Diácono Marcos Gayoso. DIACONATO PERMANENTE. (parte II)

Diácono Marcos Gayoso

DIACONATO PERMANENTE. (parte II)

No meu primeiro texto sobre o diaconato permanente fiz um resgate, breve, da restauração do diaconato na Igreja ocidental.

Hoje, apresento a atuação do pastoral dos diáconos, conforme descrito no documento 96 da CNBB, entre os parágrafos 103 e 109.

Os bispos relembram que no passado havia diaconias e estas eram responsáveis pelas atividades de caridade da Igreja.

Na Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizado em Aparecida-SP, em 2007, o episcopado destacou a “urgente necessidade de criar pequenas comunidades (DAp 178), de renovar modelos de paróquias (DAp 172), de evangelizar novos areópagos, fronteiras geográficas e culturais (DAp 205, 208, 491), surgem, na Igreja do Brasil, diversos tipos de diaconias como resposta aos novos desafios da missão da Igreja” (doc 96,105).

Diante desse novo jeito de evangelização, algumas dioceses recuperaram o espírito das diaconias. Existem, pelo menos, três tipos de diaconias: territorial, setorial, ambiental.

Diaconias territoriais, como o próprio nome indica, está relacionada a “um território para atendimento”. Estas diaconais poderão ter “personalidade jurídica própria, sede e padroeiro” (106)

Diaconias setoriais estão relacionadas ao cuidado de determinadas ações evangelizadoras especializadas: comunicação, cultura, saúde, justiça, política etc. São confiadas a um diácono qualificado profissionalmente em um setor e preparado adequadamente para sua evangelização.

Diaconias ambientais. Diferentemente do que podemos deduzir do nome, as diaconias ambientais estão ligadas diretamente aos “espaços e ambientes da sociedade moderna: colégios, universidades, condomínios, fábricas, bancos etc. Pode ser confiada a um diácono que frequenta esses ambientes com a finalidade de formar pequenas comunidades” (108).

Esses são alguns exemplos da atuação dos diáconos na Igreja do Brasil. Outros modelos podem surgir, vai depender da criatividade e necessidade de cada diocese para que “ajudem a resgatar a identidade da comunidade cristã ‘como aqueles que se amam’” (109).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIACONATO PERMANENTE. (parte I)

Um dos legados do Concílio Vaticano II foi a restauração do Diaconato como grau permanente do sacramento da ordem. Sendo admitido a homens casados. Esse foi um desejo aprovado no concílio de Trento, que só tomou forma no Concílio Vaticano II.

Segundo a Constituição Dogmática Lumen Gentium, que trata da Igreja, lemos que o ministério eclesiástico é exercido em ordens diversas por aqueles que desde a antiguidade são chamados bispos, presbíteros, diáconos. (LG 28).

Aos diáconos são impostas as mãos para o ministério. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus no ministério da Liturgia, da Palavra e da Caridade. É função do diácono,administrar o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimônio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exaltar o povo, presidir o culto e a oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos dos funerais e da sepultura. Em alguns casos, podem exercer a cura das almas, ou seja, direção espiritual (29).

Uma outra fonte sobre o diaconato permanente são As normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes e Diretório do ministério e da vida dos diáconos permanentes, a primeira, da Congregação para a Educação Católica, e a segunda, da Congregação para o Clero.

A Introdução do documento 157, assinada pelas duas Congregações (hoje chamadas de Dicastérios) nos dá uma pista do que é o diaconato permanente. Na abertura eles afirmam que Cristo instituiu na Igreja vários ministérios. Os ministros que tem o poder sagrado servem os seus irmãos para que todos que pertencem ao povo de Deus se orientem livre e ordenadamente para o mesmo fim e alcancem a salvação.

Afirmam que o sacramento da ordem é o sacramento do ministério apostólico. “A ação sacramental da ordenação vai para além de uma simples eleição, designação, delegação ou instituição por parte da comunidade dado que confere um dom do Espírito Santo, que permite exercer um poder sagrado, que pode vir só de Cristo mediante a sua Igreja” (Catecismo 1538).

Nas Sagradas Escrituras, os diáconos recebem uma atenção especial. Olhemos Atos 6,1-6; Fl 1,1; I Tm 3,8-13; I Tm 3,2; Cl 1,7; Ef6,2

O Concílio de Trento já havia disposto para a restauração do diaconato permanente, e deram três razões básicas: a) o desejo de enriquecer a Igreja com as funções do ministério diaconal; b) reforçar com a graça da ordenação diaconal aqueles que já exerciam funções diaconal; c) prover de ministros sagrados as regiões que sofriam de escassez de clero.

