“A esperança não decepciona” (Rm 5,5) foi o tema da última mensagem ao povo brasileiro feita pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil. Os bispos, unidos ao Papa Francisco, reunidos na primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da CNBB, oferecem reflexões em torno da vida e do Brasil. A mensagem faz, inicialmente, uma memória de tantas atividades de solidariedade na luta pela superação do flagelo sanitário e social da COVID-19. Faz-se memória também dos gestores de saúde e agentes públicos que, “diante de um cenário de medo e insegurança, foram incansáveis e resilientes. O Sistema Único de Saúde-SUS mostrou sua fundamental importância e eficácia para a proteção social dos brasileiros.” (Mensagem da CNBB ao povo brasileiro).
Nós, bispos do Brasil, não podemos fechar os olhos diante dessa grave crise sanitária em que se encontra o nosso País. Somos sabedores da histórica e complexa crise ética, econômica, social e política, que já se faziam presentes em nosso tecido social, bem antes da explosão da pandemia. “A COVID-19, antes de ser responsável, acentuou todas essas crises, potencializando-as, especialmente na vida dos mais pobres e marginalizados.” (Mensagem ao povo brasileiro).
Outro tema abordado, como reflexão, é o da crueldade das guerras. O Papa Francisco tem chamado, insistentemente, o mundo a depor as armas: “Deponham-se as armas, se inicie uma trégua pascal, mas não para recarregar as armas e retomar o combate, não! Uma trégua para se chegar à paz, através de uma verdadeira negociação, disponível também a qualquer sacrifício pelo bem das pessoas”. Devemos nos esforçar para promover, em todos os lugares, a cultura da civilização do amor e da fraternidade.
Os bispos também fazem notar a necessidade de assegurar sempre a harmonia entre poderes da República e que não se aceite a perda de direitos dos trabalhadores e dos pobres. Devemos buscar sempre escolhas mais justas e que visem o bem comum. O contexto pré-eleitoral tem sido marcado por polarizações, mas não podemos nos esquecer que a esperança não engana, e a esperança exige o valor social da democracia. Esta é uma conquista, ainda em construção, que não podemos perder jamais. Impõem-se “tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e a conquista irrevogável do voto. Tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro. Reiteramos nosso apoio às Instituições da República, particularmente aos servidores públicos, que se dedicam em garantir a transparência e a integridade das eleições.” (Mensagem ao povo brasileiro).
Pedimos à Nossa Senhora Aparecida, Mãe da nação brasileira, que assegure a paz necessária e que, o caminho da fé, seja um lugar marcado pela fraternidade e a caridade. Traga ao nosso povo àquela esperança que não engana, e que só pode vir da fé em Jesus.
Ainda falando em Maria, não posso deixar de enviar, neste fim de semana especial, minhas bênçãos a todas as mulheres que assumiram o seu papel e o dom da maternidade. O amor de uma mãe é imensurável e Deus as olha com generosa misericórdia, pois conhece o íntimo do coração de cada uma. Que o Senhor as abençoe e as guarde de todo mal.
Dom Frei Manoel Delson