A santidade é um dom e não um prêmio seletivo para um grupo especifico de pessoas. Todos os batizados são chamados à santidade. Celebramos neste domingo a Solenidade de Todos os Santos, uma grande festa que nos faz saborear a alegria de pertencer ao convívio da grande família dos amigos de Deus; ou para fazer uso das palavras do Apóstolo Paulo (Cl 1,12): “de fazer parte na herança dos santos na luz”.
A santidade é um dom que nos coloca na missão, nos altos e baixos da vida, como nos confirma o Papa Francisco: “os Santos e as Santas de todos os tempos, que hoje todos nós celebramos juntos, não são simplesmente símbolos, seres humanos distantes, inalcançáveis. Pelo contrário, são pessoas que viveram com os pés no chão; experimentaram a fadiga diária da existência com os seus sucessos e fracassos, encontrando no Senhor a força para se levantar sempre e continuar o caminho.” Portanto, conclui-se que esse dom é primeiramente iniciativa divina e que exige um esforço constante. Deus nos quer no caminho de santidade porque nos ama desde toda a eternidade.
E como trilhar esse caminho, concretamente? Quais meios? A própria Palavra de Deus nos indica o caminho das Bem-aventuranças, que é uma espécie de fisionomia espiritual vivida pelo grande Bem-Aventurado: Nosso Senhor. Quantos desafios, perseguições e lutas travamos ao longo da nossa vida cristã? Se não tivermos o estilo de vida de Jesus nós passamos a perder nossa vida nos rancores, ódios e etc… Isto é, passamos a dar contratestemunho do Evangelho que abraçamos!
A santidade é um caminho de amor concreto! Se tenho dificuldades com o perdão, por exemplo, preciso esforçar-me, apoiado na graça de Deus, e perdoar quem me causou um dano. Não podemos cair na ilusão de manipular as exigências de amor do Evangelho para adormecer nossa consciência. Este dia solene nos ajuda a “reavivar em nós a atração para o céu, que nos estimula a apressar o passo da nossa peregrinação terrena” (Papa Emérito Bento XVI).
O Senhor tem pressa para que sejamos santos ainda aqui nesta vida. Não podemos adiar esse caminho de amor! Ele nos oferece a comunhão dos santos como a sua grande família, na qual reina uma solidariedade profunda. Contamos com os santos que nos precederam no caminho de amor para o Senhor. Podemos contar com sua intercessão diante de nossas lutas cotidianas. O Batismo imprime esse dom familiar, imprime Cristo em nossa vida. Não podemos perder nossas vidas como se não tivéssemos essa grande família a nos apoiar. Abraçar a santidade na concretude da vida coloca-nos frontalmente diante do Pai Bondoso que nos quer como seus filhos na sua grande família, família esta que une a terra ao céu!
Dom Manoel Delson
Arcebispo da Paraíba