O tempo do Advento está chegando ao fim. Toda a Igreja percorreu um caminho de preparação para o Natal do Senhor. Tão recentemente o Papa Francisco afirmou algo bastante interessante sobre o sentido desses dias de espera do advento: “Um tempo em que preparando o presépio para o Menino Jesus, aprendemos de novo quem é o nosso Senhor; um tempo de sairmos de certos esquemas e preconceitos para com Deus e os irmãos; um tempo em que, em vez de pensarmos em presentes para nós, possamos doar palavras e gestos de consolo aos que estão feridos, como Jesus fez com os cegos, os surdos e os coxos”.
Advento é uma oportunidade de fazer de nossa existência o lugar para Cristo nascer, verdadeiramente.
Nestes dias, à medida em que nos aproximamos da grande festa do Natal, a liturgia da Igreja, por meio da Palavra de Deus, já vai nos inserindo nesse mistério de amor que repousa sobre a manjedoura de Belém. No caminho do Advento, esse mistério do amor de Deus vai atraindo os nossos olhos para contemplar cheios de admiração a entrada do Filho de Deus no mundo.
“Se por um lado o Natal nos faz comemorar o prodígio incrível do nascimento do Filho Unigênito de Deus da Virgem Maria na gruta de Belém, por outro exorta-nos também a aguardar, vigiando e rezando, o nosso próprio Redentor, que no último dia ‘virá julgar os vivos e os mortos’” (Papa Emérito Bento XVI). Este bendito tempo de esperança é uma espécie de medida para a vida cristã. As nossas escolhas de vida têm afinidade com os valores do Evangelho de Cristo? O Cristo que nascerá empobrecido na manjedoura de nossos corações também encontrará lugar nas escolhas que fazemos costumeiramente, quando somos “confrontados” pelo estilo de vida simples? São questionamentos que devem ser respondidos progressivamente, com a própria vida, ao longo da nossa caminhada cristã.
Já estamos às portas Daquele que virá para nos salvar do pecado e da morte. Jesus, nosso Salvador, vem ao nosso encontro na simplicidade de uma criança. Contudo, sua chegada é gigante e forte, capaz de nos reabrir de par em par a entrada para a vida verdadeira. O mistério do Natal do Senhor não é um conto antigo para povoar o imaginário de pessoas bobas e alheias do mundo concreto, mas um mistério nascido na carne dos homens. Nestes poucos dias que nos restam para a celebração do Natal, a nossa esperança se reacende, pois acreditamos que somente Deus pode mudar o curso da desesperança.
O homem até pode ser capaz de realizar grandes invenções, e isso, quando voltado para o bem comum é sempre bom, mas só Deus pode fazer um coração desanimado se encher de ânimo novo. Pois bem, o Natal do Senhor, que se aproxima, é o único acontecimento que enche o mundo inteiro de um novo ânimo e esperança renovada. Que o caminho percorrido no Advento tenha sido um tempo de limpar a casa do nosso coração para que, de fato, este se torne a manjedoura em que Cristo repousará sua sagrada presença. Que a Virgem Maria, o grande sinal de Deus para os desanimados, nos faça compreender que a melhor forma de esperar o Senhor se dá na atitude interior de oração.