O diaconato permanente constitui um enriquecimento importante para a missão da Igreja. Em 1993, São João Paulo II disse: “Uma exigência particularmente sentida na decisão do restabelecimento do diaconato permanente era e é da maior e mais direta presença de ministros da Igreja nos vários ambientes da família, do trabalho, da escola, etc, para além da presença nas estruturas pastorais constituídas”.

O documento 96 da CNBB, que trata sobre o diaconato no Brasil, destaca que o ministério do diácono está definido em três âmbitos: caridade, evangelização, liturgia.

A diaconia da Caridade. “O diácono vai ao encontro das pessoas de qualquer religião ou raça, classe ou situação social, fazendo-se um servidor de todos como Jesus Cristo” (55). O diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos.

A diaconia da Palavra. A ação evangelizadora da Igreja passa pela proclamação da Palavra de Deus. O diácono “transmite à comunidade a Palavra libertadora, da qual ele próprio já experimentou o poder de transformação. Identifica-se com a Palavra anunciada, por ser servidor da Palavra. Anuncia a Palavra de Deus com a autoridade que nasce da familiaridade com o evangelho” (61).

A diaconia da Liturgia. “Existe profunda relação entre Eucaristia e serviço social. O Diácono traz para o altar as oferendas dos fiéis e leva a eles o pão eucarístico. Leva aos doentes o Corpo do Senhor. Seu ministério demonstra que a liturgia e a vida social não são duas realidades justapostas, mas correlatas” (66).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

A IGREJA, O PAPA, E EU

O período pascal nos ajuda a refletirmos sobre nossa fé em Jesus Cristo ressurreto para nossa salvação, e ao mesmo tempo, para meditarmos sobre a Igreja, o Papa e nossa relação com ambos.

Ao falarmos da Igreja, devemos nos remeter ao Concílio Ecumênico do Vaticano II. A constituição dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, tratou de definir como é a Igreja Católica Apostólica Romana. Os bispos refletiram como deveria ser a Igreja a partir daquele momento, e como ela deveria ser vista pelo mundo.

Os bispos destacaram que a “Igreja recebe a missão de anunciar e instaurar em todas as gentes o reino de Cristo e de Deus, e constitui ela própria na terra o germe e o início desse reino” (LG 5,2). E acrescentaram que ela precisa da ajuda humana para cumprir sua missão, e que não “foi constituída para buscar glórias terrenas, mas para evangelizar os pobres… a proclamar e salvar o que estava perdido”.

Para dar prosseguimento a missão da Igreja, Jesus constituiu Pedro como aquele que deveria conduzir a Igreja nessa peregrinação. Constituiu a sua igreja sobre a rocha, a pedra, Pedro. “Tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). E a ele entregou as chaves do Reino dos Céus (Mt 16,19).

Após a ressurreição (páscoa), Jesus indagou por três vezes a Pedro se ele o amava. Diante das três afirmativas, Jesus lhe disse, “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,17).

O Papa é o sinal da unidade da Igreja. Suas palavras, suas ações, suas orientações servem para nos conduzir no caminho do Reino dos Céus. Sendo assim, todos devemos acatar sua palavra, principalmente quando a emana da Cátedra de São Pedro.

O Papa é o sucessor de Pedro, portanto, Vigário de Cristo, Pastor da Igreja Universal (CIC 331). Atitudes de desobediência ao Papa, ou de calunias ou difamações em relação às suas ações, é ao próprio Cristo que se ofende.

Eu. Neste caso, é o Eu retórico. Este Eu é qualquer cristão católico que se encontra na Igreja como fiel obediente à palavra de Cristo, e foi batizado. Aos leigos cabe agir de acordo com o direito, respeitando e obedecendo ao Papa, seus sucessores, auxiliando os demais clérigos na missão evangelizadora, sendo fermento na massa para que a Igreja de Jesus seja mais amada, e o Reino de Deus cresça no meio de nós (CIC 225).

Aproveitemos o período pascal para pensarmos sobre nossa relação com a Igreja, com o Papa, e consigo mesmo.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

RESSUSCITOU, VIVE NO NOSSO MEIO, ALELUIA!

