Diácono Marcos Gayoso. FIÉIS DEFUNTOS

Diácono Marcos Gayoso

Sobre os mortos, escreveu Santo Ambrósio.

Do Livro sobre a morte de seu irmão Sátiro, de Santo Ambrósio, bispo.

(Lib. 2,40.41.46.47.132.133: CSEL 73,270-274.323-324) (Séc. IV)

Morramos com Cristo, para vivermos com ele.

Percebemos que a morte é lucro, e a vida, castigo. Por isso Paulo diz: Para mim, viver é Cristo, e morrer é lucro (Fl 1,21). Como unir-se a Cristo, espírito da vida, senão pela morte do corpo? Morramos então com ele, para com ele vivermos. Morramos diariamente no desejo e em ato, para que, por esta segregação, nossa alma aprenda a se subtrair das concupiscências corporais. Que ela, como se já estivesse nas alturas, onde não a alcançam os desejos terrenos, aceite a imagem da morte para não incorrer no castigo da morte. Pois a lei da carne luta contra a lei do espírito e apóia-se na lei do erro. Mas qual o remédio? Quem me libertará deste corpo de morte? (Rm 7,24) A graça de Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor (cf. Rm 7,25s). Temos o médico, usemos o remédio. Nosso remédio é a graça de Cristo, e corpo de morte é o nosso corpo. Portanto afastemo-nos do corpo e não se afaste de nós o Cristo! Embora ainda no corpo, não lhe obedeçamos, não abandonemos as leis naturais, mas prefiramos os dons da graça. E que mais? Pela morte de um só, o mundo foi remido. Cristo, se quisesse, poderia não ter morrido. Não julgou, porém, dever fugir da morte como coisa inútil nem que nos salvaria melhor, evitando a morte. Com efeito, sua morte é a vida de todos. Somos marcados com sua morte, ao orar anunciamos sua morte, ao oferecer o sacrifício pregamos sua morte. Sua morte é vitória, é sacramento, é a solenidade anual do mundo.

Não diremos ainda mais sobre a sua morte, se provarmos pelo exemplo divino que dela resultou a imortalidade, e que a morte se redimiu a si mesma? Não se deve lastimar a morte, que é causa da salvação do povo. Não se deve fugir da morte, que o Filho de Deus não rejeitou, e da qual não fugiu. Na verdade, a morte não era da natureza, mas converteu-se em natureza. No princípio, Deus não fez a morte, mas deu-a como remédio. Pela prevaricação, condenada ao trabalho de cada dia e ao gemido intolerável, a vida dos homens começou a ser miserável. Era preciso dar fim aos males, para que a morte restituísse o que a vida perdera. Pois a imortalidade seria mais penosa que benéfica, se não fosse promovida pela graça. Por isso, tem o espírito de afastar-se logo da vida tortuosa e das nódoas do corpo terreno, e lançar-se para a celeste assembleia, embora pertença só aos santos lá chegar, e cantar a Deus o louvor, descrito no livro profético, que os citaristas cantam: Grandes e maravilhosas tuas obras, Senhor Deus onipotente; justos e verdadeiros teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temeria e não glorificaria teu nome? Porque só tu és santo; todos os povos irão e se prostrarão diante de ti (Ap 15,3-4). Contemplar também, ó Jesus, tuas núpcias, nas quais a esposa, ao canto jubiloso de todos, é conduzida da terra ao céu – a ti virá toda carne (Sl 64,3) – já não mais manchada pelo mundo, mas unida ao espírito. Era isto que o santo Davi desejava, acima de tudo, contemplar e admirar, quando dizia: Uma só coisa pedi ao Senhor, a ela busco: habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida e ver as delícias do Senhor (Sl 26,4).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

“TUA PALAVRA É LUZ PARA O MEU CAMINHO”

Recentemente, recebi um vídeo que falava sobre a Celebração da Palavra de Deus. Achei interessante. Decidi falar sobre esse assunto.

Sabemos que a missa é o ponto central da vida do cristão católico. A ela nos dirigimos para ouvir a Palavra de Deus proclamada pelos leitores, e participar da ceia eucarística.

Entretanto, nem todas as comunidades católicas tem a chance de poderem celebrar aos domingos a missa. E por isso, se reúnem para ler, ouvir, meditar e rezar com a palavra de Deus; e, como consequência, partilharem o corpo de Cristo consagrado na missa anteriormente.

Infelizmente, muitos católicos ignoram, ou rejeitam a Celebração da Palavra. Ou por ignorarem seu sentido, o por acharem que não são dignos de meditar sobre a palavra e receber o corpo eucarístico de Cristo sem a presença do padre.

No livro dos Atos dos Apóstolos 6,1b, os discípulos de origem grega reclamavam de que “suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário”. Os apóstolos, então, decidiram que os gregos deveriam escolher homens para esse serviço. Podemos fazer muitas leituras dessa perícope. Desde a entrega dos alimentos diários para o sustento, bem como da transmissão da Palavra de Deus.

A missa está dividida em dois grandes momentos: Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística. A primeira, conhecemos bem. A segunda, pode ser dividida em duas etapas, a Oração Eucarística e o Rito da Comunhão. A oração eucarística é o momento de ação de graças a Deus pela vida dos fiéis, da igreja, e da comunidade. É também o momento em que cremos acontecer a transubstanciação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo.  A Oração Eucarística é um momento de ação de graças, louvor e adoração a Deus, e os fiéis unem-se a Cristo ao oferecer esse sacrifício ao Pai em comunhão com toda a Igreja.

Após a “consagração” os fiéis se aproximam do altar para comungar do corpo do senhor Jesus. Só, e somente só do corpo. O cálice com o sangue é consumido pelo sacerdote, ou pelo diácono (a explicação sobre isso ficará para uma próxima oportunidade).

A Celebração da Palavra de Deus revive alguns desses momentos. Primeiro, nos aproxima da Palavra de Deus, que é proclamada e refletida por quem dirige a Celebração. Segundo, convida aos fiéis participantes a rezarem pela Igreja, pelos fiéis defuntos, pela comunidade, pelas famílias. Em seguida, rende a Deus louvores por nos ter reunido para juntos partilharmos os dons recebidos. Depois, participamos da comunhão. Comungamos o corpo do Senhor Jesus.

As nossas comunidades precisam entender que é melhor uma celebração da Palavra, do que ficarem as portas das Igrejas, capelas ou oratórios, fechadas nos afastando da Palavra de Deus, e do Corpo do Senhor Jesus.

Valorize a missa. Ela nos dá o pão da vida. Não rejeite a Celebração da Palavra, ela nos dá o pão da palavra e o pão da vida, a comunhão eucarística.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

SANTOS PADROEIROS DAS MISSÕES

Outubro foi o mês dedicado às missões. Diante dessa realidade, a Igreja nos apresenta alguns santos que se dedicaram às missões, seja rezando, seja agindo.

A padroeira por excelência das missões é Santa Teresinha do Menino Jesus. Entretanto, outros também são exemplos da missionaridade da Igreja: São Francisco Xavier; São Paulo Apóstolo; Santa Francisca Xavier Cabrini; São Vicente de Paulo.

Santa Teresinha do Menino Jesus. Viveu uma vida de profunda oração e simplicidade, adotando o que ela chamou de “caminho da infância espiritual”, que enfatiza a confiança total em Deus e a busca da santidade nas pequenas coisas do dia a dia. Seu lema era “fazer o bem com amor”, e ela acreditava que até as menores ações poderiam ter grande valor quando feitas por amor a Deus.

Em “A História de uma Alma” compartilhou sua espiritualidade e experiências. Apesar de sua vida curta — ela faleceu em 30 de setembro de 1897, aos 24 anos, devido a tuberculose — sua influência foi enorme.

Santa Teresinha foi canonizada em 1925 e, em 1997, proclamada Doutora da Igreja, reconhecendo a profundidade de seu ensinamento espiritual. É considerada a padroeira das missões, mesmo nunca tendo saído da clausura, por sua intensa vida de oração e intercessão. Sua vida e obra continuam a inspirar muitos ao redor do mundo.

São Francisco Xavier é conhecido por seu trabalho missionário, especialmente na Ásia. Em 1541, ele partiu para a Índia, onde evangelizou em várias regiões, como Goa. Ele se destacou por sua habilidade em aprender línguas locais e adaptar sua abordagem às culturas que encontrava. Francisco foi um dos primeiros missionários a chegar ao Japão, onde fez grandes esforços para difundir o cristianismo. Viajou extensivamente, estabelecendo comunidades cristãs e incentivando a educação e o cuidado dos pobres. Sua dedicação e fervor missionário lhe valeram um lugar especial na história da evangelização. Faleceu em 3 de dezembro de 1552, na ilha de Shangchuan, na China, enquanto tentava entrar no país. Foi canonizado em 1622, e é considerado um dos maiores missionários da história, sendo o padroeiro dos missionários. Sua vida e trabalho continuam a inspirar pessoas ao redor do mundo.

Santa Francisca Xavier Cabrini. Desde jovem sentiu um forte chamado à vida religiosa. Em 1877, fundou a Congregação das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, com o objetivo de educar e cuidar dos imigrantes.

Nos Estados Unidos se dedicou a atender as necessidades dos imigrantes italianos, que enfrentavam dificuldades em sua nova terra. Fundou várias instituições, incluindo escolas, hospitais e orfanatos, sempre buscando proporcionar apoio e orientação espiritual à comunidade.

Ao longo de sua vida, trabalhou incansavelmente, estabelecendo 67 instituições em diferentes lugares, principalmente nos Estados Unidos e na América Latina. Santa Francisca enfrentou muitos desafios, incluindo a resistência local, mas sua fé e determinação nunca vacilaram. É considerada a padroeira dos imigrantes e sua vida continua a inspirar o trabalho missionário e a caridade em todo o mundo.

São Vicente de Paulo. Desde jovem, demonstrou uma forte vocação religiosa e estudou para se tornar sacerdote. Após ser capturado por piratas e passar algum tempo como escravo, conseguiu escapar e voltou à França, onde foi ordenado.

Vicente teve uma conversão espiritual profunda que o levou a se dedicar à ajudar os pobres e necessitados. Em 1617, fundou a Confraria da Caridade, que mobilizava a comunidade para assistir os mais necessitados. Com o tempo, ele também fundou a Companhia de São Vicente de Paulo, que focava na formação de sacerdotes e na assistência social. Trabalhou incansavelmente para melhorar as condições de vida dos pobres, organizando serviços de caridade e promovendo a dignidade humana. Vicente foi um defensor dos direitos dos trabalhadores e dos marginalizados. Suas ações e ensinamentos enfatizavam a importância da compaixão e do serviço aos outros.

Vicente de Paulo foi canonizado em 1737 e é reconhecido como o padroeiro das obras de caridade e dos assistentes sociais. Sua vida continua a inspirar muitos a trabalhar em prol dos necessitados e a viver a mensagem do amor cristão.

São Paulo. Nasceu em torno do ano 5 d.C. na cidade de Tarso, na Cilícia (atual Turquia). Era um fariseu e um perseguidor fervoroso dos cristãos, participando ativamente da perseguição aos seguidores de Jesus.

Sua vida mudou quando teve uma experiência mística na estrada para Damasco. Durante essa viagem, ele teve uma visão de Jesus ressuscitado, que o questionou sobre sua perseguição aos cristãos. Essa experiência o transformou profundamente, levando-o a se converter ao cristianismo e a se tornar um dos mais influentes apóstolos.

Paulo passou a viajar extensivamente pelo Império Romano, pregando o Evangelho e fundando comunidades cristãs em várias cidades. Ele escreveu muitas cartas (Epístolas) que se tornaram parte do Novo Testamento, abordando questões teológicas e práticas da vida cristã.

Suas missões e ensinamentos enfatizavam a universalidade da mensagem cristã, a graça de Deus e a fé em Jesus Cristo como o caminho para a salvação. Paulo enfrentou perseguições e sofrimentos, incluindo prisões, mas continuou a pregar com fervor.

Foi preso em Jerusalém e levado a Roma, onde foi martirizado. São Paulo é considerado um dos maiores missionários e teólogos da história do cristianismo, e sua influência continua a ser sentida até hoje.

A vida dos santos e santas é fonte de inspiração e modelo de que o serviço a Deus é possível quando se crê de coração. Que eles e elas nos inspirem em nossas ações missionárias, e que nos ajudem a não desanimar nas horas de provação.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

(as citações entre aspas foram compiladas do Catecismo da Igreja Católica entre os parágrafos 328 e 354).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

OS ANJOS

O credo Niceno-Constantinopolitano declara que cremos ”em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, / de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Ao citar as coisas invisíveis, destacam-se os anjos.

