A Igreja não se cansa de propor aos homens a acolhida de Deus pela via das bem-aventuranças. O homem que crê deve amar a Deus pelo caminho da resignação, isto é, o caminho oferecido por Jesus no sermão da montanha: bem-aventurados os pobres… os aflitos… os mansos.
Segundo o Papa Francisco, “a pobreza nas Bem-aventuranças, indica que ‘o discípulo de Jesus não encontra a sua alegria no dinheiro ou em outros bens materiais, mas nos dons que recebe de Deus todos os dias: a vida, a criação, os irmãos e as irmãs, e assim por diante.’” Eis o caminho que fascina a identidade cristã. Não podemos ser Jesus sem acolher esse caminho de resignação.
Vivemos em tempos difíceis, de perdas de valores. Mas o que devemos fazer? Devemos nos afundar nas crises? O segredo é fazer da própria vida um lugar em que buscamos Jesus em tudo; e como diz o Papa: “Procurar Jesus, encontrar Jesus: eis o grande tesouro!”
O caminho para encontrar o Senhor nas estradas da vida é imitar o caminho dos santos que leram o Evangelho de Cristo com o coração aberto e que encarnaram as bem-aventuranças como estilo de vida. “Pensemos em são Francisco de Assis: ele já era cristão, mas um cristão ‘ao sabor da corrente’. Quando leu o Evangelho, num momento decisivo da sua juventude, encontrou Jesus e descobriu o Reino de Deus, e então todos os seus sonhos de glória terrena esvaeceram. O Evangelho leva-nos a conhecer o Jesus verdadeiro, faz-nos conhecer o Jesus vivo; fala-nos ao coração e muda a nossa vida. E então, sim, deixamos tudo. Podemos mudar de vida concretamente, ou então continuar a fazer aquilo que fazíamos antes, mas nós somos outra pessoa, renascemos: encontramos aquilo que dá sentido, sabor e luz a tudo, inclusive às dificuldades, aos sofrimentos e até à morte” (Papa Francisco).
Jesus é o tesouro escondido que o Pai do céu nos oferece. Recebemos esse tesouro no dia do nosso batismo e não podemos escondê-lo na terra. O presente da fé é um apoio que nos tornará fortes nos momentos de crises e dificuldades, e até mesmo, quando temos de lidar com a morte de quem amamos. Encontrar o Senhor é fazer da própria vida um espaço de constante acolhida do Evangelho; e isso significa conversão, mudança de vida. O discurso do medo, tão frequente nos dias atuais, não pode ser a palavra definitiva sobre nossas vidas. O homem e a mulher de fé devem pautar suas atitudes a partir da cultura do encontro, do encontro com a Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Que a esperança de Cristo encha nossos corações e nos faça compreender cada vez mais que tudo na vida passa. Só Cristo não passa! Podemos até perder pessoas, coisas, inteligência, mas a semente do Evangelho “escondida” na pregação das bem-aventuranças nunca perderemos. Enchemo-nos das graças e certezas que brotam de Cristo, o tesouro que procuramos e encontramos.