A Eucaristia é o supremo dom que o Senhor quis nos dar para que caminhemos fortes pelas estradas do mundo. Na última quinta-feira, a Igreja celebrou com solenidade o dia do Corpus Christi. Jesus Eucarístico passou em nossas ruas e praças; homens e mulheres de fé se colocaram de joelhos na presença de Deus. Nos “prostramos diante d’Aquele que se inclinou até nós e deu a vida por nós”(Bento XVI).
O dom da Eucaristia é a suprema forma, o jeito de Deus nos dizer concretamente que não estamos sozinhos na estrada da vida. Ele, O Senhor que morreu na cruz e ressuscitou, Se coloca ao nosso lado e nos indica a direção.
O Pão de Verdade, como cantou a Sequência da solenidade de Corpus Christi, deve ser adorado com toda inteireza do nosso coração. Adorado e, ao mesmo tempo também, deve ser o alimento dos pecadores arrependidos.
No Evangelho deste domingo, Jesus, o mesmo que está presente na Eucaristia, senta-se à mesa com os pecadores: “enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus,
vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos “ (Mt 9, 10). O gesto divino de estar com os pecadores significa que a misericórdia de Deus nunca deixa ninguém para trás, como costuma afirmar o Papa Francisco.
O Pão Eucarístico é o maior tesouro da Igreja. Não viveríamos sem nos alimentar desse Pão Vivo que desceu do céu. É alimento que nos purifica, restaura e mos impulsiona para a missão.
Sabemos que a prostração que fazemos diante do Santíssimo Sacramento é uma prostração existencial. Os nossos joelhos se dobram diante de um Deus que foi o Primeiro a “inclinar-Se” diante do homem. Sim! É isso mesmo, a Igreja, como continuadora da missão do Deus que Se dobrou aos homens, se ocupa do serviço da caridade; e como o Bom Samaritano, limpando e curando as feridas da humanidade, continuamos o que Deus Fez ao Se encarnar: ajoelhou-Se em nossa carne para lavar os nossos pés sujos. Olhar para o Senhor presente no altar nos faz pensar na missão que temos como pessoas eucarísticas. A comunhão eucarística que fazemos nos coloca diante do urgente e contínuo compromisso da caridade de uns para com os outros. E com o Papa Francisco, renovemos no nosso coração a nossa relação com a Eucaristia e com os irmãos: “a Eucaristia é o ápice da ação da salvação de Deus: O Senhor Jesus, se fez pão partido por nós, derrama sobre nós toda a sua misericórdia e seu amor, e assim renova o nosso coração, a nossa existência e a maneira como nos relacionamos com Ele e com os irmãos.”
O arrependimento de nossas faltas e pecados deve acompanhar nossa busca por uma vida sempre mais eucarística. Não podemos nos aproximar “desajeitados” do grande mistério da nossa fé. Não somos perfeitos, mas uma vida eucarística exige conversão cotidiana. O alimento da Eucaristia faz brotar frutos fecundos na missão da Igreja. A Igreja vive da Eucaristia, como muitas vezes dizia São João Paulo II. A mesa dos pecadores é o lugar predileto do Divino Redentor. É Ele que, primeiramente, se aproxima. Senta à mesa e faz refeição, ensinando-nos que o segredo da acolhida real da misericórdia passa pela doação de vida.
Enchamo-nos da mesma alegria que habitou o ventre da Santíssima Virgem, quando Ela carregou o Verbo de Deus, O mesmo que adoramos sobre os nossos altares. Que a Mãe de Deus nos ajude a caminhar firmes pelas estradas desta vida.