A Igreja celebra três anjos, aos quais são denominados de arcanjos: Miguel, Rafael e Gabriel. São esses que, por determinação de Deus, entram em contato com os seres humanos para lhes comunicar a vontade de Deus, ou estar ao lado deles para nos acompanhar, e os defender de ações diretas do maligno.

Por outro lado, temos os outros anjos que não são nomeados, aos quais chamamos de Anjos da Guarda.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que “crer nos anjos é uma verdade de fé”, pois tanto as Sagradas Escrituras como a Tradição são unânimes em afirmar sua existência.

Santo Agostinho diz que “anjo é o nome de ofício, não de natureza. Desejas saber o nome da natureza? Espírito. Desejas saber o ofício? Anjo. (…) Com todo o seu ser, os anjos são servos e mensageiros de Deus. Pelo fato de contemplarem “continuamente o rosto do meu Pai, que está nos céus” (Mt 18,10).

“Enquanto criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e vontade, são criaturas pessoais e imortais. Excedem em perfeição todas as criaturas visíveis”.

“Da Encarnação à Ascensão, a vida do Verbo Encarnado é rodeada de adoração e serviço dos anjos. Quando Deus ‘introduziu no mundo seu Primogênito, disse: Adorem-no todos os anjos (Hb 1,6)’. Eles protegem a infância de Jesus, servem-no no deserto e confortam-no na agonia. São ainda os anjos que evangelizam, anunciando a boa nova da Encarnação e da Ressurreição de Cristo”.

“A Igreja venera os anjos, que a ajudam na sua peregrinação terrestre e protegem todo gênero humano”.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

(as citações entre aspas foram compiladas do Catecismo da Igreja Católica entre os parágrafos 328 e 354).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA

No próximo dia 12 de outubro celebraremos a memória de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, ou, simplesmente, Nossa Senhora Aparecida.

Para nossa reflexão de hoje, vejamos alguns dos milagres relacionados com esse episódio da história do Brasil.

O primeiro milagre se refere à Pesca Milagrosa. Dois pescadores enfrentavam dificuldades para encontrar peixes no rio Paraíba do Sul. Após a descoberta da imagem conseguiram encher a rede de pesca. A fartura teria sido tão grande, que os pescadores tiveram que fazer várias viagens para levar os pescados até a margem do rio. O episódio ficou conhecido como o primeiro milagre da Santa, que após um longo período de escassez de peixes, teria trazido alimento e prosperidade para os pescadores.

Nesse milagre, observamos como Deus, através da Mãe de Jesus, nos dá o pão nosso de cada dia. Alimentando seu povo, tanto física, como espiritualmente.

O segundo milagre são as Velas. Após o encontro da imagem, a Santa passou a conquistar devotos, que se reuniam sempre aos pés de Nossa Senhora Aparecida, em um altar na aldeia de pescadores, para rezar. Em uma dessas vezes, enquanto estavam em oração, as velas acesas pelos fiéis teriam se apagado repentinamente, mesmo sem vento ou sem qualquer outra circunstância que pudesse ter apagado as chamas. Uma devota teria se levantado para acender novamente as velas, mas antes que pudesse se aproximar do altar, as chamas das velas teriam se reacendido sozinhas. A situação foi atribuída como uma intercessão da Santa.

Deus é luz. A palavra de Deus é luz para nosso caminho. Maria, a mãe de Jesus, nos indica a luz que brilha nas trevas. Jesus brilha para indicar o caminho para o Reino de Deus.

O terceiro milagre, cura da Menina Cega. Segundo relatos da época, uma menina que nasceu deficiente visual e não conseguia enxergar, conheceu a história da pesca milagrosa e se encantou pela Padroeira, tendo interesse em vir até Aparecida, para estar próxima da Santa.

A menina morava em uma cidade longe de Aparecida, mas a família conseguiu reunir esforços para realizar o desejo da criança e conseguiram pegar a estrada para trazê-la até o Vale do Paraíba. No trajeto, quando estavam chegando a Aparecida, a menina, que não enxergava nada, teria olhado para o horizonte e conseguido ver a Capela dedicada à santa, surpreendendo a todos, pois teria voltado a enxergar. Para a família, a jovem teria recebido um milagre da Padroeira.

A fé abre os olhos daqueles que buscam a Deus com sinceridade de coração (“Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” – Mt 5,8). Todas e todos que buscam a Deus, e se deixam envolver por sua palavra, tem os olhos abertos para as mazelas e dificuldades da vida, mas que podemos passar por tudo isso crendo que Deus está no meio de nós.

O quarto milagre nos remete às correntes que prendiam o Escravo Zacarias. Um escravo chamado Zacarias, que vivia acorrentado, teria conseguido fugir da fazenda onde era violentado e seguiu seu caminho arrastando as correntes no chão, enquanto buscava pela própria liberdade.

Na fuga, o homem teria passado pela capela de Aparecida, se ajoelhado e rezando aos pés da Santa. Enquanto fazia suas orações, as correntes que prendiam os pés e mãos de Zacarias teriam se soltado repentinamente, libertando-o.

Nenhuma mãe quer ver seus filhos acorrentados, sendo escravos. A liberdade é um tema fundamental na vida humana. A escravidão é um atentado contra o amor de Deus pela humanidade. Em Lucas, 4,18 Jesus declarou que veio libertar os cativos.

O quinto milagre, o Cavaleiro descrente. Um cavaleiro não tinha fé na Santa e debochava de quem acreditava no poder dela. Um dia esse homem teria tentado entrar na igreja montado a cavalo, mas não conseguiu, pois as patas do animal ficaram imóveis, presas ao chão no primeiro degrau da igreja.

Para os devotos, o animal não ter conseguido entrar na igreja foi um feito da Padroeira, para mostrar a quem não acreditava que ela estava presente e impedir que uma pessoa que desrespeitava a fé entrasse no local.

Nada pode destruir a fé na mãe de Deus. Ela sempre está pronta a nos defender dos ataques que querem nos apartar do coração de Deus, de Jesus e da Igreja.

O sexto milagre, o Salvamento de um afogamento. Um menino de apenas três anos brincava em um barco às margens do Rio Paraíba, quando caiu na água. Ao perceberem o ocorrido, familiares rezaram para Nossa Senhora Aparecida para que o protegesse e o menino não morresse afogado. No mesmo momento, a criança teria começado a boiar na água e sido resgatado pelos parentes. O menino foi resgatado sem engolir uma gota de água, o que demonstraria a intercessão da Padroeira na fé da família.

Fazer memória à mãe de Jesus, e nossa, é colocar nossa vida em missão. Anunciando que Deus é libertador, que gera vida, que não quer seus filhos e filhas escravos e cegos. E se “as águas do mar vida quiserem te afogar, segura nas mãos de Deus, e vai”. São Paulo ao falar aos Romanos, afirma: “nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 8,39c).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

BÍBLIA – INSPIRAÇÃO PARA A VIDA

Ontem celebramos a memória de São Jerônimo, tradutor das Sagradas Escrituras do hebraico e grego para o latim. Hoje, reproduzo aqui parte de suas palavras sobre o prólogo do profeta Isaías. Aproveite para meditar como anda sua relação com a palavra de Deus.

Do Prólogo ao Comentário sobre o Profeta Isaías, de São Jerônimo, presbítero. (Séc.V)

Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo

Pago o que devo, obediente aos preceitos de Cristo que diz: Perscrutai as Escrituras (Jo 5,39); e: Buscai e achareis (Mt 7,7). Assim que não me aconteça ouvir com os judeus: Errais, sem conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22,29). Se, conforme o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder de Deus e sua sabedoria, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.

Daí que eu imite o pai de família que de seu tesouro tira coisas novas e antigas. E a esposa, no Cântico dos Cânticos, que diz: Coisas novas e antigas, irmãozinho meu, guardei para ti (cf. Ct 7,14 Vulg.). E explicarei Isaías ensinando a vê-lo não só como profeta, mas ainda como evangelista e apóstolo. Ele próprio falou de si e dos outros evangelistas: Como são belos os pés daqueles que evangelizam boas novas, que evangelizam a paz (Is 52,7). E também Deus lhe fala como a um apóstolo: Quem enviarei, e quem irá a este povo? E ele respondeu: Eis-me aqui, envia-me (cf. Is 6,8).

Ninguém pense que desejo resumir em breves palavras o conteúdo deste livro, pois esta escritura contém todos os mistérios do Senhor, falando do Emanuel, o nascido da Virgem, o realizador de obras e sinais estupendos, o morto e sepultado, o ressurgido dos infernos e o salvador de todos os povos. Que direi de física, ética e lógica? Tudo o que há nas santas Escrituras, tudo o que a língua humana pode proferir e uma inteligência mortal receber, está contido neste livro. Atesta esses mistérios quem escreveu: Será para vós a visão de todas as coisas como as palavras de um livro selado; se é dado a alguém que saiba ler, dizendo-lhe: Lê isto, ele responderá: Não posso, está selado. E se for dado a quem não sabe ler e se lhe disser: Lê, responderá: Não sei ler (Is 29,11-12).

E se alguém parecer fraco, ouça as palavras do mesmo Apóstolo: Dois ou três profetas falem e os outros julguem; mas se a outro que está sentado algo for revelado, que se cale o primeiro (1Cor 14,32). Como podem guardar silêncio, se está ao arbítrio do Espírito, que fala pelos profetas, o calar-se e o falar? Se na verdade compreendiam aquilo que diziam, tudo está repleto de sabedoria e de inteligência. Não era apenas o ar movido pela voz que chegava a seus ouvidos, mas Deus falava no íntimo dos profetas, segundo outro Profeta diz: O anjo que falava a mim (cf. Zc 1,9), e: Clamando em nossos corações, Abba, Pai (Gl 4,6), e: Ouvirei o que o Senhor Deus disser em mim (Sl 84,9). (Fonte: Liturgia das Horas. Ofício das Leituras, segunda leitura. App ILiturgia)

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

BÍBLIA – INSPIRAÇÃO PARA A VIDA

A Palavra de Deus é fonte de inspiração e de direção para a convivência humana. Segundo São Paulo, “toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2Tm 3,16-17).

Jesus foi um exemplo para nós de como usar a Sagrada Escritura para vencer as tentações às quais somos submetidos todos os dias.

Ao iniciar sua missão, segundo o Evangelho de Mateus, Jesus rebate o Satanás com a Palavra de Deus. Ao ser questionado de sua essência divina, diante da fome é incitado a transformar pedra em pão. Viver de sua condição divina para mudar a realidade não era a missão de Jesus. Diante da fome, que é uma necessidade vital humana, e da tentação de fazer qualquer coisa para saciar sua fome, Jesus afirma, pela escritura, que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.

Ao ser questionado sobre sua filiação divina, e que poderia fazer tudo porque Deus o salvaria de todo mal, ele afirmou que a escritura diz “não tentarás o senhor Deus”.

A seguir, o tentador propõe a Jesus ser reconhecido por todos e todas desde que prestasse culto a ele, senhor do mundo, e a resposta de Jesus foi, “somente a Deus prestará culto, e só a Ele servirá”.

 Quando Paulo afirma que “toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra”, ele nos faz um alerta para estarmos sempre atentos à palavra de Deus para conduzir a nossa vida.

Ao afirmar que a Escritura é inspirada por Deus, ele nos lembra que, por trás das palavras, existe uma autoridade divina. Isso significa que não estamos lidando apenas com um texto humano, mas com uma revelação que tem o poder de transformar vidas. A Escritura nos conecta à vontade de Deus e nos proporciona direção em tempos de dúvida.

A Palavra de Deus é a base do nosso conhecimento sobre quem Ele é e como devemos viver. Ela nos ensina a verdade e nos orienta em meio a tantas vozes que tentam nos desviar do caminho.

Em um mundo repleto de enganos e falsas doutrinas, a Escritura nos dá a sabedoria para identificar o que é falso.

A Escritura não apenas aponta o que está errado, mas nos mostra o caminho de volta ao Senhor. Deus, em sua graça, deseja que nos afastemos do erro e voltemos para Ele.

A justiça de Deus é um tema central em sua Palavra. Aprendemos como viver de maneira que agrada a Ele e como nos relacionar de forma justa com os outros.

Por fim, Paulo nos revela o propósito maior: que o homem de Deus seja perfeito e preparado para toda boa obra. A Escritura tem um objetivo claro: nosso crescimento espiritual e a capacitação para o serviço. Ser “perfeito” não significa ser sem falhas, mas maduro, completo. À medida que mergulhamos na Palavra, somos moldados e equipados para agir conforme a vontade de Deus, levando Sua luz ao mundo.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

ORAR COM A BÍBLIA

A nossa fé está baseada nas Sagradas Escrituras, ou seja, na Palavra de Deus. Patriarcas, profetas, reis, discípulos, apóstolos, primeiro ouviram o chamamento de Deus, meditaram sobre esse chamado, e colocaram-se à disposição para o serviço.

