O mês de agosto, na Igreja do Brasil, é sempre celebrado, a partir da Liturgia, como o mês vocacional. Na segunda semana celebra-se a vida e a família, com ênfase na missão da paternidade. Para o povo cristão, não se pode dissociar a vida familiar da cultura da vida em qualquer circunstância.
Nossas sociedades modernas precisam redescobrir o dom e a missão da paternidade. Não é possível avançar socialmente sem o desenvolvimento necessário dessa missão. O Papa Francisco assegura-nos algo muito interessante e profético para nossos dias ao falar da paternidade de São José, esposo da Virgem Maria, cujo ano jubilar a Igreja celebra: “(…) assumiu o mistério: aceitou a paternidade e o mistério. José assume este mistério e ajuda com o seu silêncio, com o seu trabalho, até ao momento que Deus o chama a si”. Para o Papa, a paternidade é um exercício de amor que se vive à sombra do mistério de Deus. Não se trata de ofício humano, se assim o fosse, os pais estariam programados ao previsível fracasso. A missão de cada pai carrega a força do mistério do amor de Deus.
A autoridade própria da paternidade não é um peso que subjuga os filhos, tratando-os como coisas, mas, trata-se de serviço, como nos ensina a Igreja. A autoridade do pai na vida familiar é serviço. Os filhos devem ver na autoridade paterna aquele serviço que brotou da cruz de Jesus, o serviço da caridade que salva e dá a vida pelos seus até o fim (Cf. Jo 13,1).
Vivemos em cenários sociais tóxicos, de desastrosos embates ideológicos, mas a vocação cristã da família deve nos acompanhar em tudo. Somos chamados a ser um sinal da boa convivência familiar nesses ambientes marcados pela busca arrogante de poder e opressão. O amor cultivado em nossas famílias deve ser uma espécie de exorcismo contra tudo aquilo que nos afasta um dos outros: egoísmo, desunião, materialismo…
Por fim, desejo ressaltar um compromisso que devemos gravar no coração: a família cristã é guardiã da vida humana, desde sua concepção até o seu declínio natural. O verdadeiro amor familiar conhece muito bem o valor sagrado da vida. Não podemos celebrar o dia dos pais, da família, sem deixar explicito e manifesto o nosso compromisso com a cultura da vida. O Evangelho de Cristo que é o evangelho da família não admite o aborto e toda cultura de morte. Que possamos carregar na consciência as vibrantes palavras do Papa Francisco ao nos advertir o grande mal da cultura do descarte: não podemos descartar a vida humana. No embrião humano já mora o amor de Deus! Sobre os ombros de todo pai repousa o suave fardo da vida que pulsa.
Que São José, o pai adotivo de Jesus, ajude nossas famílias a serem constantemente sinais de esperança e de empenho da cultura da vida em todos os lugares. E que Nossa Senhora das Neves interceda pelas famílias paraibanas, afim de que possam viver sua missão com a alegria do Evangelho.
Dom Manoel Delson