O caminho Pascal, que dura 50 dias, é um tempo longo e fecundo que nos faz passar por diversas reflexões. Dentre as quais, o tema do Bom Pastor é o proposto neste domingo. Chamado de o Domingo do Bom Pastor. Como nos lembra umas orações da Missa desse domingo, “somos conduzidos à comunhão das alegrias celestes, para que a fragilidade do rebanho chegue onde a precedeu a fortaleza do Pastor, Jesus Cristo.”
Buscamos intensamente a fortaleza do Bom Pastor porque somos ovelhas necessitadas de seu cuidado salvador. O Bom Pastor ofereceu a sua vida em imolação na cruz. E o fez movido por amor. Tem um pensamento antigo da Igreja que diz assim: “Por meio da cruz nós, ovelhinhas de Cristo, fomos congregados num único aprisco, e fomos destinados às moradas eternas”. A cruz selou o imenso amor do Pastor por cada ovelha perdida!
Na relação com o Pastor, cada ovelha é chamada a confiar inteiramente na fortaleza que vem Dele, e não na força do próprio braço. Mas como é custoso confiar em Deus quando as coisas não vão bem. Tendemos a projetar em nossos pensamentos caminhos considerados mais fáceis para não sofrer. Esquecemo-nos que não há verdadeiro cristianismo, isto é, seguimento de Jesus, sem o caminho da cruz. Na estrada da vida, somos acompanhados da presença segura do Pastor que não tem medo dos lobos, mas se importa com cada ovelha em perigo, como nos lembra o Evangelho deste domingo: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas” (Jo 10,11-13).
O amor do Senhor por cada ovelha é benevolente. Um amor capaz de conduzir-nos para os prados eternos. Não precisamos temer, mas confiar na condução de Jesus, nosso Pastor. Na missão da Igreja no mundo, os sacerdotes são o reflexo dos cuidados do pastoreio de Nosso Senhor. Não é uma missão fácil. Os padres são homens imperfeitos que também buscam a santidade a partir de seu estado de vida. Mas também devem-se esforçar-se na confiança filial de Deus. O Papa Francisco sempre tem palavras muito profundas sobre a missão dos sacerdotes, e para este contexto do Domingo do Bom Pastor, ele diz: “Só o pastor que se assemelha a Jesus dá confiança ao rebanho, porque Ele é a porta. O estilo de Jesus deve ser o estilo do pastor, não há outro (…) Um dos sinais do bom Pastor é a mansidão. O bom pastor é manso. Um pastor que não é manso não é um bom pastor. Ele tem algo escondido, porque a mansidão se mostra como é, sem se defender. Pelo contrário, o pastor é terno, tem essa ternura da proximidade, conhece todas as ovelhas pelo nome e cuida de cada uma como se fosse a única, a ponto que, ao chegar a casa depois de um dia de trabalho, cansado, percebe que lhe falta uma, sai para trabalhar outra vez para a procurar e [encontrá-la] leva-a consigo, carrega-a sobre os ombros (cf. Lc 15, 4-5). Este é o bom pastor, este é Jesus, que nos acompanha a todos no caminho da vida. E esta ideia do pastor, esta ideia do rebanho e das ovelhas, é uma ideia pascal”.
As alegrias pascais são contagiantes e nos motivam a desejar mais sinceramente a comunhão com Deus. Abramos o coração para acolher a proximidade do Pastor que deu a sua vida na cruz para nos salvar. Essa proximidade cresce dentro de nós na medida em que ouvimos a sua voz através da Palavra de Deus: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16). Que a Virgem Maria, Mãe e mestra do rebanho de Deus, nos ajude a confiar sempre na voz do seu Divino Filho, para que jamais percamos a fortaleza que só pode vir de Jesus, nosso Supremo Pastor.