Muitos de nossos santos e santas deixaram-se envolver pela palavra de Deus. E, como Jeremias, deixaram-se seduzir por Deus: “seduziste-me, senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7).

Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola nos ensinam a como rezar com a palavra de Deus. Como conformar a nossa vida com o chamamento de Deus. A esse tipo de oração chamamos de lectio divina, ou Leitura Orante da Palavra de Deus. Para que possamos tirar proveito dessa Leitura Orante, vou deixar algumas pistas de como fazer esse caminho.

Primeiramente, é importante escolher o texto a ser meditado, rezado ou contemplado. Como sugestão, peque uma das leituras da liturgia diária, de preferência o Evangelho do dia.

Segundo, faça a leitura desse texto. A isso nós chamamos de Lectio, ou Leitura. Leia o texto bíblico lentamente e com atenção. Não se trata de uma leitura rápida, mas de uma leitura cuidadosa e reflexiva. Busque entender o conteúdo do texto, prestando atenção às palavras e frases. Se for preciso, leia o texto várias vezes..

Terceiro, faça a Meditatio (Meditação). Reflita sobre o que você leu. Pergunte-se o que o texto está dizendo, o que ele revela sobre Deus e sobre você mesmo. Considere as imagens, os temas e as mensagens do texto. Que sentimentos o texto provocou em você. Isso permiti que a Palavra de Deus entre em seu coração e mente. Medite sobre como a passagem se relaciona com sua vida e suas experiências.

Quarto, a Oratio (Oração). Converse com Deus sobre o que você leu e meditou. Esta etapa é um diálogo pessoal com Deus, expressando seus pensamentos, sentimentos e respostas ao que você descobriu. Observe suas reações, gratidão, arrependimento ou pedidos de ajuda baseados na reflexão que fez. É um momento para abertura e comunhão com Deus.

Quinto, a Contemplatio (Contemplação). Descanse em Deus e permita que a Palavra de Deus penetre profundamente em seu ser. Este é um tempo de silêncio e presença, onde você se abre para a experiência direta da presença divina. Tempo de vivenciar a paz e a presença de Deus. A contemplação é uma abertura ao mistério de Deus e um tempo para estar com Ele sem a necessidade de palavras.

Sexto, a Actio (Ação). Reflita sobre como aplicar a mensagem e as ideias recebidas para sua vida. Considere como suas ações e decisões podem ser moldadas pela Palavra que você meditou. Viver de acordo com o que você aprendeu e experimentou, traduzindo a experiência espiritual em ações concretas no seu dia a dia.

Esse itinerário não dever ser feito como quem responde um questionário. É preciso dedicar um tempo para essa oração. Sugiro entre trinta e sessenta minutos. Por isso, é importante:

1. Ter regularidade. Pratique a Lectio Divina regularmente (de preferência todos os dias, incluindo sábado e domingos) para desenvolver uma relação mais profunda com a Palavra de Deus.

2. Ambiente. Escolha um lugar tranquilo e livre de distrações para a prática.

3. Use um caderno para anotar suas reflexões e ideias, o que pode ajudar na meditação e na aplicação prática.

A Lectio Divina não é um estudo bíblico. É um caminho espiritual que busca uma transformação interior e uma experiência mais profunda da presença e da vontade de Deus em sua vida. Aproveite o mês dedicado à Bíblia e comece a praticar a Lectio Divina, e deixe-se seduzir por Deus.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

“CRESCER NA LEITURA DA BÍBLIA”

A leitura, meditação e oração da Palavra Deus deve ser um processo de crescimento pessoal e comunitário na vida dos católicos, e dos cristãos de uma forma geral.

Em 2003 a CNBB publicou, na série estudos da CNBB, foi publicado o livro 86, cujo título é “Crescer na Leitura da Bíblia”. Neste opúsculo, os bispos afirmam que a Palavra de Deus deve ser valorizada tal qual a eucaristia. O tipo de leitura que fazemos da Bíblia tem influência em nosso modo de compreender Deus, de viver como Igreja, e como agimos no mundo, e nos relacionamos uns com os outros.

“Na bíblia, o povo alimenta sua fé e redescobre o que já estava proclamado no salmo 145: “O Senhor está perto de todos os que o invocam, dos que o invocam de coração sincero””.

A Bíblia “não é um livro que se deve estudar para exibir conhecimento. É a Palavra para se ouvir e guardar no coração, deixando-se transformar por ela. Nenhuma explicação substitui a própria leitura do texto bíblico”.

“Pessoas em situações diferentes descobrem e valorizam coisas diferentes no texto. Toda experiência é necessariamente interpretada. Seu efeito depende da cultura, das preocupações, dos valores e da capacidade de compreensão da pessoa que a vivencia”.

Em tempos em que “tudo muda e perde credibilidade rapidamente, a Palavra de Deus continua tendo prestígio. A grande força da Bíblia está em ser inspiradora de projetos de vida. Ela é a grande mobilizadora nas Igrejas cristãs”.

O estudo da Bíblia é fundamental para uma vivência de fé coerente com a Palavra de Deus. Existem peculiaridades em cada livro ou texto da Bíblia. Foram escritos em tempos distintos. Por pessoas inseridas em uma cultura específica, diferente da nossa. Com exigências sociais que diferem das atuais. Por isso, devemos estudar a Bíblia para deixarmos de lado uma “análise ingênua do texto”.

“As pessoas podem ter algumas dificuldades com as novas chaves de leitura que lhes são oferecidas: alguns conceitos terão que ser revistos, algumas ideias reformuladas, algumas certezas podem ser questionadas. É inegável que há quem tenha medo de aprender mais, com o receio de se desorientar, de entrar em crise”. É preciso dar tempo para que novas ideias criem raízes sem muito problema e com a profunda alegria de alargar horizontes.

Aproveitemos o mês para da Bíblia para fazermos uma “faxina” no nosso conhecimento bíblico. Deixarmos de lado aquilo que não responde mais às exigências de nosso tempo, e buscarmos respostas para os problemas que afligem a humanidade do século XXI.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

“TUA PALAVRA É LÂMPADA PARA MEUS PÉS” (Sl 119,105)

Em setembro, recordamos a importância da Palavra de Deus em nossa vida.

A Igreja no Brasil dedica esse mês à Bíblia, pois fazemos memória de São Jerônimo, tradutor da Palavra de Deus do hebraico e grego para o latim.

Uma das frases mais conhecidas de São Jerônimo é, “desconhecer a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”.

O Salmo 119,105 afirma que: “Tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho”. Para o salmista, é a palavra de Deus que guia os caminhos da vida. Que ilumina as adversidades. Que conduz os passos da humanidade.

Na carta aos Hebreus lemos, “A palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto onde a alma e o espírito se encontram, e até onde as juntas e medulas se tocam; ela sonda os sentimentos e pensamentos mais íntimos” (Hb 4,12). A palavra de Deus nos move. Diante dela não podemos ficar indiferentes. Ela nos inspira. Nos corrige. Nos salva. E porque não dizer, nos incomoda!

São Paulo, na segunda carta a Timóteo (2 Tm 3,15), afirma que “toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça”. A palavra de Deus não está desconectada da nossa vida.

Para o mês da Bíblia de 2024, a Igreja nos propõe o tema “Porei em vós o meu Espírito e vivereis” (Ez 37,14).

Segundo a Introdução ao livro de Ezequiel, da Bíblia Edição Pastoral, o futuro é de ressurreição (Ez 36-37) e novidade radical. Com sua linguagem simbólica, Ezequiel indica os passos para a construção do mundo novo, vejamos:

1) Assumir a responsabilidade pelo fracasso histórico de um sistema que se corrompeu completamente, provocando a ruína de toda a nação.

2) Compreender que a simples reforma de um sistema corrompido não gera nenhuma sociedade nova; apenas reanima o velho sistema que, cedo ou tarde, acabará sempre nos mesmos vícios.

3) Converter-se a Javé, assumindo o seu projeto; e, a partir daí, construir uma sociedade justa e fraterna, voltada para a liberdade e a vida.

Com esse “programa profético”, vislumbramos um futuro novo: Deus volta para o meio de seu povo (Ez 43,1-7), provocando o surgimento de uma sociedade radicalmente nova. Aí todos poderão participar igualmente dos bens e decisões que constroem a relação social a partir da justiça. Desse modo, todos poderão reconhecer que «a partir desse dia, o nome da cidade será: Javé está aí» (48,35).

Aproveitemos esse mês para reforçar nossa oração com a Palavra de Deus, a chamada lectio divina. Leia. Medite. Viva.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

LEIGO A IGREJA PRESENTE NO MUNDO

A vocação do leigo é complementar às vocações ordenadas e consagradas. São testemunhos na Família, e na Igreja, através de vários serviços, dentre eles, o serviço de Catequista. Além desse, os diversos ministros extraordinários que conhecemos em nossas paróquias.

Para representar todos os ministérios leigos dentro da Igreja, destaco o ministério de catequista.

A vocação de catequista é um chamado específico para ensinar e formar a fé cristã dentro da comunidade paroquial. Catequistas desempenham um papel fundamental na educação religiosa, ajudando a transmitir a doutrina da Igreja e a formar a espiritualidade das crianças, jovens e adultos.

A vocação de Catequista apresenta algumas características.

Primeiro, Ensinar a Fé: O principal papel do catequista é ensinar os fundamentos da fé cristã, incluindo a Bíblia, os sacramentos, a moral e a vida cristã prática.

Segundo, Formação Espiritual e Moral: Além do ensino teórico, o catequista também deve ajudar a formar a vida espiritual e moral dos catequizandos, incentivando uma vivência autêntica da fé.

Terceiro, Testemunho de Vida: Um catequista deve ser um exemplo vivo dos ensinamentos que transmite, demonstrando uma vida de fé, integridade e compromisso com os valores cristãos.

Quarto, Papel Comunitário: Catequistas frequentemente trabalham em estreita colaboração com outros membros da comunidade paroquial, como padres, outros catequistas e pais, para promover uma educação religiosa coerente e eficaz.

Quinto, Apoio e Orientação: Além do ensino, os catequistas também oferecem apoio pastoral, ajudando os catequizandos a lidar com dúvidas e desafios na sua vida espiritual e pessoal.

Além das características, é preciso que o catequista tenha uma esmerada Formação e Preparação.

Educação e Treinamento: Um catequista precisa passar por um período de formação que inclui estudos teológicos, pedagogia e metodologia catequética. Muitas dioceses e paróquias oferecem programas de formação específicos para catequistas.

Experiência Prática: A formação pode incluir prática em sala de aula, onde os catequistas têm a oportunidade de aplicar o que aprenderam e desenvolver suas habilidades de ensino e comunicação.

Acompanhamento Espiritual: É importante que os catequistas tenham um acompanhamento espiritual contínuo, podendo se beneficiar de direção espiritual ou encontros de formação contínua para aprofundar sua vida de fé e sua capacidade de ensinar.

Para a Igreja, o catequista tem uma importância vital. Os catequistas desempenham um papel crucial na transmissão da fé às novas gerações e na formação contínua dos membros da Igreja. Eles ajudam a manter viva a tradição cristã e a preparar os fiéis para uma vida cristã madura e comprometida.

Para se tornar um catequista é preciso alguns passos. Primeiro passo é conversar com o pároco ou coordenador de catequese da sua paróquia. Eles poderão orientá-lo sobre os requisitos específicos e o processo de formação na sua comunidade. O discernimento é um aspecto importante, já que essa vocação exige não apenas habilidades pedagógicas, mas também um profundo compromisso espiritual e pastoral.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

Vida Consagrada

A vocação à vida consagrada é um chamado especial dentro da Igreja Católica, onde pessoas escolhem dedicar sua vida de maneira singular ao serviço de Deus e da comunidade. Isso pode se manifestar de várias formas, como em ordens religiosas, congregações e instituições que seguem um estilo de vida específico de oração, serviço e compromisso.

Características da Vocação à Vida Consagrada:

Consagração: Os indivíduos que seguem essa vocação fazem um voto de consagração, dedicando-se plenamente a Deus e à missão da Igreja.

Vida Comunitária: Muitas vezes, isso envolve viver em comunidade com outros consagrados, partilhando a vida diária e os compromissos espirituais e apostólicos.

Votos: Os consagrados fazem votos, que podem incluir pobreza, castidade e obediência, dependendo da ordem ou congregação.

Missão: O serviço à comunidade e à Igreja é um aspecto central. Isso pode incluir educação, cuidado dos pobres, trabalho pastoral e outras atividades que visam o bem-estar espiritual e social.

