O chamado missionário é constitutivo do ser cristão. Cristo chama a todos para colocar-se a caminho. Ninguém está dispensado desse chamado de amor. Não se pode pretender o Evangelho de Cristo ausentando-se da atividade missionária da Igreja no mundo. O mês de outubro é na Igreja um tempo especial para meditar mais sobre como devemos ser batizados e enviados no coração do mundo.
Neste tempo, o Papa nos dá uma belíssima mensagem para o dia Mundial das Missões. O tema meditado é o mesmo tema do Ano Vocacional que estamos vivenciando na Igreja do Brasil: “Corações ardentes, pés ao caminho”. Trata-se do encontro dos discípulos de Emaús com Cristo Ressuscitado. O Papa meditando sobre essa passagem de são Lucas, nos oferece o seguinte entendimento: “Aqueles dois discípulos estavam confusos e desiludidos, mas o encontro com Cristo na Palavra e no Pão partido acendeu neles o entusiasmo para pôr os pés ao caminho rumo a Jerusalém e anunciar que o Senhor tinha verdadeiramente ressuscitado. Na narração evangélica, apreendemos a transformação dos discípulos a partir de algumas imagens sugestivas: corações ardentes pelas Escrituras explicadas por Jesus, olhos abertos para O reconhecer e, como ponto culminante, pés ao caminho.”
Diante de um mundo tão pluralizado, será que ainda devemos anunciar Jesus Cristo? Será que não estaríamos ferindo a quem diz não querer receber o anúncio do Evangelho? Um dos documentos finais do Concílio Vaticano II é muito claro sobre a pertinência e a urgência da propagação do Evangelho a todos os homens e mulheres: “A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser ‘sacramento universal de salvação’, por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. Já os próprios Apóstolos em que a Igreja se alicerça, seguindo o exemplo de Cristo, ‘pregaram a palavra da verdade e geraram as igrejas’. Aos seus sucessores compete perpetuar esta obra, para que ‘a palavra de Deus se propague rapidamente e seja glorificada’ (cf. 2 Tes. 3,1), e o reino de Deus seja pregado e estabelecido em toda a terra” (cf. Ad Gentes, n. 01). O dever missionário nunca é um peso para os cristãos, mas um apostolado que perpassa toda a vida. O que move nosso esforço missionário é o amor que nutrimos pelo Senhor e pela salvação de todos os homens. Um dever de amor!
O Papa Francisco, ainda falando sobre a necessária exigência da missão da Igreja, nos diz: “a fé em Jesus Cristo dá-nos a justa dimensão de todas as coisas, fazendo-nos ver o mundo com os olhos e o coração de Deus (…)”. O mundo dos homens deve ser evangelizado com o olhar de Deus. A Igreja não anuncia a si mesma e nem o seu próprio olhar; ela foi encarregada de apresentar Jesus e Sua Salvação. Para tal, devemos levar a peito aquilo que o Papa nos pede constantemente: “uma Igreja em saída até aos extremos confins requer constante e permanente conversão missionária. Quantos santos, quantas mulheres e homens de fé nos dão testemunho, mostrando como possível e praticável esta abertura ilimitada, esta saída misericordiosa ditada pelo impulso urgente do amor e da sua lógica intrínseca de dom, sacrifício e gratuidade (cf. 2 Cor 5, 14-21)”. O nosso amor a Deus deve transbordar concretamente em nossas vidas; quando amo verdadeiramente a Deus eu vou missionariamente ao encontro dos irmãos!
Esse dever missionário também nos coloca na escuta atenta aos apelos de Deus que nos convoca para a cultura da vida. Diante do avanço da cultura do aborto em nosso país, devemos rezar muito para que a consciência daqueles que legislam seja marcada pelo sentido da vida, desde a sua concepção até o seu declínio natural. O povo brasileiro, em sua esmagadora maioria, é determinantemente contra o aborto em qualquer situação. Devemos rezar muito e agir na formação de consciências em vista do verdadeiro bem comum e do valor irrenunciável da vida humana.
Que a Virgem Santíssima, Mãe Daquele que nos deu a vida, interceda por toda a Igreja para que tenhamos a prontidão e o ardor missionário, levando o anúncio do Evangelho de Cristo a todos