Na missa do dia de Páscoa na antífona de entrada lemos: ”Ressuscitei, e sempre estrou contigo, aleluia; pousaste tua mão sobre mim, aleluia; admirável é tua sabedoria, aleluia, aleluia” (Sl 138,18.5-6). Em uma segunda opção da mesma antífona de entrada, temos: “Realmente, o Senhor ressuscitou, aleluia. A ele a glória e o poder, pelos séculos dos séculos, aleluia, aleluia” (Lc 24,34 e Ap 1,6).

Na oração da coleta, somos chamados a nos deixarmos ser renovados pelo Espírito de Deus para ressuscitarmos para a luz da vida: “Ó Deus, no dia de hoje, por vosso Filho, vencedor da morte, nos abristes as portas da vida eterna. Concedei que, celebrando a solenidade da sua ressurreição, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida”.

O evangelho trouxe a narrativa da ida de Madalena ao túmulo. Alguns elementos dessa história nos fazem olharmos para nossa própria vida.

Primeiramente, Maria Madalena vai ao túmulo. Contemplar o “túmulo” nos remete à morte. Ao fim da vida. O “túmulo” representa o fim de um ciclo. Além disso, o autor do evangelho nos mostra o horário, de madrugada, ainda escuro. Na abertura dessaperícope, recebemos muitas informações sobre a morte, e como nos sentimos diante dela?

Em seguida, João nos leva a ver uma pedra. Essa pedra havia sido retirada. Não estava mais fechando e protegendo o túmulo. Isso assustou Madalena.Ela correu. Foi ao encontro de Pedro, e do outro discípulo. Narrou o que vira. Eles, prontamente, saem correndo até o túmulo.

Os dois discípulos entraram e viram todos os panos, que circundavam o morto, deixados no chão. E o sudário (que tinha estado na cabeça de Jesus) em lugar à parte. Mesmo não tendo compreendido a ressurreição, eles acreditaram. Quantas vezes, nós não compreendemos, mas acreditamos?

Hoje somos chamados a olharmos para todas as nossas situações de túmulo em nossa vida que ocorrem nas madrugadas escuras da existência. E descobrimos que as pedras que prendiam nossa vida são removidas pelo próprio Deus. A ressurreição de Jesus é um prenuncio de nossa ressurreição. Mortos com Jesus, viveremos com ele (Rm 6,8).

São Paulo, na carta aos Romanos, afirma: “Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele. Porque morrendo, Cristo morreu de uma vez por todas para o pecado; vivendo, ele vive para Deus. Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo” (Rm 6,9-10).

A paixão, morte e ressurreição de Jesus acontece aqui, nesta vida. E abre uma nova perspectiva de realidade, a do Reino de Deus, que se consumará no fim dos tempos, que ainda aguardamos.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

VÓS SOIS TODOS IRMÃOS

Campanha da Fraternidade – 60 anos

A Campanha da Fraternidade de 2024, tendo em vista a afirmação de Jesus, “vós todos sois irmãos” (Mt 23,8), nos convida a vivermos uma amizade social dentro da perspectiva da fraternidade.

Na oração sacerdotal, que está registrada no evangelho de João 17,21, Jesus ora ao Pai para que todos e todas que receberem a palavra dele, por meio dos apóstolos, estejam em unidade. Essa oração é mais profunda e significativa para nossa caminhada como crentes na palavra de Deus.

As relações sociais, Amizade Social, é uma constante na Sagrada Escritura. A primeira narrativa está no Gênesis. A relação fraticida de Caim contra seu irmão Abel. Essa narrativa trata de um sentimento humano comum entre nós, o ciúme.

Os filhos de Jacó trataram de forma violenta o irmão José, que fora vendido como escravo. Mais uma vez, o ciúme tomou conta do coração dos irmãos. Outros exemplos, Esaú e Jacó, Raquel e Rute, O ciúme é um sentimento que afasta os corações daqueles que eram para ser tratados como irmãos ou irmãs.

A CF-2024 nos convida a superarmos as inimizades. Ela nos faz refletir sobre o cuidado com os outros como um sinal de amor a Deus, e nos faz reflexo daquele amor que rezamos no Pai Nosso, “perdoai as minhas dívidas, assim como perdoo os meus devedores”.

