Na dinâmica do tempo litúrgico da Quaresma, a Igreja propõe-se a meditar, neste início do tempo penitencial, sobre a Transfiguração de Jesus. Somos chamados a subir com o Senhor para o monte da oração. O Papa Francisco chamou essa cena evangélica de “uma aparição pascal antecipada”, mas também “dom de amor infinito de Jesus” que mostra a glória da Ressurreição, “um vislumbre do céu na terra”.
O Divino Mestre sobe ao monte para rezar juntamente com alguns de seus apóstolos, Pedro, Tiago e João. Durante o período quaresmal também somos levados àquela subida, toca-nos o necessário dever de estar com o Senhor na montanha, por meio da oração e dos sacramentos. Lemos no Evangelho da Transfiguração a conversação de Jesus com Moisés e Elias. No episódio da Transfiguração, abre-nos o entendimento do fim terreno de Jesus, ele irá morrer e ressuscitar. Contudo, Ele não teme, mas busca estar em profunda comunhão com o Seu Pai na oração. O Filho de Deus sabe que todo apostolado, e, até mesmo todo compromisso com a caridade entre os homens, devem ser precedido pelo compromisso da primazia da oração, caso contrário, o Seu apostolado não passaria de um ativismo pastoral. A oração cristã tem a justa medida da solidão com Deus e a justa medida do movimento missionário, do estar com os irmãos, levando a estes, o mesmo amor que recebemos do Senhor.
Ao subir com o Senhor no monte da oração, aprendemos a não evadir da realidade que nos cerca, mas, cheios da força do Ressuscitado que não fugiu da cruz, enfrentamos os desafios ordinários e, como discípulos e missionários, assumimos o nosso lugar no mundo: “Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz, dia após dia, e siga-me” (Lc 9,23). ‘Subamos ao monte com a oração: a prece silenciosa, a oração do coração, a oração, sempre à procura do Senhor. Permaneçamos alguns momentos em recolhimento, um pouquinho todos os dias, fixemos o olhar interior na sua face e deixemos que a sua luz nos invada e se irradie na nossa vida’ (Papa Francisco).
A vida cristã exige uma aproximação com a cruz de Jesus. Esta não é sinal de derrota, mas lugar seguro de nossa salvação. O verdadeiro cristão não foge da cruz, mas a abraça! Contudo, sabemos que os sofrimentos podem nos afastar de Deus, principalmente, quando detemos nosso olhar somente para as dores da vida. O grande convite que o tempo quaresmal nos faz é o de olhar firmemente para o peito dilacerado de Jesus na cruz: “A partir daquele olhar o cristão encontra o caminho do seu viver e amar” (Deus Caritas est, n.12). Esse olhar só é possível quando enchemos nosso coração com a oração que não multiplica as palavras (Mt, 6,7), mas que se reveste da caridade que outra coisa não sabe fazer a não ser: dobrar-se a Deus e aos irmãos.
No último dia 22 de fevereiro, em nossa Catedral Basílica, a Arquidiocese da Paraíba teve a alegria de receber seu terceiro Bispo Auxiliar, Dom Alcivan Tadeus. Pedimos a Nossa Senhora das Neves que o cumule das graças necessárias para que cumpra sua missão nas terras paraibanas. Que ele seja muito feliz em nosso meio. Que a serena oração que brota das mãos bondosas e caridosas de Nossa Senhora, nos ajude a encher o mundo que habitamos dos mais altos compromissos com a justiça social e a fraternidade. Que a fraternidade de Nossa Senhora nos ajude a plantar sementes de amizade social em todos os lugares!