Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz I 25/05/24
Depois do Domingo de Pentecostes, encerrando o Tempo da Páscoa, a Igreja continua festejando. Agora estamos celebrando o Domingo da Santíssima Trindade. Nesta festa celebramos Deus: o mistério de um único Deus. E este Deus é o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Três Pessoas, mas Deus é um só! Mas o que a Igreja quer nos dizer ao propor referida celebração na retomada do Tempo Comum? O Domingo de hoje da Solenidade da Santíssima Trindade “recapitula a revelação de Deus que aconteceu nos mistérios pascais: morte e ressurreição de Cristo, a sua ascensão à direita do Pai e a efusão do Espírito Santo. A mente e a linguagem humanas são inapropriadas para explicar a relação existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e contudo os Padres da Igreja procuraram explicar o mistério de Deus Uno e Trino, vivendo-o na própria existência com fé profunda”(Papa Bento XVI).
Costumeiramente dizemos que explicar a Trindade não é uma tarefa fácil, mas vejamos bem, se a pensarmos a partir dos números, seu entendimento se torna frio e vago. No ensinamento da Igreja, o número na Trindade é uma forma de dizer que Deus, que nos ama infinitamente, e desde sempre, só sabe existir por meio de relação. O número três no coração trinitário é pura relação. Deus no seu grande mistério de amor nos pede relação com Ele e também com nossos irmãos.
O Papa Francisco, no Domingo da Santíssima Trindade do ano passado disse que “O nosso Deus é comunhão de amor: assim Jesus nos revelou. E sabem como podemos fazer para recordá-lo? Com o gesto mais simples que aprendemos desde crianças: o sinal da Cruz. Traçando a cruz sobre o nosso corpo nos recordamos quanto Deus nos amou, a ponto de dar a vida por nós; e repetimos a nós mesmos que o seu amor nos envolve completamente, de cima a baixo, da esquerda à direita, como um abraço que jamais nos abandona. E, ao mesmo tempo, nos comprometemos a testemunhar Deus-amor, criando comunhão em seu nome”.
E quando os nossos olhos começam a contemplar completamente essa relação e abraço de amor? As pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, isto é, a Trindade Santa, começa sua morada em nossa existência a partir do Batismo. “Eu te batizo – diz o sacerdote – em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Portanto, celebrar essa Trindade diz respeito ao nosso estar no mundo. A relações de amor entre as Pessoas da Trindade são referências para nossas relações humanas. Infelizmente, vivemos em contextos sociais que têm se afastado das consequências naturais das boas relações, tais como: respeito, escuta e acolhida da dor do outro, empatia… Contudo, como filhos e filhas de Deus, não podemos acomodar-nos no lugar da indiferença ou da simples constatação da realidade que nos rodeia. A “família de Deus” não está fechada em si mesma, mas está aberta, comunica-se na criação e na história e entrou no mundo dos homens para chamar todos a fazer parte dele. O horizonte trinitário de comunhão envolve-nos todos e estimula-nos a viver no amor e na partilha fraterna, na certeza de que onde há amor, há Deus” (Papa Francisco).
Que Nossa Senhora, a Rainha do céu e da terra, aquela que está plenamente envolvida do amor trinitário, nos ajude a plantar no coração do mundo as boas relações que nascem dos bons propósitos de justiça e fraternidade!