A Palavra de Deus não morre

 

O mês de setembro é o mês da Palavra de Deus. Evidenciamos, portanto, o maravilhoso dom que é o encontro que fazemos com a Pessoa de Cristo por meio de Sua Palavra. Para nós, cristãos, a Bíblia não é somente um livro sagrado e nem um livro propagandista de uma religião que prega uma palavra escrita e muda. Não! A Sagrada Escritura é o próprio Senhor Vivo e Ressuscitado, e deve ser proclamada, escutada, lida, acolhida e vivida como Palavra de Deus, sob a guarda da Tradição da Igreja, como pede o último Concílio da Igreja, o Vaticano II. 

O que fazer para crescer na relação frutuosa com a Palavra de Deus? Um dos segredos é silenciar mais quando ela é meditada, pessoalmente ou comunitariamente. Devemos exercitar mais nossa escuta exterior e interior; é claro que o desafio barulhento da vida moderna dificulta bastante, mas quando realmente abrimos o coração, o Espírito Santo toca nossos sentidos e nos dá a graça da verdadeira escuta de Deus. Sem esta disposição interior, não colheremos os frutos na vida, e iremos cada vez mais para a margem que coloca Deus como supérfluo e alheio. 

A dimensão comunitária da escuta da Palavra de Deus é um dos grandes presentes que recebemos do Senhor como Igreja. Todo fiel é convidado a entrar na relação vital existente entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja. Sem a clareza desta relação íntima o nosso ser católico fica ofuscado. A Igreja é a “casa da Palavra de Deus”. E esta casa não é pequena, ela se estende às pequenas comunidades de nossas paróquias: “é bom que, na atividade pastoral, se favoreça também a difusão de ‘pequenas comunidades’, formadas por famílias ou radicadas nas paróquias ou ainda ligadas aos diversos movimentos eclesiais e novas comunidades, nas quais se promova a formação, a oração e o conhecimento da Bíblia segundo a fé da Igreja” (Verbum Domini, n. 73).

Tomemos no coração as palavras do Papa Francisco que nos encoraja à uma relação viva e testemunhal com a Palavra de Deus: “A Palavra de Deus é viva: não morre nem envelhece, permanece para sempre. Ela permanece jovem diante de tudo que acontece e conserva do envelhecimento interior aqueles que a colocam em prática. Está viva e dá vida”. Que o nosso testemunho de cristãos possa ser essa bandeira que proclama que a Palavra de Deus não morre jamais. Cristo está Vivo em nós!

Dom Frei Manoel Delson
Arcebispo da Paraíba