Espiritualidade: A vida consagrada é marcada por uma profunda vida de oração e contemplação, buscando sempre uma maior união com Deus.

Como é Vivida:

Religiosos e Religiosas: Existem diversas ordens e congregações, como os Franciscanos, Dominicanos, Jesuítas, entre outros, cada uma com sua espiritualidade e missão específica.

Eremitas e Contemplativos: Algumas pessoas optam por uma vida mais isolada ou contemplativa, vivendo em solidão e dedicando-se intensamente à oração e meditação.

Institutos Seculares: Outras pessoas escolhem viver no mundo, trabalhando e participando da vida secular, mas mantendo um compromisso de vida consagrada dentro da sociedade.

Chamado e Formação: O discernimento é uma parte importante do processo. Geralmente, as pessoas passam por um período de formação que inclui estudo teológico, treinamento espiritual e experiência prática para confirmar sua vocação. Esse processo pode levar vários anos e é guiado por mentores e líderes da comunidade consagrada.

Se você está considerando essa vocação ou apenas interessado em saber mais, é recomendável conversar com um diretor espiritual ou um membro de uma congregação que possa oferecer orientação e informações mais detalhadas.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

FAMÍLIA

A Igreja procura ordenar a vida daqueles que a ele estão ligados pelos laços do Batismo. Em 1981 o papa São João Paulo II, tendo em vista a atuação das famílias cristãs no mundo escreveu a exortação apostólica “FamiliarisConsortio”.

Nesta exortação, o santo Papa destacou o papel fundamental da família; a família como comunidade de amor; educação e formação; desafios e perigos; a família e a missão no mundo; apoio à Igreja.

Quanto aopapel fundamental da Família, destaca-se que a família é a célula básica da sociedade e da igreja. Acrescenta que a família é o local fundamental para a educação moral e espiritual dos filhos, por isso, é “santuário da vida”. A família também é escola de virtudes e valores humanos.

A Família como Comunidade de Amor. O amor conjugal e familiar é reflexo do amor de Deus. A união entre marido e esposa é vista como um sacramento e um modelo para a vida em comunidade. A vida conjugal é uma expressão da Aliança de Deus com a humanidade, e a família é chamada a viver essa Aliança em seu cotidiano.

Educação e Formação. A família deve ter uma especial participação na educação dos filhos, que deve ser integral, englobando aspectos físicos, emocionais, intelectuais e espirituais. A educação cristã é uma responsabilidade primordial dos pais, que devem transmitir a fé e os valores cristãos às novas gerações.

Desafios e Perigos. O documento também reconhece os desafios enfrentados pelas famílias na sociedade moderna, como as mudanças culturais, as tensões econômicas e as pressões sociais. O Papa João Paulo II encoraja as famílias a permanecerem firmes na fé e a buscarem apoio e recursos na comunidade e na Igreja para enfrentar esses desafios.

A Família e a Missão no Mundo. A família cristã é chamada a ser um exemplo e uma luz para o mundo. Ela deve participar ativamente na missão evangelizadora da Igreja, vivendo a sua fé de forma visível e compartilhando os valores cristãos com a sociedade. A missão da família é contribuir para a transformação do mundo segundo os princípios do Evangelho.

Apoio da Igreja. A Igreja deve fornecer orientação, formação e recursos para ajudar as famílias a viverem a sua vocação e a enfrentar as dificuldades.

O Papa Francisco também se deteve sobre o tema da Família. Em 2016, publicou a exortação apostólica pós-sinodal sobre o amor na família “AmorisLaetitia – a alegria do amor”.

Nesta exortação, o Papa Francisco destaca oitos pontos: a alegria do amor; a beleza e a dignidade do casamento; desafios e realidades das famílias; a importância do acompanhamento pastoral; abertura e inclusividade; educação e formação dos filhos; o amor e a família como testemunho; princípios e discernimento.

A Alegria do Amor. Convite à alegria que o amor verdadeiro pode trazer, tanto no casamento quanto na vida familiar. O Papa Francisco destaca que o amor é uma fonte de felicidade e realização, e que a experiência do amor humano deve ser uma expressão da plenitude da vida cristã.

A Beleza e a Dignidade do Casamento. Destaca a dignidade e a beleza do sacramento do matrimônio, enfatizando que o casamento é uma vocação à santidade e à comunhão. Francisco destaca que o amor conjugal é um reflexo do amor de Deus e que deve ser vivido com fidelidade, respeito e generosidade.

Desafios e Realidades das Famílias. Francisco aborda os desafios enfrentados pelas famílias modernas, como a instabilidade matrimonial, a pobreza, e a desigualdade. O Papa reconhece a diversidade de situações e experiências, e convida a Igreja a oferecer um acompanhamento pastoral sensível e realista.

A Importância do Acompanhamento Pastoral. É fundamental a criação de uma pastoral que acompanhe as famílias de maneira personalizada e compreensiva. Ele sugere que a Igreja deve estar mais próxima das realidades vividas pelas famílias e oferecer suporte e orientação para ajudá-las a crescer na fé e no amor.

Abertura e “Inclusividade”. Francisco incentiva a Igreja a ser mais inclusiva e acolhedora, especialmente para aqueles que enfrentam dificuldades, como os divorciados que se recasaram. O documento sugere que a Igreja deve discernir com misericórdia e buscar formas de integrar esses indivíduos na vida comunitária.

Educação e Formação dos Filhos. A exortação sublinha a responsabilidade dos pais na educação de seus filhos, tanto na dimensão humana quanto espiritual. O Papa ressalta a importância de uma formação que promova o crescimento integral das crianças e jovens, baseada nos valores cristãos e no amor familiar.

O Amor e a Família como Testemunho. A “AmorisLaetitia” incentiva as famílias a serem testemunhas do amor de Deus no mundo. A vida familiar deve ser um reflexo da bondade e da misericórdia divina, e as famílias são chamadas a viver de maneira que inspire outras pessoas e mostre a beleza do amor cristão.

Princípios de Discernimento. O Papa introduz o conceito de “discernimento” na vida familiar, sugerindo que decisões e ações devem ser tomadas com sensibilidade e cuidado, respeitando as circunstâncias individuais e promovendo o bem-estar dos membros da família.

Ao lembrarmos a vocação à família essas duas exortações apostólicas sejam a nossa guia para a construção de uma família que se aproxime da família de Nazaré.

Jesus, Maria e José, nossa família vossa é!

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

MINISTÉRIOS ORDENADOS: Epíscopo, Presbítero, Diácono

A Igreja Católica, no Brasil, aproveita o mês de agosto para refletir sobre as vocações. No primeiro domingo faz referência às vocações ordenadas: bispo, padre e diácono. No segundo, lembra a vocação à família, matrimônio. No terceiro, faz menção à vocação da vida religiosa. E no último domingo, lembra os leigos na pessoa dos catequistas.

Ao lembrar as vocações ordenadas são celebrados dois santos: João Maria Vianney, e São Lourenço. O primeiro, padroeiro dos padres, o segundo, padroeiro dos diáconos.

O sacramento da ordem é composto de três classes que agem na Igreja em harmonia entre si. O grau mais alto e pleno desse sacramento é o bispo. Ele é o condutor da comunidade católica. O bispo representa o governo da Igreja. Ele é a personificação dos apóstolos. Escolhido dentre os sacerdotes, é ordenado. As insígnias que representam essa vocação são a cruz peitoral, o anel episcopal, o báculo e a mitra, símbolos do governo. São so sucessores dos apóstolos.

O presbítero (sacerdote ou padre) ocupa o segundo grau da ordem. Ele é ordenado para auxiliar o bispo naquilo que é seu ministério, ou seja, abastecer a comunidade paroquial com ceia eucarística, atender os fiéis penitentes no sacramento da confissão, ungir os doentes com a unção dos enfermos. Ministram os sacramentos do batismo e do matrimônio. Na sua ordenação tem as mãos ungidas para a bênção e consagração das espécies eucarísticas. Como símbolo, recebe das mãos do bispo a patena e o cálice.

O diácono ocupa o terceiro grau da ordem. É ordenado para o serviço. Seu ministério está ligado diretamente ao bispo. Ao diácono são entregue o livro dos Evangelhos, pois é servidor da Palavra; o que o motiva servir na caridade e na liturgia. O diácono é ministro do Batismo e do Matrimônio; da exposição e bênção do Santíssimo Sacramento. Pode abençoar (benzer) medalhas, imagens, objetos de devoção, bem como, casas, estabelecimentos de comércio, cultura etc. É ministro das Exéquias. Preside celebrações da Palavra de Deus. Proclama o Evangelho nas celebrações litúrgicas, e pode fazer a homilia. Os bispos e sacerdotes exercem as funções diaconais também. É a velha máxima, quem pode mais, pode menos.

As vocações ordenadas estão ligadas diretamente à condução da comunidade religiosa, seja ela universal ou local. Cada um tem uma função específica dentro a Igreja. Reze pelo seu bispo, pelo seu pároco, e pelos diáconos.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

SANTO INÁCIO DE LOYOLA

“TOMAI, SENHOR, E RECEBEI”!

Dia 31 de julho é comemorado o dia de Santo Inácio de Loyola, data de sua morte. Ele
é um dos santos que foram canonizados em um breve espaço de tempo. Entre sua
morte, e a proclamação de sua santidade passaram-se, apenas, 66 anos.

Alguns poucos conhecem a vida Inácio de Loyola. Era nobre. Servia ao rei da
Espanha. Fora educado para ser um verdadeiro fidalgo. Cresceu na riqueza da corte,
era esportista, apreciava a equitação.

Fora enviado à corte do rei de Castela, onde se tornou pagem e cortesão. Aprimorou
sua cultura, tornou-se um exímio cavaleiro. Tomou gosto pelas aventuras militares.
Valorizava mais o orgulho do que a luxúria. Seu gosto pela carreira militar o levou ao
reino de Navarra, o qual defendeu em várias batalhas militares e diplomáticas.

Em maio de 1521 um acidente mudou a vida dele. Atingido por uma bala de canhão,
teve a tíbia da perna esquerda destroçada. Essa fato o retirou do fronte. Fora
restabelecer-se na casa de uma parente. Teve que trocar as leituras de romances de
cavalaria, por leituras da Vida dos Santos, a Imitação de Cristo, e os Evangelhos, pois
eram esses livros que se tinham na casa. Isso mudou sua vida.

Essas leituras aguçaram em Inácio imitar a vida dos santos, e a conformar-se a uma
nova vida, baseada nos evangelhos. Sentiu-se desafiado pelos feitos de São
Francisco, de São Domingos, de Santo Antônio. Todos nobres como ele.

Inácio era um homem observador do espírito humano. Percebia que quando lia os
livros santos, sentia uma alegria profunda e permanente. E quando lembrava da vida
anterior de guerreio, a alegria era passageira, dando lugar a um vazio. Decidiu, então,
mudar de vida. Dirigiu-se à capela de Nossa Senhora de Montserrat, onde deixou sua
espada no altar, e assumiu a vida de peregrino, deixando para trás o mundo da corte e
das pompas.

A primeira atitude do convertido de Loyola fora tornar-se um eremita. Dirigiu-se a uma
gruta em Manresa, onde vivia como mendigo e em penitência o tempo todo, na solidão.
Nesse período, observou como Deus age na vida do crente, ora dando-lhe alegrias,
ora afastando-se para que a oração seja mais reforçada. Foi em Manresa que ele
escreveu a base do que hoje conhecemos como Exercícios Espirituais. Inácio
percebeu, nesse tempo, que era necessário aprofundar seus estudos de filosofia e
teologia, dirigindo-se a Paris e Veneza.

Em 1534 juntaram-se a ele alguns companheiros, dentre os quais São Francisco
Xavier. Esse é o embrião da Companhia de Jesus (Jesuítas). Até então, eram leigos.
Em 1537 todos foram ordenados sacerdotes, depois de terem feitos os exercícios
espirituais. Três anos após, o Papa Paulo III aprovou a nova ordem, e Inácio fora
escolhido para o cargo de superior geral.

A contribuição de Inácio de Loyola para a Igreja e para a humanidade está baseada na
observação das monções do espírito. No discernimento. E na ordenação das afeições
para que mais se possa amar, servir e louvar a Deus nosso Senhor.

