A Páscoa e a caridade

A Ressurreição de Cristo, nossa Páscoa, além de remir os pecados da humanidade e nos trazer a salvação, nos provoca um movimento de amor uns pelos outros. Jesus Cristo, nosso Senhor, ao ressuscitar, nos devolve a dignidade humana, perdida pelo cometimento dos nossos pecados. Portanto, a ressurreição de Cristo ao devolver a nós a dignidade, nos impele, com gestos e nossa vida, oferecer ao próximo esta mesma dignidade, por meio do caminho seguro, que é a virtude da Caridade.
O mês de Maio é um tempo muito especial dedicado à Virgem Maria. Como católicos, celebramos a Páscoa de Jesus do jeito de Maria, a Mãe de Deus. Ela, fiel testemunha da cruz e ressureição de Nosso Senhor, nos ajuda a levar a caridade que brota do lado aberto de Jesus a todos os homens e mulheres deste tempo. A caridade de Cristo não é uma exigência evangélica abstrata, mas real e concreta que nos tira do comodismo tão tentador. Como nos ensina o Papa Francisco, “aprendamos de Nossa Senhora esta maneira de reagir: levantar-se, especialmente quando as dificuldades ameaçam nos esmagar. Levantar-se, para não ficar atolado nos problemas, afundando na autopiedade e caindo numa tristeza que nos paralisa. Olhemos ao nosso redor e procuremos alguém a quem possamos ajudar!”

A Páscoa é acima de tudo o ato extremo de Caridade de Deus para com a humanidade. O ato de entrega total. Cristo morre na Cruz, vence a morte e ressuscitado, por meio do seu Espírito Santo nos devolve a esperança e dignidade. É o Espírito Santo do Cristo Ressuscitado que nos dá força e imprime em nossas almas um ardente desejo de cuidar dos necessitados, por que a Cruz e a Ressurreição anunciam para nós a Misericórdia de Deus e nos envia para o cuidado com o crucificado que habita em nosso próximo.

Portanto, impelidos pelo espírito Pascal e pelo jeito de Nossa Senhora que sempre está unida a Cristo, saíamos de nossas zonas de conforto; dirijamo-nos firmes quer seja o nosso irmão mais necessitado que mora nas ruas de nossa cidade, quer seja ao idoso que precisa do nosso cuidado e atenção que habita no quarto ao lado, do doente que está num leito de hospital. Celebrar a Ressurreição é fazer como Maria de Madalena, encontrar-se com o Cristo que ressuscitou e correr para anunciar a Boa Nova. E a Boa Nova se traduz, na caridade que devemos praticar com o nosso próximo, no agir com Misericórdia para com os nossos irmãos, que são a imagem do crucificado para cada um de nós. Para que através do Amor e da Misericórdia por nós ofertado, o próximo possa ressuscitar e ter devolvida a sua dignidade por Cristo, Nosso Senhor.

Unamo-nos ao vigoroso empenho de caridade da Virgem Maria, que muito amou a Deus. O Evangelho de Cristo é por excelência uma oportuna exigência que nos faz cobrir com caridade os nossos irmãos. E a Virgem Maria nos educa nesse caminho junto aos irmãos! Afinal, Deus é amor sempre e nos convoca a amá-Lo nos irmãos: “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus
e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor (1 Jo 4,7-8).