O Tempo do Natal há pouco encerrou seu ciclo na vida litúrgica da Igreja. Passamos agora a vivenciar o Tempo Comum. A Palavra de Deus vai nos conduzir para o ordinário de nossas vidas. Os Evangelhos nos colocarão diante dos fatos públicos da vida de Jesus – seu apostolado e pregação no meio do povo.
O Tempo Comum é um tempo de muitas graças no nosso cotidiano. Aprendemos com Jesus a estar todo inteiro nas situações mais comuns que a vida nos oferece. Estamos nos acostumando, infelizmente, a considerar que o verdadeiro empenho da vida consiste em realizar coisas portentosas. O mundo virtual das redes sociais banalizou as coisas comuns e passamos a acreditar que devemos apresentar, ainda que falsamente, uma vida perfeita e “maquiada” nos stories da vida. Quando, na verdade, estamos fugindo daquilo que é próprio de uma vida carregada de sentido: saber lidar com as frustrações e dificuldades.
Umas das graças desse tempo litúrgico consiste em meditar os atos comuns e salvadores do apostolado de Jesus. Em cada domingo do Tempo Comum o Evangelho nos apresentará o caminho de Nosso Senhor na vida do povo. Esse caminho não significa um acumulado de coisas que Jesus foi capaz de realizar, mas nos oferece um olhar atento da transformação da graça de Deus nas situações mais comuns da vida. Jesus curou doentes. Ele libertou oprimidos do demônio. Ele sentou à mesa com os pecadores.
Tais situações comuns de vida são lugares especiais da transformação da graça de Deus. Nosso Senhor não nos ensinou a fugir das coisas ordinárias, ao contrário, nos ensinou a estar no mundo sem preterir o coração e os sentidos das coisas do alto. Trabalhamos muito, corremos para todos os lados. A vida moderna nos impôs esse fardo de fazer muitas coisas. Por vezes fazemos estas atropelando o limite de nosso corpo; esquecendo de estar com nossa família e com as pessoas que amamos. Isto não é bom e não ajuda na santificação da vida!
O Evangelho proclamado neste II Domingo do Tempo Comum nos dá uma lição muito bonita. Fala de João como aquele que aponta Nosso Senhor como o Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo. João nos revela que Jesus é o batizador no Espírito Santo. No meio das nossas muitas atividades, devemos reservar o maior espaço e tempo para o Senhor. Nossas ocupações não podem ser estranhas ao que rezamos. Nossa vida inteira deve convergir para o Senhor. Até mesmo as nossas quedas e fragilidades devem estar submetidas ao senhorio de Jesus. Quando cairmos por causa dos nossos pecados, que seja uma queda aos pés de Jesus.
O Espírito Santo, que conduziu Jesus ao longo de seu caminho no meio do povo, também nos acompanha no caminho de nossas vidas. Ele não nos abandonará quando nos faltar a coragem e o vigor diante das demandas exigentes da vida. Peçamos à Virgem Maria, a Mãe dos peregrinos deste mundo, que segure firme nossa mão, e nos coloque sempre em marcha para Deus. Que o seu amor dedicado de Mãe nos ajude a compreender que nossa vida só valerá a pena se for carregada de sentido e do Senhor.