Amigo de Deus, amigo dos homens!

A Festa Solene de Todos os Santos, celebrada neste domingo, aponta para a vocação mais alta que Deus ofereceu à humanidade. Todos os homens e mulheres são chamados à santidade. Existe um caminho de amor entre a terra e o céu, um caminho que está sendo cultivado pelo testemunho de santidade de homens e mulheres reconhecidos pela Igreja.

O dom da santidade nos constitui família de Deus. Neste domingo, a Igreja nos faz celebrar o contagiante fato de pertencermos à Família de Deus. A santidade que Deus nos oferece é a garantia de nunca sairmos de Sua família amorosa. Devemos guardar sempre no coração esse feliz desejo de unir-se a Deus perfeitamente. Ainda que não nos seja possível tal união nesta vida terrena, não podemos desistir de almejar a santidade. Existe um caminho de amor e união que deve ser percorrido, até que cheguemos à vida eterna com Deus.

Na vida testemunhal dos santos da Igreja vemos a grande constatação: quem caminha para Deus não se afasta dos homens. A santidade torna-nos amigos de Deus, e, inevitavelmente, amigo dos homens. O caminho de santidade crava na carne do mundo uma solidariedade profunda. Ninguém pode ficar de fora. Deus quer a salvação de todos!

A Igreja sempre nos ensina que a santidade, dom oferecido indistintamente a todos os homens e mulheres, não é uma espécie de distintivo que nos separa dos “pecadores”, os homens e mulheres chamados à santidade são a multidão dos incontáveis anunciada do Livro do Apocalipse (7,9-10): “Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. Todos proclamavam com voz forte: A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”. A Festa deste dia é um jeito generoso de Deus “gritar” a todos que Ele nos ama, que nos quer próximos à Sua grande Misericórdia. 

A Igreja Sinodal é o povo incontável do livro do Apocalipse e o povo das bem-aventuranças de Mateus 5. Carregamos a fisionomia espiritual de Nosso Senhor. Contudo, Jesus é por excelência o verdadeiro pobre de espírito, o aflito, o manso, aquele que tem fome e sede de justiça, o misericordioso, o puro de coração, o pacificador e Ele sofre perseguições em nome da justiça. E porque somos discípulos de Cristo, tal fisionomia acompanha-nos em nossa peregrinação na terra. E temos a grande missão de testemunhar o Evangelho vivo de Cristo pelas ruas do mundo, como nos pediu recentemente o Papa Francisco.

A Solenidade de Todos os Santos avizinha-se da Comemoração do Dia de Finados, e esta proximidade explica-se pelo fato de que a Família de Deus, os Vivos e os Mortos, são herdeiros da Vida Eterna. A santidade, que é dom recebido no Batismo, nos conforma ao verdadeiro Filho de Deus, o Bem-aventurado, e nos assemelha a Ele mediante uma existência marcada pela esperança de que tudo nesta vida terrena passará. O mal que nos aflige nunca será maior que o amor paternal de Deus; pelo contrário, esse amor é capaz de apressar o passo da nossa peregrinação terrena rumo à eternidade. Um dia, no céu, Deus reunirá toda a sua grande família, e lá não haverá choro e nenhum mal nos atingirá. 

Aproveitemos este dia de finados para rezar pelos nossos entes queridos, que já fizeram sua Páscoa, e peçamos a Deus que perdoe todos os seus pecados. Que Nossa Senhora, Mãe da Esperança Eterna, nos ajude a compreender que o mistério da vida humana só encontra seu real sentido quando coloca Deus no centro de tudo. E que nossas atitudes nesta vida correspondam com as aspirações eternas. Afinal, nascemos para a vida definitiva com Deus.