Não estamos sozinhos

Neste mês da Bíblia, nós católicos, somos motivados a nos aproximar especialmente da Palavra de Deus, afinal, como diz o Papa Francisco: “a Palavra de Deus permite-nos tocar com a mão esta proximidade, já que ela não está longe de nós, antes está muito perto do nosso coração. É o antídoto contra o medo de enfrentar a vida sozinho”.

Uma das grandes mensagens desta Palavra é que não caminhamos sozinhos, o amor de Deus nos acompanha sempre: “A Palavra de Deus é a carta de amor escrita para nós” (Papa Francisco). Diante de tantos cansaços existenciais, temos a garantia que essa Palavra é luz a nos guiar! Não podemos parar! Os desafios nos cercam, mas bem maior é o conforto iluminador que nos vem da Palavra que Se fez carne e veio morar no meio de nós.

Os homens e mulheres de todas as épocas são os felizes destinatários da Palavra de Deus. Ela dirige-se às pessoas de todos os lugares e momentos mais ordinários. Essa Palavra tem uma força universal, capaz de alcançar a todos em cada uma das áreas da sua vida particular. Ao nos dedicarmos à escuta meditada da Bíblia, o nosso coração vai se enchendo de sentido e orientação; Ela vai nos cativando a tal ponto de nossas mentalidades e convicções tornarem-se o jeito de Jesus pensar! Todos os livros bíblicos referem-se a Jesus. Toda a Bíblia aponta para a vida de Jesus, mas não somente Sua vida, também do encontro de Jesus com o homem pecador e arrependido. Em cada parábola que Jesus nos conta, o coração humano vai se enchendo de esperança, mas não de qualquer esperança, enche-nos do futuro eterno. Somente o Senhor tem o poder de nos propor um caminho de fé capaz de mudar nossas vidas.

O caminho da humanidade só encontra prumo mediante o encontro pessoal e comunitário com essa Palavra. Na atualidade, teme-se falar das coisas eternas; vamos nos acostumando com atitudes e sonhos provisórios. Implantou-se o medo de falar da vida eterna. “Falamos das coisas que são úteis para o mundo, mostramos que o Cristianismo ajuda a melhorar o mundo, mas não ousamos dizer que a sua meta é a vida eterna e que de tal meta derivam depois os critérios da vida. Temos que compreender de novo que o Cristianismo permanece um “fragmento”, se não pensarmos nesta meta, que queremos seguir à altura de Deus, à glória do Filho que nos faz filhos no Filho, e temos que reconhecer de novo que o Cristianismo revela todo o sentido só na grande perspectiva da vida eterna. Temos que ter a coragem, a alegria, a grande esperança que a vida eterna existe, é a verdadeira vida, e é desta vida autêntica que vem a luz que ilumina também este mundo.” (Papa Emérito Bento XVI). Só a Palavra de Deus pode gravar tudo isso em nossos corações. Não há outra palavra capaz!

Que a Virgem Maria, Mãe e Mestra da fé, nos auxilie na busca atenta e piedosa da Palavra de Deus; e que não nos falte o testemunho dessa grande Palavra no mundo de múltiplas e pequenas palavras.

Dom Frei Manoel Delson
Arcebispo da Paraíba