A medida da Trindade é sempre o amor!
Passado o Domingo de Pentecostes, encerrando o Tempo da Páscoa, a Igreja continua celebrando grandes solenidades. Agora estamos celebrando o Domingo da Santíssima Trindade. Mas o que a Igreja quer nos dizer ao propor referida celebração na retomada do Tempo Comum? Nas palavras do Papa Francisco, “nessa festa celebramos Deus: o mistério de um único Deus. E este Deus é o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Três Pessoas, mas Deus é um só! O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito é Deus. Mas não são três deuses: é um Deus em três Pessoas. Trata-se de um mistério que nos foi revelado por Jesus Cristo: a Santíssima Trindade. Hoje paramos para celebrar este mistério, pois as Pessoas não são adjetivação de Deus, não. São Pessoas reais, diversas, diferentes; não são – como disse aquele filósofo – ‘emanações de Deus’, não, não! São pessoas. Há o Pai, a quem rezo com o Pai-Nosso; há o Filho, que me concedeu a redenção, a justificação; há o Espírito Santo, que habita em nós e na Igreja. E isto fala ao nosso coração, porque o encontramos encerrado naquela expressão de São João, que resume toda a Revelação: Deus é amor (1 Jo 4, 8.16).”
Costumeiramente dizemos que explicar a Trindade não é uma tarefa fácil, mas vejamos bem, se a pensarmos a partir dos números, seu entendimento se torna frio e vago. Na teologia católica, o número na Trindade é uma forma de dizer que Deus, que nos ama infinitamente, e desde sempre, só sabe existir por meio de relação. O número três no coração trinitário é pura relação.
E quando os nossos olhos começam a contemplar completamente essa relação de amor? As pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, isto é, a Trindade Santa começa sua morada em nossa existência a partir do Batismo. “Eu te batizo – diz o sacerdote – em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Portanto, celebrar essa Trindade diz respeito ao nosso estar no mundo. As relações de amor entre as Pessoas da Trindade são referências para nossas relações humanas. Infelizmente, vivemos em contextos sociais que têm se afastado das consequências naturais das boas relações, tais como: respeito, escuta e acolhida da dor do outro, empatia… Contudo, como filhos de Deus, não podemos acomodar-nos no lugar da indiferença ou da simples constatação da realidade que nos rodeia. Afinal, a “‘família divina’ não está fechada em si mesma, mas está aberta, comunica-se na criação e na história e entrou no mundo dos homens para chamar todos a fazer parte dele. O horizonte trinitário de comunhão envolve-nos todos e estimula-nos a viver no amor e na partilha fraterna, na certeza de que onde há amor, há Deus” (Papa Francisco).
A medida da Trindade é sempre o transbordamento do amor. Deus, em todos os seus atos em favor dos homens, derrama amor. E esse amor é educativo. O amor de Deus nos convoca para o serviço: “a Trindade é Amor a serviço do mundo, que quer salvar e recriar” (Papa Francisco). Não podemos pretender receber esse amor imenso e generoso e não passá-lo aos irmãos, ao mundo. Na relação trinitária, esse empenho em favor dos outros ganha proporções inimagináveis. É um serviço que restaura famílias destruídas, resgata jovens perdidos nas drogas e no crime. Trata-se de um amor que não se basta, mas que se doa sem medida.
Que a Santíssima Trindade faça o mundo, tão dividido pelas ideologias, crescer na unidade e comunhão. A diferença de pensamento ou ideias não pode ser barreira para amar nossos irmãos. O amor cristão nos faz a profética chamada de fazer cair os muros em vista de um mundo novo, casa comum de todos.
Que Nossa Senhora, aquela que está plenamente envolvida do amor trinitário, nos ajude a contar o número das boas relações entre as pessoas humanas e no coração do mundo que Deus tanto ama.