Caminhar para Cristo

Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap

Encontrar o Senhor é a medida da verdadeira felicidade. Essa felicidade não é algo meramente pontual e inflexível. Recentemente, o Papa Leão disse algo bastante realista sobre o tema da felicidade: “gostaríamos de ser felizes, no entanto é muito difícil sê-lo de modo contínuo e sem sombras. Fazemos as contas com o nosso limite e, ao mesmo tempo, com o ímpeto irreprimível de o procurar ultrapassar. No íntimo, sentimos que nos falta sempre algo. Na verdade, não fomos criados para a falta, mas para a plenitude, para rejubilar com a vida, com a vida em abundância, segundo a expressão de Jesus no Evangelho de João (cf. 10, 10).

A vida cristã cresce, ao longo do tempo neste mundo, quando vamos encontrando Cristo em todas as coisas. Viver com Cristo é sempre fruto de uma proposta amorosa que parte inicialmente de Deus. Foi Ele quem nos chamou por primeiro, e só Ele que pode realizar as graças que necessitamos para corresponder a esse chamado de amor.
Na cultura de morte e do indiferentismo de Deus que nos cerca, o Senhor lança sobre nossos ouvidos o convite para uma vida marcada pela doação total de si, longe dos cálculos e vantagens humanas. Nossa passagem por esta terra não pode ser vivida como pessoas que não conheceram a Deus, como se tudo o que vivemos estivesse doutrinado pelas necessidades ensimesmadas. Não nos enganemos com esse tipo de vida deplorável e fechado em si mesmo, o Deus amoroso que nos chamou a partir do Batismo oferece-nos um caminho superior e cheio de sentido. Os santificados em Cristo aceitam essa chamada exigente e não hesitam em se ocupar desse caminho que deve ser trilhado na humildade e na docilidade. Afinal, seguimos uma Pessoa, e Ele passou pela via dolorosa da cruz e da alegria da ressurreição. 

O encontro especial com o Senhor se dá na vivência ordinária dos Sacramentos da Igreja. Através da escuta atenta da Palavra de Deus, a nossa vida vai se conformando, cada vez mais, aos sentimentos de Cristo. Esse encontro transcorre-se na vida ordinária como um caminho de santidade, ou seja, na fé a na amizade com Jesus.
“Mestre, onde moras?” é o contínuo apelo que a Igreja, discípula e missionária, faz ao Senhor. Queremos, principalmente, no testemunho concreto da vida, buscar o Senhor. Buscá-Lo com o brilho da fé. Esse brilho traz um banho de esperança pra qualquer situação difícil aue nos cerca.
O brilho da fé nem sempre é tão reluzente, mas Deus é especialista de Se aproximar dos que, humildemente, reconhecem suas fraquezas e sempre se dispõem a recomeçar. Para nós, que somos católicos, a única forma de recomeçar com Cristo é através da busca do sacramento da penitência. Bater no peito a dor do pecado e pedir a graça do Espírito Santo para não mais pecar e receber do sacerdote a oração de absolvição da Igreja. A conversão é o caminho seguro para nos aproximar do Reino de Deus. Nem sempre nos consideramos grandes pecadores, até achamos que somos pessoas perfeitamente boazinhas, mas nunca devemos nos esquecer que os discípulos de Jesus sempre estão na estrada da vida, uma estrada que nos pedirá a atitude sincera de recomeço. O verdadeiro cristão nunca pára de caminhar! E neste ano jubilar, podemos nos agarrar a esperança de Cristo que nunca decepciona!
Que a Virgem Mãe de Deus, Mãe de Esperança, cumule nossos corações com a esperança mais alta, dando-nos a graça de caminhar sempre para Cristo.