Inácio de Loyola, livre de toda afeição desordenada tornou-se um homem com uma
liberdade tal de espírito que pode dizer a Deus:

“Tomai, Senhor, e recebei, toda a minha liberdade, minha memória e entendimento e
toda a minha vontade. Tudo o que tenho e possuo vós me destes. A vós, Senhor,
restituo. Tudo é vosso. Disponde segundo a vossa vontade. Dai-me o vosso amor e a
vossa graça, pois ela me basta”. (EE 234).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

AVE MARIA

Para nós, de origem latina, a figura materna é importante. Temos na mãDepois da oração do Pai Nosso, a oração da Ave Maria é a mais recitada pelos cristãos católicose a intercessora de nossas necessidades. Quem nunca disse para a sua mãe, “mãe, pede ao pai para eu…”. Inclusive temos um adágio que diz, “pede à mãe que o Filho atende”!

A oração da Ave Maria pode ser dividida em duas partes. Na primeira, temos as palavras do arcanjo Gabriel e de Isabel. Na segunda, nossa petição para a intercessão de Maria.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. No evangelho de Lucas, lemos: “Alegre-se cheia de graça, o senhor está com você” (Lc 1,28b). O anjo reconhece que a graça de Deus está com Maria, e por isso, ela deve se alegrar.

Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Após o anúncio de que Isabel havia concebido na velhice, e que já estava no sexto mês de gestação, Maria partiu ao encontro de Isabel. Ao avistar Maria, Isabel exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre”! Lucas narra que Isabel pode fazer essa saudação porque a criança que ela trazia no ventre vibrou de alegria ao ouvir a voz de Maria. Quantas pessoas vibram com a nossa presença?

A segunda parte da oração está relacionada com a intercessão de Nossa Senhora por nós junto ao Filho.

Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Maria é santa. E o é porque assumiu na sua vida a vontade de Deus. Entregou-se de corpo e alma a missão que Deus Pai (o Pai Nosso) lhe havia reservado. Não hesitou. Disse, “Faça-se em mim segundo a tua palavra”!

Ela roga por nós como rogou pelos noivos nas Bodas de Caná, “Eles não tem mais vinho”. E apontou aos servos o que deveriam fazer, “façam o que ele mandar”.

Maria intercede por todos os que necessitam serem perdoados por Jesus. Ela é nossa intercessora. Ela está, sempre junto do Filho, a olhar por nós e por nossas necessidades, seja nessa vida, seja na hora da morte, tal como uma mãe atenta.

A oração da Ave Maria deve nos remeter a vida de Nossa Senhora, mãe de Jesus. Deve nos recordar tudo que seja referente à nossa salvação, realizada por Jesus.

O Concílio da Calcedônia (451 d.c) declarou que Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus (Concílio da Calcedônio 451 d.C.), a humanidade de Jesus foi transferida por Maria. E sua divindade, pelo Espírito Santo. Aos Filipenses, Paulo disse: “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”!

A humanidade de Maria, sua vida, seu sim, sua trajetória dentro da história da salvação é o que mais se aproxima da perfeição humana. Ao invocarmos Nossa Senhora, busquemos, como ela, dizer, “faça-se em mim segundo a vossa palavra”.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

Pai Nosso

No evangelho de Mateus, a oração do Pai Nosso está inserida dentro do chamado Sermão da Montanha. Os teólogos biblistas definem o Sermão da Montanha como o programa de vida de Jesus e, por consequência, o programa de vida dos cristãos.

A oração do Pai Nosso é precedida de algumas instruções prévias. Primeiro, Jesus alerta seus discípulos para que não sejam hipócritas como os fariseus, que têm uma prática religiosa exterior para serem visto pelos outros (Mt 6,1). Em seguida, Ele nos alerta como devemos agir para o com o próximo. Nossas ações de caridade não devem ser alardeadas. Terceiro, como devemos nos relacionar com Deus Pai. Neste ponto, Jesus nos ensina a oração do Pai Nosso. Sabemos de cor essa oração.

Pai Nosso que está nos céus. Assim começamos. Olhar para Deus como Pai, e não como juiz. Um Pai que é de todos, criando a ideia de que somos irmãos, pois temos Deus como Pai de todos. Estar nos céus não significa estar distante das realidades humanas. Estar nos céus lhe dá a capacidade de ver tudo de uma forma mais ampla, universal.

Santificado seja o vosso nome. Santificar o nome de Deus significa dar-lhe a reverência devida e necessária. O nome de Deus é santo, se é santo, e ele é Pai Nosso, somos santos em nome de Deus. Portanto, devemos ser “santos como o vosso Pai é santo” (Mt 5,48).

Venha a nós o vosso Reino. O Reino de Deus se concretiza de várias formas no meio de nós. Esse Reino não tem famintos, sedentos, nus, doentes, encarcerados, peregrinos (Mt 25,31ss). Esse Reino é dos que são Bem-aventurados (Mt 5,1ss). O Reio de Deus começa a ser forjado aqui na terra.

Seja feita à vossa vontade, assim na terra como no céu. Jesus disse, “buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será dado” (Mt 6,33). E ainda, “Aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmã, minha irmã, e minha mãe” (Mt 12,49-50).

O pão nosso de cada dia nos dai hoje. O pão é a representação do alimento. Nenhum filho do Pai Nosso pode passar fome. Os discípulos não podem ver alguém com fome e virar as costas para o necessitado (Tg 2,14-17).

Perdoai as nossas ofensas (dívidas), assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido (nos deve). Todos nós temos uma dívida com Deus quando pecamos. Mas, Deus está disposto a nos perdoar essa dívida; e o perdão completo se dá quando perdoamos aqueles que cometeram contra nós alguma ação não condigna com a fé.

Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. A vivência humana de Jesus deu-lhe a experiência de que a vida humana é feita de momentos de tentação (Mt 4,ss). Além disso, Ele sabe que o mal nos ronda, é quer nos afastar de Deus, de seu Reino, de sua justiça. Jesus disse a Pedro que intercedeu por ele para que Satanás não o peneira-se (Lc 22,31ss).

No evangelho de Mateus a conclusão do Pai Nosso diz: “de fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que está no céu também perdoará a vocês. 15 Mas, se vocês não perdoarem aos homens, o Pai de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito” (Mt 6,14-15).

No último versículo do evangelho de Mateus, Jesus ordena que os discípulos partam em missão e que ensinem a todos a “observar tudo o que ordenei a vocês”. E a ordem está elencada na oração do Pai Nosso. Assim, conseguiremos ser perfeitos como o Pai do céus é perfeito (Mt 5,48).


Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

ESPIRITUALIDADE

Podemos definir Espiritualidade como sendo entre a pessoa humana e a divindade. No nosso caso, a relação entre ser humano e Deus. Ela se desenvolve mediante práticas religiosas e devocionais concretamente. A espiritualidade é vivida através da leitura e meditação da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos, e oração.


A Espiritualidade cristã católica visa a transformação interior da pessoa em vista de uma dimensão comunitária, pois a fé é vivida em comunidade e em serviço dos outros.

O Concílio Vaticano II tratou a espiritualidade de uma forma mais ampla. Enfatizou a santidade universal. Para o Concílio, os cristãos são chamados a viver uma vida de santidade e intimidade com Deus.

A Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG Luz dos Povos), que trata sobre a Igreja, afirma que “todos na Igreja, quer pertença a hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade” (cf. 1 Tes 4,3; Ef 1,4). E acrescentou que essa santidade “manifesta-se nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis; exprime-se de muitas maneiras em cada um daqueles que (…) tendem à perfeição da caridade, com edificação do próximo; na prática dos conselhos evangélicos, a fim de levar o ao mundo um admirável testemunho”.

O segundo ponto a destacar é a participação nos Sacramentos, em especial na Eucaristia.

A leitura e a meditação da Sagrada Escritura são vistos como fonte essencial para a vida espiritual. Assim, a leitura e meditação das escrituras ajudam os fiéis a conhecer e seguir a vontade de Deus.

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes (alegrias e esperanças) sobre a Igreja no mundo, indica que a espiritualidade é vivida em comunhão com outros cristãos, reconhece a importância da Igreja como comunidade de fé.

O Concílio Vaticano II destacou que a espiritualidade deve incluir um engajamento ativa no mundo, trabalhando pela justiça, paz e bem comum, integrando a fé com a vida diária e as responsabilidades sociais.

A espiritualidade católica inclui o respeito e o diálogo com outras tradições religiosas e com as pessoas, promovendo a unidade e a compreensão
Esses elementos refletem uma Espiritualidade que é tanto pessoal quanto comunitária, contemplativa e ativa, enraizada na tradição e aberta ao mundo.

Nosso modelo de vivência da Espiritualidade é o próprio Cristo que soube ouvir e meditar a palavra de Deus e ir ao encontro dos que necessitavam da misericórdia de Deus.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

GESTOS E POSIÇÕES DO CORPO NA SANTA MISSA

Muitas vezes, as pessoas se aproximam dos diáconos ou padres e perguntam: “na missa, pode fazer assim”? Para responder essa pergunta vou recorrer à Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), principalmente nos número 42, 43, 44.

A IGMR alerta sobre os gestos e disposições do corpo, tanto do sacerdote como do diácono, ministros e povo em geral. Afirma a IGMR, “os gestos e posições do corpo (…) devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade (grifo meu)”, isso para que “se compreenda a verdadeira e plena significação de suas diversas partes e se favoreça a participação de todos”. Além disso, essas diretrizes servem para contribuir “para o bem espiritual do povo de Deus, do atender ao seu próprio gosto e arbítrio”.

A IGMR alerta para que “a posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes”.

Basicamente, existem três predisposições corporais durante a santa Missa: sentados, de pé, e de joelhos.

A posição de pé deve ser observada desde a entrada da procissão inicial (seja ela simples ou solene) até a conclusão da oração da coleta inclusive. No canto de aclamação ao evangelho, e durante a sua proclamação; enquanto se reza a profissão de fé (Creio) e a oração universal (preces). E do convite Orai irmãos antes da oração sobre as oferendas até à comunhão.

A posição de sentados deverá ser observada nos seguintes momentos: durante as leituras que precedem o Evangelho; na recitação do salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação das oferendas; e após a comunhão, quando se deve observar, também, o silêncio sagrado (grifo meu, sobre o silêncio falaremos mais adiante).

A posição ajoelhada. Deve ser observada durante a consagração (a não ser que haja algum impedimento). Aos que não podem ajoelhar-se nessa hora, “façam uma inclinação profunda enquanto o sacerdote se ajoelha”. Após a consagração não deve existir nenhum tipo de música.

A IGMR acrescenta como gesto as “ações e as procissões realizadas pelo sacerdote com o diácono e os ministros ao se aproximarem do altar; pelo diácono antes da proclamação do Evangelho ou ao levar o Livro dos Evangelhos ao ambão, pelos fiéis, ao levarem os dons e enquanto se aproxima da Comunhão”.

Por último, não por ser de menor importância, mas pelo valor litúrgico que tem, o silêncio (grifo meu). O IGMR alerta-nos que “deve-se observar o silêncio sagrado”. Enumera alguns momentos para isso: no ato penitencial, após o convite à oração; após as leituras e homilia; após a comunhão, para que possam louvar e rezar a Deus no íntimo do coração.

Lembre-se, “nem tudo que é bonito, ou o povo gosta, é litúrgico. Mas toda a liturgia é bonita”.

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

O CULTO DO MISTÉRIO EUCARÍSTICO

Em 1975 a Sagrada Congregação (hoje Dicastério) para o Culto Divino aprovou os Ritos da Sagrada Comunhão e do Culto Eucarístico fora da Missa.

Segundo o documento, a conservação da Sagrada Comunhão deve servir para que os fiéis que não puderam participar da missa, sobretudo os enfermos e os idosos, se unam pela comunhão sacramental ao sacrifício de Cristo, imolado na Missa.

Além disso, tornou-se costume o culto de adoração ao Santíssimo Sacramento. Este culto se apoia “em fundamentos válidos e firmes e publicamente”.

O Culto Eucarístico fora da Missa foi regulamentado pela autoridade eclesiástica, neste caso pelo Papa São Paulo VI. Esse direcionamento visa dar o valor necessário ao que é celebrado na Santa Missa, fonte de toda vida cristã, e local próprio dessa adoração.

Conforme lemos na parte segunda, das Finalidades da conservação da Eucaristia, a “finalidade primária e primordial de conservar a Eucaristia fora da Missa é a administração do Viático; são fins secundários a distribuição da comunhão e a adoração de nosso Senhor Jesus Cristo presente no Sacramento”.

Ainda sobre o mesmo assunto, a Congregação para o Culto, destacou as “Normas para a Exposição”.

O Rito esclarece que existe a Exposição prolongada e a Exposição breve. Quanto a Exposição breve, afirma que sejam “organizadas de tal modo que, antes da bênção com o Santíssimo Sacramento, se dedique tempo conveniente à leitura da Palavra de Deus, a cantos, preces e à oração silenciosa prolongada por algum tempo”. E acrescenta, “proíbe-se a exposição feita unicamente para dar a bênção”.

