As chagas de Jesus são misericordiosas

Cristo ressuscitou, aleluia! Sim, verdadeiramente ressuscitou, aleluia! No mundo inteiro o anúncio da Páscoa é levado pela Igreja. O Santo Padre, na sua mensagem de Páscoa, dizia com forte esperança: “Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente, e a humanidade acelera o passo porque vê a meta do seu percurso, o sentido do seu destino: Jesus Cristo. E é chamada a apressar-se ao encontro Dele, esperança do mundo.”

Cristo Ressuscitado é a esperança do mundo. O Ressuscitado ainda carrega as marcas dos cravos, mas são marcas gloriosas e redentoras. Esses cravos marcaram o Corpo do Salvador e abriram frestas de esperança para a humanidade inteira. Eis o que celebramos festivamente no Tempo solene da Páscoa: Deus que entregou o Seu Próprio Filho numa cruz para nos salvar, para nos oferecer uma vida nova ainda neste mundo. A Ressurreição de Cristo toca a realidade inteira da criação e de todo o homem. Ela não é uma celebração distante ou abstrata, mas nos transforma por inteiro, nos concede a graça de um dia, eternamente no céu, enxugar as lágrimas inevitáveis da vida presente.

Com o prolongamento do Domingo da Páscoa, nós ainda celebramos o domingo da Divina Misericórdia, o II domingo do tempo da Páscoa.  “Como pode uma ferida curar-nos? Com a misericórdia. Naquelas chagas, como Tomé, tocamos com a mão a verdade de Deus que nos ama profundamente, fez Suas as nossas feridas, carregou no Seu corpo as nossas fragilidades. As chagas são canais abertos entre Ele e nós, que derramam misericórdia sobre as nossas misérias. São os caminhos que Deus nos patenteou para entrarmos na sua ternura e tocar com a mão quem é Ele. E deixamos de duvidar da sua misericórdia. Adorando, beijando as suas chagas, descobrimos que cada uma das nossas fraquezas é acolhida na sua ternura. Isto acontece em cada Missa, onde Jesus nos oferece o seu Corpo chagado e ressuscitado: tocamo-Lo e Ele toca as nossas vidas. E faz descer a nós o Céu. As suas chagas luminosas rasgam a escuridão que trazemos dentro.” (Papa Francisco)

Neste Domingo da Misericórdia, sob a intercessão de São João Paulo II, grande apóstolo da misericórdia divina, os homens e mulheres podem se abrir a Deus, e Dele esperar o perdão que restaura e coloca prontidão no coração para recomeçar uma vida nova. O caminho cristão nasce da experiência de misericórdia. Não são as nossas fraquezas que nos definem diante de Deus, mas a iniciativa da graça transformadora de Deus, que sempre se dispõe a nos perdoar.

O mundo padeceria sem o auxílio da misericórdia de Deus. É a misericórdia divina que traz o elo que nos une ao eterno amor de Deus: “Em Cristo humilhado e sofredor, crentes e não-crentes podem admirar uma solidariedade surpreendente, que o une à nossa condição humana para além de qualquer medida imaginável. Também depois da ressurreição do Filho de Deus, a Cruz fala e não cessa de falar de Deus Pai, que é absolutamente fiel ao seu eterno amor para com o homem… Crer neste amor significa acreditar na misericórdia” (São Joao Paulo II). Crer no amor é o caminho de superação do pecado e da fraqueza humana. Crer no Deus que nunca se cansa de nos oferecer seu perdão e paz.

Esse acreditar no amor de Deus nos pede sempre uma conversão diária. No Mistério Pascal de Nosso Senhor, somos banhados pela misericórdia. A mesma misericórdia que faz o pecador se arrepender. O que Deus só espera é uma abertura de coração para que sua graça nos transforme.

Que a Virgem Maria, Mãe de Misericórdia, nos auxilie na caminhada para Cristo Ressuscitado. Deixemos que a Luz de Cristo Ressuscitado nos alcance e nos retire das trevas do pecado e da morte e que sua grande misericórdia seja sempre uma fresta de esperança e recomeço. Feliz Páscoa!