Jesus e o Pai são um. Jesus reza ao Pai para que sejamos um com Ele. O amor ao próximo é a expressão concreta dessa unidade. “O amor é o fundamento do agir cristão”. Devemos nos perguntar todos os dias “quais são os sinais do amor em nossas vidas e o que podemos fazer para concretizá-lo em nossas relações sociais”?

Sendo o pecado a “negação do amor a Deus e ao próximo”, a amizade social torna-se uma “categoria que se enquadra no âmbito da fraternidade, da prática comprometida da solidariedade e de uma ativa compaixão”. Na primeira carta de Pedro lemos, “a caridade (amor) cobre uma multidão de pecados” (I Pd 4,8).

“É tempo de anunciarmos o evangelho da paz. É preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Somos convocados a enfrentar e vencer a tentação de uma cultura dos muros”.

O Papa Francisco nos convoca a vivermos a solidariedade como expressão da vivência do amor divino. “A solidariedade manifesta-se concretamente no serviço, que pode assumir formas muita variadas de cuidar dos outros. O serviço é cuidar da fragilidade. Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo (FT 115)”

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

SÃO JOSÉ O PAI DE JESUS

Hoje celebramos a festa de São José, padroeiro da Igreja Católica Apostólica Romana.

Conhecemos pouco de sua história. Os registros que temos estão na primeira parte dos evangelhos de Mateus e Lucas. José é visto como o escolhido por Deus para dar guarida ao Filho de Deus, e à sua mãe.

José é homem do sonho; é o homem que ouve Deus. Segundo o Papa Francisco, “o sonho simboliza a vida espiritual de cada um de nós, o espaço interior, que cada um é chamado a cultivar e preservar, onde Deus se manifesta e muitas vezes nos fala”.

Dentro de nós existem muitos pensamentos, muitas vozes, sentimentos, desejos. Deus e o maligno agem em nós. E temos que saber ouvir essas vozes, e discernir o que vem de Deus e o que vem do maligno. Segundo Santo Inácio de Loyola, os Exercícios Espirituais servem para a “pessoa se preparar e se dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas, e, afastando-se delas, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vidapara o bem da mesma pessoa” (EE 1).

São José é um modelo de oração e discernimento dessas vozes que agem em nós. Os evangelhos narram quatro sonhos de José, de onde ele tirou as respostas necessárias para fazer a vontade de Deus.

No primeiro sonho, relacionado com a gravidez de Maria, José pensava em deixar a esposa de forma secreta, para que ela não sofresse os reveses da lei, que mandava apedrejar tais mulheres. O evangelho narra que José era justo, e que não queria difamar a esposa. Nesse momento, José tem um dilema a resolver, ou aceitar a futura esposa, ou rejeitá-la. Colocando-se diante de Deus, ouve a voz do anjo e decide assumir Maria.

José percebe que o menino está em perigo, o que deveria fazer? Diante desse dilema, vem o segundo sonho, partir para o Egito com o menino e a mãe. Essa foi ordem do anjo. José acatou. Mesmo diante das dificuldades dessa travessia, ele parte.

O terceiro e quarto sonhos estão atrelados um ao outro, está relacionado com o retorno para a Galileia. José ouve a determinação do anjo para retornar para sua terra natal. É necessário regressar, pois a missão do Filho deveria começar na Galileia. José não volta para Belém, mas dirige-se para Nazaré.

Segundo o Papa Francisco, São José é o nosso modelo de proteção de Jesus e de Maria, sua mãe. Ele diz que “sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe”.

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

Inicio minha reflexão de hoje com a seguinte fala do Papa Francisco: “A mulher é a harmonia. É a poesia. É a beleza. Sem ela, o mundo não seria assim tão belo. Não seria harmônico”.

No dia oito de março (08/03) celebramos o Dia Internacional da Mulher. Essa data é marcada pelo fato de que em 08/03 de 1857 um grupo de 192 mulheres foimorta por um incêndio numa fábrica têxtil em Nova Iorque. Elas reivindicavam melhorias nas condições de trabalho e de salário. Essa “comemoração” foi instituída pela ONU em 1970.

As mulheres estão presentes nas várias situações da vida. Mulheres nas religiões. Mulheres na ciência. Mulheres em casa. Mulheres na luta política. Mulheres na liderança de instituições políticas. Mulheres santas. Mulheres orixás. E em muitos outros espaços que possamos imaginar.

Nesta perspectiva, do lugar das mulheres, destaco algumas que conheço nas Sagradas Escrituras.