Quanto ao ministro da exposição da Santíssima Eucaristia, afirma-se que o “ministro da exposição do Santíssimo Sacramento é o sacerdote ou o diácono que, no fim da adoração, antes de repor o Sacramento, abençoa o povo”.

Sobre a adoração, esclarece que “durante a exposição, as orações, cantos e leituras devem ser organizados de tal modo que os fiéis, recolhidos em fervorosa oração, se dediquem ao Cristo Senhor”. E acrescenta que, “para favorecer a oração interior usar-se-ão leituras da Sagrada Escritura com homilia ou breves exortações que despertem maior estima pelo mistério eucarístico”. E mais, “é conveniente que em momentos apropriados se guarde um silêncio sagrado” (grifo meu).

Da próxima vez que sua comunidade for organizar um momento de culto à Sagrada Comunhão, lembre-se de duas regras básicas: primeira, escolha textos da Sagrada Escritura que motivem a oração pessoal. Segundo, observe um momento de silêncio, de preferência de cinco a dez minutos.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

IMITAÇÃO DE CRISTO

Esse livro, do século XV, por volta do ano 1440, foi leitura espiritual de muitos místicos medievais. Foi motivador de mudança de vida de muitas pessoas que viviam apenas para as chamadas coisas do mundo. Santo Inácio de Loyola foi um dos seus leitores e propagador dessa leitura. Ele registrou na sua autobiografia que a leitura e meditação desse livro ajudou na sua conversão.


O livro está dividido em quatro partes, denominadas “Livro”. No “Livro I” o autor trata de “Avisos úteis para a vida espiritual”; o “Livro II” trata da “Exortação à vida interior”; No “Livro III”, “Da consolação interior”; e por último, “Livro IV”, “Do Sacramento do Altar”.


Quase seiscentos anos nos separam da primeira edição desse livro. As traduções atuais tomaram o cuidado de fazer pequenas “correções” nos sentidos das palavras, procurando adaptar ao nosso linguajar atual. Isso não tirou a profundidade e a qualidade espiritual desse livro. Muitos o consideram o quinto evangelho.

No século XVI, o cardeal Henrico Henriques deixou algumas recomendações para a leitura espiritual da Imitação de Cristo.

Primeiro, devemos dispor de um tempo regular no dia para a sua leitura. Ou seja, fazer a leitura sempre no mesmo horário.

Segundo, antes da leitura, elevar o coração a Deus, fazer uma oração preparatória. Pedir a Deus que ele mesmo nos fale, ao invés dos homens.

Terceiro, ler atentamente, de forma pausada. Reler o que mais lhe chamou atenção.

Quarto, criar um espírito afetuoso com a leitura, ou seja, deixar-se envolver com o coração.

Quinto, ao término da leitura, elevar o espírito a Deus através de uma oração breve. Agradecer pela semente lançada com a leitura feita.

Em tempos em que buscamos procurar fazer a vontade de Deus. Em tempos que, muitas vezes, nos distraímos com tantas palavras multiplicadas por muitos pregadores, dedicar um tempo a uma boa leitura espiritual que nos aproxima de Cristo é uma boa oportunidade para darmos ouvido ao que nos disse Maria, mãe de Jesus, “fazei tudo o que ele vos disser”.

A Imitação de Cristo pode ser baixado em alguns sites especializados. Ou, pode-se comprá-lo em qualquer livraria católica, ou nos sites de venda der livros.

Faça uma boa leitura espiritual. Procure conformar sua vida à vida do Cristo.
Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

SANTOS JUNINOS

Ao iniciarmos o mês de junho, o povo brasileiro faz memória de três santos importantes para a nossa fé, Santo Antônio, São João Batista e São Pedro (e esquecem de São Paulo). Santo Antônio é lembrado no dia 13 de junho. São João Batista, 24 de junho. E São Pedro, juntamente com São Paulo, no dia 29 de junho. É bom, para a nossa fé, conhecermos o mínimo da história e devoção desses santos.

São João. É um personagem importante. Foi um pregador itinerante na região do Rio Jordão. Anunciou a vinda do messias, e, quando o viu a seus discípulos, “eis o cordeiro de Deus”.

O historiador romano Flávio Josefo registrou que o governador Herodes Antipas temia que a grande influência de João sobre o povo pudesse levantar uma revolta. Isso acabou levando à execução do santo, com sua decapitação.

Santo Antônio. Viveu há apenas 800 anos de nossa era. Era de família rica, o que nos ajuda em encontrar mais registros de sua vida Nós o conhecemos tanto pelo local de nascimento (“de Lisboa”) como de morte (“de Pádua”).

Foi missionário na África, mais precisamente em Marrocos, pois fora membro da Ordem dos Pregadores. Entretanto, nesta cidade adoeceu, teve que regressar para Europa. Conheceu a ordem dos Franciscanos, a qual abraçou com muito amor e carinho. A vida e os ensinamentos de São Francisco o contagiaram. Foi contemporâneo de São Francisco.

Antônio tinha uma rara inteligência, e fora um bom pregador. Esteve na Itália e na França. As histórias desse santo nos leva a uma profunda espiritualidade antonina, que se revela na pregação, na caridade, no estudo. Morreu em 1231. E em 1232 foi canonizado.AnselmGrün, monge beneditino alemão afirmou que “Antônio é, de todos os santos, possivelmente o mais amado pelo povo”.

Pedro, no cristianismo, é um dos pilares da Igreja. Ao lado do irmão André, tornou-se um dos apóstolos de Jesus.

De acordo com as primeiras crônicas cristãs, Pedro fundou a Igreja de Antioquia, na atual Turquia, e de lá viajou para difundir o movimento na capital do Império Romano, ao lado de Paulo. Bispo de Roma, Pedro é considerado o primeiro papa, embora essas hierarquias não existissem no século 1º d.C. “Chamar Pedro de ‘bispo de Roma’ é um anacronismo: o conceito de um único indivíduo presidir a comunidade cristã local não surgiu durante a vida de Pedro nem com seus imediatos sucessores”, lembra Michael Walsh, autor de diversos livros sobre a história da Igreja, no “Dicionário de Papas”.

Apesar da falta de evidências, é provável que Pedro tenha sido martirizado em Roma na época do imperador Nero, que teria culpado os cristãos pelo incêndio que devastou a cidade no ano 64. Para a tradição católica, Pedro foi crucificado de cabeça para baixo na colina onde hoje fica a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Ao celebrarmos esses santos, recordemos que todos deram a vida pela propagação do evangelho de Jesus Cristo. E deixaram-se consumir pelo amor a Jesus.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

RAINHA DO CÉU

Resta-nos três dias para o fim do mês de maio. Em geral, nossas comunidades cristãs católicas tem a prática de realizar uma ação devocional da Coroação de Nossa Senhora.

A história registra que os reis e rainhas eram escolhidos por Deus para se preocuparem com o povo, principalmente com os mais pobres. Claro que sabemos que nem sempre foi assim.

Ao transferirmos para Maria, mãe de Jesus, o título de rainha,manifestamos o desejode sermos cuidados por ela. A coroação reflete as próprias palavras dela que disse: “doravante as gerações me chamarão bem aventurada”.

Àquela que damos o título de Rainha, e a coroamos, vemos que seu olhar sempre se entendeu aos mais pobres. Ele percebeu isso na ação de Deus na história quando a escolheu para ser a mãe do seu Filho.

A realeza de Maria se expressou no serviço, partiu imediatamente para a casa de Isabel. A sua realeza a fez reconhecer que o todo poderoso teve uma olhar misericordioso para ela.Que Deus vê nos pobres a realização das promessas messiânicas. A nobreza dedicada a Maria, a levou a proclamar que Deus sacia de bens os famintos, exalta os humildes, e que despede os ricos de mãos vazias e derrubada do torno os poderosos, ou seja, aqueles que maltratam o povo de Deus.

Vamos encerrar o mês de maio. Mas fiquemos com o exemplo dessa mulher que, mesmo na tenra idade da juventude, soube entregar-se a Deus para que se concretizasse a sua ação salvadora na história da humanidade.

Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DOGMAS MARIANOS

Aproveito o mês de maio para falarmos das verdades de fé (dogmas) que a Igreja Católica Apostólica Romana proclamou sobre a realidade de Maria, mãe de Jesus.

Até hoje, existem apenas quatro dogmas sobre Maria: Maternidade Divina (mãe de Deus), Virgindade Perpétua (Maria é virgem antes, durante e depois do parto), a Imaculada Conceição (concebida sem o pecado original), Assunção de Maria aos Céus (foi assunta de corpo e alma).

Antes de refletirmos sobre cada uma dessas verdades de fé, é importante que saibamos o que são dogmas. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “dogmas são luzes no caminho da nossa fé: iluminam-no e tornam-se seguro” (89). Assim, uma verdade de fé proclamada pela Igreja está amparada pela Sagrada Escritura ou na tradição da Igreja.

A Maternidade Divina de Maria. Este dogma foi o primeiro a ser declarado pela Igreja no concílio de Éfeso, no ano de 431. Ele afirma que “aquele que ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus” (Catecismo 495).

A Virgindade Perpétua de Maria. O Concílio de Trento declarou no ano de 1555 que Maria manteve-se virgem antes, durante e após o parto. Tomando por base São Gregório Magno, temos que da mesma maneira que “Jesus, depois da ressurreição, entrou na sala onde eles estavam reunidos a portas fechadas, Ele também entrou no seio de Maria com as portas fechadas. Assim como a luz passa pela vidraça sem a quebrar, Deus passa sem romper a vidraça.” E destacou as palavras de Isaias (66) que disse que uma mulher, antes de sentir as dores do parto, deu a luz. “Se ela não sentiu dores do parto, é porque não houve rompimento, não houve nada que causasse dor, então o parto foi divinal”.

A Imaculada Conceição. Maria foi concebida sem o pecado original. Esse dogma foi proclamado pelo papa Pio IX em 1854. Diferentemente de nós, Ela foi concebida sem a mancha do pecado original. Se haveria de ser a mãe de Deus, nada mais justo que fosse preservada do pecado original.

A Assunção de Maria, quando foi elevada aos céus. Esse dogma está mais próximo de nós, ele é datado de 1950, e foi proclamado pelo Papa Pio XII. Esse dogma afirma, de forma simples, mas cheio de fé, e confiança na providência divina, que “a Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

Essas são as verdades de fé que falam de Maria, mãe de Jesus as quais não nos cabe duvidar ou questionar. As outras práticas marianas que temos são devoções pessoais. Em nada anulam os dogmas aqui apresentados.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

“MEU ESPÍRITO SE ALEGRA EM DEUS ME SALVADOR”!

Uma das mais belas orações feitas por Maria, mãe de Jesus, é o Magnificat. Lucas fez uma compilação de várias passagens do primeiro testamento e compôs essa oração.

A minha alma engrandece ao Senhor e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador; pois ele viu a pequenez de sua serva, desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.

O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam; demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos; derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou; de bens saciou os famintos, e despediu, sem nada, os ricos.

Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.

Por essa oração, notamos o quanto nossa Senhora era uma mulher conectada ao sofrimento de seu povo. E como ela aguardava a manifestação poderosa de Deus em favor de seu povo, tal como os hebreus escravos no Egito.

Nos quatro primeiros versículos, Ela fez uma oração de louvor a Deus, reconhecendo sua grandeza. Seu poder. E o quanto isso a deixou alegre e confiante.

Em seguida, nos apresenta como será a intervenção de Deus na história. Ele dispersa os orgulhosos, derruba dos tronos os poderosos, despede os ricos de mãos vazias. Exalta os humildes, sacia a fome dos famintos. E, no seu imenso amor, acolheu seus servos, conforme a promessa que havia feita.

Nossa Senhora nos convida a sermos mulheres e homens do nosso tempo. Reconhecendo as necessidades dos pobres. E nos ensinando a como dar glórias a Deus nas obras de caridade.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

“EIS AÍ A SUA MÃE”!

Todos nós conhecemos essa passagem. Ela é a fundamentação bíblica para a nossa devoção à Maria, mãe de Jesus.

Iniciamos o mês de maio, dedicado à Mãe de Jesus, Maria.

Uma brevíssima explicação dessa devoção especial à Maria nesse mês. Segundo uma antiga tradição grega, maio era dedicado a Artemis, deusa da fecundidade.E na tradição romana, a Flora, deusa da vegetação. Portanto, tanto para os gregos, como para os romanos, já havia uma celebração no mês de maio para essas duas deusas. Maio é o fim do inverno europeu, e início da primavera. Por isso, a referência à fecundidade, e às flores.

