visão de Igreja no mundo, no meio do povo e buscando dar uma resposta“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história” (GS1).E acrescentou, “o Concílio, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo de conceber a presença e atividade da Igreja no mundo de hoje” (GS 2).

Desde seu início, a CF tornou-se uma ação evangelizadora realizada no período da Quaresma. O objetivo é “despertar solidariedade dos cristãos e da sociedade a respeito de um problema real que atinge a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções para enfrentar e solucionar tais problemas” (CNBB, site, artigo “Experiência piloto que deu origem à Campanha da Fraternidade teve início em 1961”).

Nós, católicos, devemos caminhar ao lado dos que sofrem, tal como fez Jesus: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. Além disso, recebemos a missão de anunciar o evangelho a todos os povos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Nova para toda a humanidade” (Mc 16,15).

Viver o período Quaresmal dentro da perspectiva da Oração, Jejum, Caridade, é buscar, junto com a Igreja do Brasil, soluções, à luz do evangelho, para os problemas atuais da nossa sociedade. Nossos bispos, iluminados pelo Espírito Santo, neste ano de 2014, perceberam a necessidade de proclamar que “Vós todos sois irmãos” (Mt 23,8). E que ser cristão é viver a Amizade Social. Conhecer a história nos ajuda a amar mais a Igreja e suas ações pastorais. Fiquemos alertas, existem muitos lobos travestidos de cordeiros. Jesus nos disse, “eis que eu vos dou um novo mandamento, amem-se uns aos outros. Assim como eu ami vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,34-35).Fraternidade e Amizade Social.

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.