Maria, mãe de Jesus, não teve medo de dizer que Deus exalta os humildes, e despede os ricos de mãos vazias. Que sacia de bens os famintos. Que exalta os humildes, e derruba do trono os poderosos.

Débora, a juíza, liderou o povo hebreu na luta contra outros povos.

Rute, que mesmo sendo estrangeira, continuou ao lado da sogra, Noemi, para que esta não morresse de fome.

Ester, que mesmo sabendo que corria risco de vida, aproximou-se do rei e intercedeu por seu povo.

Raab, a prostituta que salvou os hebreus em Jericó. Ela está nomeada na genealogia de Jesus do evangelho de Mateus.

E por último, para destacar sua importância para nossa fé, Santa Maria Madalena, Apóstola dos apóstolos. A mulher que teve coragem de ir ao túmulo do “condenado”.Nossa fé tem nas mulheres a base de um testemunho forte.

Penso no dia em que as mulheres de nossa Igreja poderão ocupar espaços de liderança, conduzindo comunidades, pregando a palavra de Deus, batizando e assistindo matrimônios. Assim, teremos uma Igreja mais harmônica, poética e bela.

O Papa Francisco afirmou: “Onde as mulheres são marginalizadas, é um mundo estéril, porque as mulheres não só dão a vida, mas nos transmitem a capacidade de olhar além, de sentir as coisas com o coração mais criativo, mais paciente, mais tenro“.

Lugar de mulher é onde ela queira estar!

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – 60 ANOS

A história estuda o homem no tempo. Ela investiga seus feitos, invenções, ações, pensamentos e sentimentos. O conhecimento histórico auxilia a humanidade a compreender o que ela construiu ao longo de sua existência e o que as sociedades legaram em termos intelectuais, culturais e materiais.

A história amplia o mundo que se vive, propicia o contato com outras culturas e diferentes saberes; carrega valores e ensinamentos pelo tempo e pode oferecer um sentido à vida.

O estudo de história (e da história) envolve a construção da memória. A memória é a visão ou lembrança de determinados fatos que uma pessoa ou grupo carrega.

Esses pressupostos abrem a nossa reflexão sobre a Campanha da Fraternidade (CF), que neste ano de 2024 completa 60 anos como ação evangelizadora da Igreja no Brasil.

Em 1962, em caráter experimental, na arquidiocese de Natal, nasceu a CF, sob o governo de Dom Eugênio de Araújo Sales. A partir de 1963, o então secretário geral da CNBB, dom Hélder Câmara, através de uma carta circular, comunica aos bispos que a CF-1964 aconteceria em âmbito nacional. Setenta dioceses, das 184 existentes no Brasil, aderiram à proposta. Neste ano, o tema foi: “Lembre-se, você também é Igreja”.

Tomemos consciência de que a CF nasce dentro do contexto do Concílio Vaticano II. E este, atualizou a visão de Igreja no mundo, no meio do povo e buscando dar uma resposta“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história” (GS1).E acrescentou, “o Concílio, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo de conceber a presença e atividade da Igreja no mundo de hoje” (GS 2).

Desde seu início, a CF tornou-se uma ação evangelizadora realizada no período da Quaresma. O objetivo é “despertar solidariedade dos cristãos e da sociedade a respeito de um problema real que atinge a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções para enfrentar e solucionar tais problemas” (CNBB, site, artigo “Experiência piloto que deu origem à Campanha da Fraternidade teve início em 1961”).

Nós, católicos, devemos caminhar ao lado dos que sofrem, tal como fez Jesus: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. Além disso, recebemos a missão de anunciar o evangelho a todos os povos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Nova para toda a humanidade” (Mc 16,15).

Viver o período Quaresmal dentro da perspectiva da Oração, Jejum, Caridade, é buscar, junto com a Igreja do Brasil, soluções, à luz do evangelho, para os problemas atuais da nossa sociedade. Nossos bispos, iluminados pelo Espírito Santo, neste ano de 2014, perceberam a necessidade de proclamar que “Vós todos sois irmãos” (Mt 23,8). E que ser cristão é viver a Amizade Social. Conhecer a história nos ajuda a amar mais a Igreja e suas ações pastorais. Fiquemos alertas, existem muitos lobos travestidos de cordeiros. Jesus nos disse, “eis que eu vos dou um novo mandamento, amem-se uns aos outros. Assim como eu ami vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,34-35).Fraternidade e Amizade Social.

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.