Os evangelistas Mateus e Lucas citam Maria, mãe de Jesus, em várias passagens da vida de Jesus. Marcos faz poucas referências. E João a coloca aos pés da cruz.

Maria era uma mulher de seu tempo. Sofria as dores do seu povo. Passava as mesmas necessidades que as mulheres de seu tempo. Porém, aguarda com alegria a vinda do messias. E ao receber a mensagem do anjo, extasiada com tal anúncio, ela pergunta como isso aconteceria. A resposta, já sabemos. “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Uma das características de Maria é ouvir a palavra de Deus e a colocá-la em prática, imediatamente. Pois foi o que fez ao saber que Isabel estava grávida também.

Maria tornar-se para nós modelo de escuta, de serviço, e de disponibilidade. É modelo de fé. Mesmo não sabendo como as coisas aconteceriam, ela se abre a ação de Deus, através do Espírito do altíssimo. Por isso, o “fiat”, faça-se. Ela é símbolo da fertilidade da fé. Da geração da vida nova em Cristo.

Aproveitemos esse mês de maio, e nos dediquemos a olharmos para nós, e nos perguntarmos, eu assumo a vontade de Deus em minha vida? Mesmo não sabendo como as coisas acontecerão, eu digo “faça-se em mim segundo a tua vontade”?

Maria nos abençoe, e nos abra o coração para acatarmos o chamado de Deus para a missão.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIACONATO PERMANENTE. (parte III)

Continuamos a série sobre o Diaconato Permanente. No artigo de hoje, vamos, brevemente, discorrer sobre os três munera(tarefa) dos diáconos: munusdoceni, munussantificandi, munusregendi.

Quanto aomunusdocendi,o diácono é chamado a dar os ensinamentos necessários da fé. Ao proclamar a Palavra de Deus e instruir e exortar o povo, ele exerce o ministério da pregação.

Já o munussantificandi, o diácono é chamado a rezar a oração das horas pelo povo e com o povo. Ele administra solenemente o Batismo, como ministro ordenado; é responsável pela conservação e administração da Eucaristia; assiste aos matrimônios; preside ao rito funeral e da sepultura, além de administrar os sacramentais.

O munusregendi, ele o exerce nas obras de caridade e de assistência, na administração de comunidades ou setores da vida eclesial, especialmente no tocante a caridade.

Esses três munerafazem parte do processo formativo do diácono permanente, e são aprofundados dentro de cinco dimensões: humano-afetiva; eclesial-comunitária; intelectual; espiritual; pastoral-missionária. Para essa vivência formativa, o encontro pessoal com Jesus Cristo deve ser a base de toda vida do diácono dentro das seguintes perspectivas: a conversão, o discipulado,, a comunhão, a missão (cfDAp 278).

Darei ênfase à dimensão da espiritualidade. O teólogo Karl Rahner declarou: “o cristão do século XXI ou será místico ou não será cristão”. E nos recordou que essa mística não está relacionada com fenômenos parapsicológicos raros, mas “uma experiência de Deus autêntica, que brota do interior da existência”.

A espiritualidade diaconal distingue-se pela espiritualidade do serviço. O modela é Cristo, que se definiu como servo do Pai: Mt 20,28; Lc 22,27. O diácono passa a ser sinal vivo do ser servo. Pela sagrada ordenação, é constituído na Igreja ícone de Cristo Servo.

Portanto, o empenho ascético do diácono “será dirigido a adquirir as virtudes que são requeridas para o exercício de seu ministério” (Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes, pagina 32-33),

No próximo artigo daremos continuidade à Espiritualidade do Diácono, pois, como disse Santo Inácio de Loyola, “não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas sentir e saborear as coisas internamente”.

As referências bibliográficas de hoje são, O Documento 96 da CNBB, Diretrizes para o Diaconato Permanente da Igreja no Brasil e as Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes da Congregação para Educação Católica.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIACONATO PERMANENTE. (parte II)

No meu primeiro texto sobre o diaconato permanente fiz um resgate, breve, da restauração do diaconato na Igreja ocidental.

Hoje, apresento a atuação do pastoral dos diáconos, conforme descrito no documento 96 da CNBB, entre os parágrafos 103 e 109.

Os bispos relembram que no passado havia diaconias e estas eram responsáveis pelas atividades de caridade da Igreja.

Na Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizado em Aparecida-SP, em 2007, o episcopado destacou a “urgente necessidade de criar pequenas comunidades (DAp 178), de renovar modelos de paróquias (DAp 172), de evangelizar novos areópagos, fronteiras geográficas e culturais (DAp 205, 208, 491), surgem, na Igreja do Brasil, diversos tipos de diaconias como resposta aos novos desafios da missão da Igreja” (doc 96,105).

Diante desse novo jeito de evangelização, algumas dioceses recuperaram o espírito das diaconias. Existem, pelo menos, três tipos de diaconias: territorial, setorial, ambiental.

Diaconias territoriais, como o próprio nome indica, está relacionada a “um território para atendimento”. Estas diaconais poderão ter “personalidade jurídica própria, sede e padroeiro” (106)

Diaconias setoriais estão relacionadas ao cuidado de determinadas ações evangelizadoras especializadas: comunicação, cultura, saúde, justiça, política etc. São confiadas a um diácono qualificado profissionalmente em um setor e preparado adequadamente para sua evangelização.

Diaconias ambientais. Diferentemente do que podemos deduzir do nome, as diaconias ambientais estão ligadas diretamente aos “espaços e ambientes da sociedade moderna: colégios, universidades, condomínios, fábricas, bancos etc. Pode ser confiada a um diácono que frequenta esses ambientes com a finalidade de formar pequenas comunidades” (108).

Esses são alguns exemplos da atuação dos diáconos na Igreja do Brasil. Outros modelos podem surgir, vai depender da criatividade e necessidade de cada diocese para que “ajudem a resgatar a identidade da comunidade cristã ‘como aqueles que se amam’” (109).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIACONATO PERMANENTE. (parte I)

Um dos legados do Concílio Vaticano II foi a restauração do Diaconato como grau permanente do sacramento da ordem. Sendo admitido a homens casados. Esse foi um desejo aprovado no concílio de Trento, que só tomou forma no Concílio Vaticano II.

Segundo a Constituição Dogmática Lumen Gentium, que trata da Igreja, lemos que o ministério eclesiástico é exercido em ordens diversas por aqueles que desde a antiguidade são chamados bispos, presbíteros, diáconos. (LG 28).

Aos diáconos são impostas as mãos para o ministério. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus no ministério da Liturgia, da Palavra e da Caridade. É função do diácono,administrar o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimônio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exaltar o povo, presidir o culto e a oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos dos funerais e da sepultura. Em alguns casos, podem exercer a cura das almas, ou seja, direção espiritual (29).

Uma outra fonte sobre o diaconato permanente são As normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes e Diretório do ministério e da vida dos diáconos permanentes, a primeira, da Congregação para a Educação Católica, e a segunda, da Congregação para o Clero.

A Introdução do documento 157, assinada pelas duas Congregações (hoje chamadas de Dicastérios) nos dá uma pista do que é o diaconato permanente. Na abertura eles afirmam que Cristo instituiu na Igreja vários ministérios. Os ministros que tem o poder sagrado servem os seus irmãos para que todos que pertencem ao povo de Deus se orientem livre e ordenadamente para o mesmo fim e alcancem a salvação.

Afirmam que o sacramento da ordem é o sacramento do ministério apostólico. “A ação sacramental da ordenação vai para além de uma simples eleição, designação, delegação ou instituição por parte da comunidade dado que confere um dom do Espírito Santo, que permite exercer um poder sagrado, que pode vir só de Cristo mediante a sua Igreja” (Catecismo 1538).

Nas Sagradas Escrituras, os diáconos recebem uma atenção especial. Olhemos Atos 6,1-6; Fl 1,1; I Tm 3,8-13; I Tm 3,2; Cl 1,7; Ef6,2

O Concílio de Trento já havia disposto para a restauração do diaconato permanente, e deram três razões básicas: a) o desejo de enriquecer a Igreja com as funções do ministério diaconal; b) reforçar com a graça da ordenação diaconal aqueles que já exerciam funções diaconal; c) prover de ministros sagrados as regiões que sofriam de escassez de clero.

O diaconato permanente constitui um enriquecimento importante para a missão da Igreja. Em 1993, São João Paulo II disse: “Uma exigência particularmente sentida na decisão do restabelecimento do diaconato permanente era e é da maior e mais direta presença de ministros da Igreja nos vários ambientes da família, do trabalho, da escola, etc, para além da presença nas estruturas pastorais constituídas”.

O documento 96 da CNBB, que trata sobre o diaconato no Brasil, destaca que o ministério do diácono está definido em três âmbitos: caridade, evangelização, liturgia.

A diaconia da Caridade. “O diácono vai ao encontro das pessoas de qualquer religião ou raça, classe ou situação social, fazendo-se um servidor de todos como Jesus Cristo” (55). O diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos.

A diaconia da Palavra. A ação evangelizadora da Igreja passa pela proclamação da Palavra de Deus. O diácono “transmite à comunidade a Palavra libertadora, da qual ele próprio já experimentou o poder de transformação. Identifica-se com a Palavra anunciada, por ser servidor da Palavra. Anuncia a Palavra de Deus com a autoridade que nasce da familiaridade com o evangelho” (61).

A diaconia da Liturgia. “Existe profunda relação entre Eucaristia e serviço social. O Diácono traz para o altar as oferendas dos fiéis e leva a eles o pão eucarístico. Leva aos doentes o Corpo do Senhor. Seu ministério demonstra que a liturgia e a vida social não são duas realidades justapostas, mas correlatas” (66).

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

A IGREJA, O PAPA, E EU

O período pascal nos ajuda a refletirmos sobre nossa fé em Jesus Cristo ressurreto para nossa salvação, e ao mesmo tempo, para meditarmos sobre a Igreja, o Papa e nossa relação com ambos.

Ao falarmos da Igreja, devemos nos remeter ao Concílio Ecumênico do Vaticano II. A constituição dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, tratou de definir como é a Igreja Católica Apostólica Romana. Os bispos refletiram como deveria ser a Igreja a partir daquele momento, e como ela deveria ser vista pelo mundo.

Os bispos destacaram que a “Igreja recebe a missão de anunciar e instaurar em todas as gentes o reino de Cristo e de Deus, e constitui ela própria na terra o germe e o início desse reino” (LG 5,2). E acrescentaram que ela precisa da ajuda humana para cumprir sua missão, e que não “foi constituída para buscar glórias terrenas, mas para evangelizar os pobres… a proclamar e salvar o que estava perdido”.

Para dar prosseguimento a missão da Igreja, Jesus constituiu Pedro como aquele que deveria conduzir a Igreja nessa peregrinação. Constituiu a sua igreja sobre a rocha, a pedra, Pedro. “Tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). E a ele entregou as chaves do Reino dos Céus (Mt 16,19).

Após a ressurreição (páscoa), Jesus indagou por três vezes a Pedro se ele o amava. Diante das três afirmativas, Jesus lhe disse, “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,17).

O Papa é o sinal da unidade da Igreja. Suas palavras, suas ações, suas orientações servem para nos conduzir no caminho do Reino dos Céus. Sendo assim, todos devemos acatar sua palavra, principalmente quando a emana da Cátedra de São Pedro.

O Papa é o sucessor de Pedro, portanto, Vigário de Cristo, Pastor da Igreja Universal (CIC 331). Atitudes de desobediência ao Papa, ou de calunias ou difamações em relação às suas ações, é ao próprio Cristo que se ofende.

Eu. Neste caso, é o Eu retórico. Este Eu é qualquer cristão católico que se encontra na Igreja como fiel obediente à palavra de Cristo, e foi batizado. Aos leigos cabe agir de acordo com o direito, respeitando e obedecendo ao Papa, seus sucessores, auxiliando os demais clérigos na missão evangelizadora, sendo fermento na massa para que a Igreja de Jesus seja mais amada, e o Reino de Deus cresça no meio de nós (CIC 225).

Aproveitemos o período pascal para pensarmos sobre nossa relação com a Igreja, com o Papa, e consigo mesmo.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

RESSUSCITOU, VIVE NO NOSSO MEIO, ALELUIA!

Na missa do dia de Páscoa na antífona de entrada lemos: ”Ressuscitei, e sempre estrou contigo, aleluia; pousaste tua mão sobre mim, aleluia; admirável é tua sabedoria, aleluia, aleluia” (Sl 138,18.5-6). Em uma segunda opção da mesma antífona de entrada, temos: “Realmente, o Senhor ressuscitou, aleluia. A ele a glória e o poder, pelos séculos dos séculos, aleluia, aleluia” (Lc 24,34 e Ap 1,6).

