A Igreja celebra a Páscoa de Nosso Senhor todos os anos. Na verdade, em cada Missa, somos imersos nesse mistério de redenção; com essa celebração cotidiana, tornamo-nos semelhantes a Cristo, acolhendo, pois, o dom inestimável vindo das mãos misericordiosas do Pai do céu: o dom de ser filho no Filho. O tempo solene da Páscoa é precedido pela vivência quaresmal, e o Papa Francisco deu à Igreja uma mensagem muito rica sobre como devemos viver esse caminho de preparação.
O tema da mensagem gira da liberdade humana auxiliada pela graça de Deus, que nunca nos falta.
O Papa vai nos convocando para o deserto como lugar especial do encontro com Deus e os irmãos. A Quaresma é o tempo em que renovamos o primeiro amor. Devolvemos a Deus o lugar central de nossas vidas. Um tempo especial de conversão! Como cristãos, devemos trilhar um caminho de conversão que nos livre do estilo de vida que prioriza a ânsia do possuir cada vez mais.
Um dos trechos mais bonitos da Mensagem do Papa para a Quaresma é quando ele afirma que: “Deus não Se cansou de nós. Acolhamos a Quaresma como o tempo forte em que a sua Palavra nos é novamente dirigida: ‘Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão’ (Ex 20, 2). É tempo de conversão, tempo de liberdade. O próprio Jesus, como recordamos anualmente no primeiro domingo da Quaresma, foi impelido pelo Espírito para o deserto a fim de ser posto à prova na sua liberdade. Durante quarenta dias, tê-Lo-emos diante dos nossos olhos e conosco: é o Filho encarnado. Ao contrário do Faraó, Deus não quer súditos, mas filhos. O deserto é o espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer numa decisão pessoal de não voltar a cair na escravidão. Na Quaresma, encontramos novos critérios de juízo e uma comunidade com a qual avançar por um caminho nunca percorrido.” Deus não se alegra com a morte do pecador. Deus quer que vivamos sob a luz que brota de seu coração misericordioso.
A Quaresma inicia-se com a Missa de Cinzas. Vamos à Igreja para que, sobre nossas cabeças, caiam as cinzas como sinal de nossa contrição. Ao longo da quaresma, nasce no caminho do discípulo de Jesus, a chamada para a restauração de nossa fisionomia cristã, através do arrependimento e de um autêntico pedido de perdão a Deus. Somos motivados à uma renovação profunda da vida interior.
Não nos esqueçamos também que o caminho de conversão passa pela caridade decidida que devemos aos nossos irmãos. No caminho quaresmal, Deus vem ao nosso encontro, convertendo nossos corações para que nos coloquemos a serviço uns dos outros. Um gesto muito concreto da quaresma na Igreja do Brasil é a Campanha da Fraternidade. Tal gesto mobiliza as paróquias para que estejam atentas ao compromisso social da fé. Este ano a Campanha tem como tema a “Fraternidade e amizade social”. No caminho da fé, todos somos irmãos. Ninguém chegará sozinho no céu. Em tempos de tantas polarizações em todos os ambientes, o Evangelho de Cristo convida a todos a uma conversão muito concreta, que passa pelas relações fraternas.
Que Nossa Senhora nos ajude a bem vivermos o caminho penitencial, Ela que não precisou de misericórdia, mas nos deu a própria Misericórdia, nos ajude a acolher o perdão de Deus. Que o coração fraterno de Nossa Senhora nos auxilie na compreensão de que Deus é o pai de todos. Ninguém fica fora da família de Deus!