Na oração da coleta, somos chamados a nos deixarmos ser renovados pelo Espírito de Deus para ressuscitarmos para a luz da vida: “Ó Deus, no dia de hoje, por vosso Filho, vencedor da morte, nos abristes as portas da vida eterna. Concedei que, celebrando a solenidade da sua ressurreição, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida”.

O evangelho trouxe a narrativa da ida de Madalena ao túmulo. Alguns elementos dessa história nos fazem olharmos para nossa própria vida.

Primeiramente, Maria Madalena vai ao túmulo. Contemplar o “túmulo” nos remete à morte. Ao fim da vida. O “túmulo” representa o fim de um ciclo. Além disso, o autor do evangelho nos mostra o horário, de madrugada, ainda escuro. Na abertura dessaperícope, recebemos muitas informações sobre a morte, e como nos sentimos diante dela?

Em seguida, João nos leva a ver uma pedra. Essa pedra havia sido retirada. Não estava mais fechando e protegendo o túmulo. Isso assustou Madalena.Ela correu. Foi ao encontro de Pedro, e do outro discípulo. Narrou o que vira. Eles, prontamente, saem correndo até o túmulo.

Os dois discípulos entraram e viram todos os panos, que circundavam o morto, deixados no chão. E o sudário (que tinha estado na cabeça de Jesus) em lugar à parte. Mesmo não tendo compreendido a ressurreição, eles acreditaram. Quantas vezes, nós não compreendemos, mas acreditamos?

Hoje somos chamados a olharmos para todas as nossas situações de túmulo em nossa vida que ocorrem nas madrugadas escuras da existência. E descobrimos que as pedras que prendiam nossa vida são removidas pelo próprio Deus. A ressurreição de Jesus é um prenuncio de nossa ressurreição. Mortos com Jesus, viveremos com ele (Rm 6,8).

São Paulo, na carta aos Romanos, afirma: “Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele. Porque morrendo, Cristo morreu de uma vez por todas para o pecado; vivendo, ele vive para Deus. Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo” (Rm 6,9-10).

A paixão, morte e ressurreição de Jesus acontece aqui, nesta vida. E abre uma nova perspectiva de realidade, a do Reino de Deus, que se consumará no fim dos tempos, que ainda aguardamos.

Lembremos sempre: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Feliz Páscoa!

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

VÓS SOIS TODOS IRMÃOS

Campanha da Fraternidade – 60 anos

A Campanha da Fraternidade de 2024, tendo em vista a afirmação de Jesus, “vós todos sois irmãos” (Mt 23,8), nos convida a vivermos uma amizade social dentro da perspectiva da fraternidade.

Na oração sacerdotal, que está registrada no evangelho de João 17,21, Jesus ora ao Pai para que todos e todas que receberem a palavra dele, por meio dos apóstolos, estejam em unidade. Essa oração é mais profunda e significativa para nossa caminhada como crentes na palavra de Deus.

As relações sociais, Amizade Social, é uma constante na Sagrada Escritura. A primeira narrativa está no Gênesis. A relação fraticida de Caim contra seu irmão Abel. Essa narrativa trata de um sentimento humano comum entre nós, o ciúme.

Os filhos de Jacó trataram de forma violenta o irmão José, que fora vendido como escravo. Mais uma vez, o ciúme tomou conta do coração dos irmãos. Outros exemplos, Esaú e Jacó, Raquel e Rute, O ciúme é um sentimento que afasta os corações daqueles que eram para ser tratados como irmãos ou irmãs.

A CF-2024 nos convida a superarmos as inimizades. Ela nos faz refletir sobre o cuidado com os outros como um sinal de amor a Deus, e nos faz reflexo daquele amor que rezamos no Pai Nosso, “perdoai as minhas dívidas, assim como perdoo os meus devedores”.

Jesus e o Pai são um. Jesus reza ao Pai para que sejamos um com Ele. O amor ao próximo é a expressão concreta dessa unidade. “O amor é o fundamento do agir cristão”. Devemos nos perguntar todos os dias “quais são os sinais do amor em nossas vidas e o que podemos fazer para concretizá-lo em nossas relações sociais”?

Sendo o pecado a “negação do amor a Deus e ao próximo”, a amizade social torna-se uma “categoria que se enquadra no âmbito da fraternidade, da prática comprometida da solidariedade e de uma ativa compaixão”. Na primeira carta de Pedro lemos, “a caridade (amor) cobre uma multidão de pecados” (I Pd 4,8).

“É tempo de anunciarmos o evangelho da paz. É preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Somos convocados a enfrentar e vencer a tentação de uma cultura dos muros”.

O Papa Francisco nos convoca a vivermos a solidariedade como expressão da vivência do amor divino. “A solidariedade manifesta-se concretamente no serviço, que pode assumir formas muita variadas de cuidar dos outros. O serviço é cuidar da fragilidade. Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo (FT 115)”

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

SÃO JOSÉ O PAI DE JESUS

Hoje celebramos a festa de São José, padroeiro da Igreja Católica Apostólica Romana.

Conhecemos pouco de sua história. Os registros que temos estão na primeira parte dos evangelhos de Mateus e Lucas. José é visto como o escolhido por Deus para dar guarida ao Filho de Deus, e à sua mãe.

José é homem do sonho; é o homem que ouve Deus. Segundo o Papa Francisco, “o sonho simboliza a vida espiritual de cada um de nós, o espaço interior, que cada um é chamado a cultivar e preservar, onde Deus se manifesta e muitas vezes nos fala”.

Dentro de nós existem muitos pensamentos, muitas vozes, sentimentos, desejos. Deus e o maligno agem em nós. E temos que saber ouvir essas vozes, e discernir o que vem de Deus e o que vem do maligno. Segundo Santo Inácio de Loyola, os Exercícios Espirituais servem para a “pessoa se preparar e se dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas, e, afastando-se delas, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vidapara o bem da mesma pessoa” (EE 1).

São José é um modelo de oração e discernimento dessas vozes que agem em nós. Os evangelhos narram quatro sonhos de José, de onde ele tirou as respostas necessárias para fazer a vontade de Deus.

No primeiro sonho, relacionado com a gravidez de Maria, José pensava em deixar a esposa de forma secreta, para que ela não sofresse os reveses da lei, que mandava apedrejar tais mulheres. O evangelho narra que José era justo, e que não queria difamar a esposa. Nesse momento, José tem um dilema a resolver, ou aceitar a futura esposa, ou rejeitá-la. Colocando-se diante de Deus, ouve a voz do anjo e decide assumir Maria.

José percebe que o menino está em perigo, o que deveria fazer? Diante desse dilema, vem o segundo sonho, partir para o Egito com o menino e a mãe. Essa foi ordem do anjo. José acatou. Mesmo diante das dificuldades dessa travessia, ele parte.

O terceiro e quarto sonhos estão atrelados um ao outro, está relacionado com o retorno para a Galileia. José ouve a determinação do anjo para retornar para sua terra natal. É necessário regressar, pois a missão do Filho deveria começar na Galileia. José não volta para Belém, mas dirige-se para Nazaré.

Segundo o Papa Francisco, São José é o nosso modelo de proteção de Jesus e de Maria, sua mãe. Ele diz que “sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe”.

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

Inicio minha reflexão de hoje com a seguinte fala do Papa Francisco: “A mulher é a harmonia. É a poesia. É a beleza. Sem ela, o mundo não seria assim tão belo. Não seria harmônico”.

No dia oito de março (08/03) celebramos o Dia Internacional da Mulher. Essa data é marcada pelo fato de que em 08/03 de 1857 um grupo de 192 mulheres foimorta por um incêndio numa fábrica têxtil em Nova Iorque. Elas reivindicavam melhorias nas condições de trabalho e de salário. Essa “comemoração” foi instituída pela ONU em 1970.

As mulheres estão presentes nas várias situações da vida. Mulheres nas religiões. Mulheres na ciência. Mulheres em casa. Mulheres na luta política. Mulheres na liderança de instituições políticas. Mulheres santas. Mulheres orixás. E em muitos outros espaços que possamos imaginar.

Nesta perspectiva, do lugar das mulheres, destaco algumas que conheço nas Sagradas Escrituras.

Maria, mãe de Jesus, não teve medo de dizer que Deus exalta os humildes, e despede os ricos de mãos vazias. Que sacia de bens os famintos. Que exalta os humildes, e derruba do trono os poderosos.

Débora, a juíza, liderou o povo hebreu na luta contra outros povos.

Rute, que mesmo sendo estrangeira, continuou ao lado da sogra, Noemi, para que esta não morresse de fome.

Ester, que mesmo sabendo que corria risco de vida, aproximou-se do rei e intercedeu por seu povo.

Raab, a prostituta que salvou os hebreus em Jericó. Ela está nomeada na genealogia de Jesus do evangelho de Mateus.

E por último, para destacar sua importância para nossa fé, Santa Maria Madalena, Apóstola dos apóstolos. A mulher que teve coragem de ir ao túmulo do “condenado”.Nossa fé tem nas mulheres a base de um testemunho forte.

Penso no dia em que as mulheres de nossa Igreja poderão ocupar espaços de liderança, conduzindo comunidades, pregando a palavra de Deus, batizando e assistindo matrimônios. Assim, teremos uma Igreja mais harmônica, poética e bela.

O Papa Francisco afirmou: “Onde as mulheres são marginalizadas, é um mundo estéril, porque as mulheres não só dão a vida, mas nos transmitem a capacidade de olhar além, de sentir as coisas com o coração mais criativo, mais paciente, mais tenro“.

Lugar de mulher é onde ela queira estar!

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8)

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – 60 ANOS

A história estuda o homem no tempo. Ela investiga seus feitos, invenções, ações, pensamentos e sentimentos. O conhecimento histórico auxilia a humanidade a compreender o que ela construiu ao longo de sua existência e o que as sociedades legaram em termos intelectuais, culturais e materiais.

A história amplia o mundo que se vive, propicia o contato com outras culturas e diferentes saberes; carrega valores e ensinamentos pelo tempo e pode oferecer um sentido à vida.

O estudo de história (e da história) envolve a construção da memória. A memória é a visão ou lembrança de determinados fatos que uma pessoa ou grupo carrega.

Esses pressupostos abrem a nossa reflexão sobre a Campanha da Fraternidade (CF), que neste ano de 2024 completa 60 anos como ação evangelizadora da Igreja no Brasil.

Em 1962, em caráter experimental, na arquidiocese de Natal, nasceu a CF, sob o governo de Dom Eugênio de Araújo Sales. A partir de 1963, o então secretário geral da CNBB, dom Hélder Câmara, através de uma carta circular, comunica aos bispos que a CF-1964 aconteceria em âmbito nacional. Setenta dioceses, das 184 existentes no Brasil, aderiram à proposta. Neste ano, o tema foi: “Lembre-se, você também é Igreja”.

Tomemos consciência de que a CF nasce dentro do contexto do Concílio Vaticano II. E este, atualizou a visão de Igreja no mundo, no meio do povo e buscando dar uma resposta“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história” (GS1).E acrescentou, “o Concílio, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo de conceber a presença e atividade da Igreja no mundo de hoje” (GS 2).

Desde seu início, a CF tornou-se uma ação evangelizadora realizada no período da Quaresma. O objetivo é “despertar solidariedade dos cristãos e da sociedade a respeito de um problema real que atinge a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções para enfrentar e solucionar tais problemas” (CNBB, site, artigo “Experiência piloto que deu origem à Campanha da Fraternidade teve início em 1961”).

Nós, católicos, devemos caminhar ao lado dos que sofrem, tal como fez Jesus: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. Além disso, recebemos a missão de anunciar o evangelho a todos os povos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Nova para toda a humanidade” (Mc 16,15).

Viver o período Quaresmal dentro da perspectiva da Oração, Jejum, Caridade, é buscar, junto com a Igreja do Brasil, soluções, à luz do evangelho, para os problemas atuais da nossa sociedade. Nossos bispos, iluminados pelo Espírito Santo, neste ano de 2014, perceberam a necessidade de proclamar que “Vós todos sois irmãos” (Mt 23,8). E que ser cristão é viver a Amizade Social. Conhecer a história nos ajuda a amar mais a Igreja e suas ações pastorais. Fiquemos alertas, existem muitos lobos travestidos de cordeiros. Jesus nos disse, “eis que eu vos dou um novo mandamento, amem-se uns aos outros. Assim como eu ami vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,34-35).Fraternidade e Amizade Social.

Diácono Marcos Silva Gayoso da Fonseca.
Formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com curso de especialização em vária áreas pastorais. Atualmente, desenvolve seu ministério na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim 13 de Maio, João Pessoa-PB. É Assessor da Subcomissão de Leitores da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese da Paraíba.