“A Eucaristia não nos fecha em nós mesmos, ela nos abre ao serviço”, diz Dom Delson na Missa da Ceia do Senhor

A Missa da Ceia do Senhor marca o fim da Quaresma e início do Tríduo Pascal. Ela marca também a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Dom Manoel Delson presidiu a celebração na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves na tarde desta Quinta-feira Santa. O Arcebispo da Paraíba lembrou que o gesto do Lava-pés, que esse ano não foi possível realizar na celebração devido às restrições impostas pela pandemia, deve ser encarado como o gesto concreto de solidariedade: “lavar os pés é ir ao encontro e servir ao irmão”, disse.

Dom Delson refletiu acerca do gesto do lava pés, que refere-se ao ato de Jesus, que lavou os pés dos discípulos na última ceia. “Como nós vivemos a Eucaristia hoje na dimensão do serviço? Como lavamos os pés dos irmãos hoje? Em família, é no cuidado e no amor entre esposo e esposa, dos pais para com os filhos e filhos com os pais. Os jovens, se resguardando em casa, evitando a contaminação de amigos e familiares. Lavar os pés é enxergar aqueles que estão sofrendo com a fome e o desemprego. Os médicos e equipes de enfermagem, cansados, exaustos, mas sem deixar de cuidar de quem chega aos hospitais também estão lavando os pés dos irmãos. E nós lavamos os pés deles quando colaboramos com a diminuição dos casos de pessoas infectadas pela covid-19 com nossas ações de responsabilidade social”.

Sobre o Sacerdócio, Dom Delson lembrou que a missão de bispos e padres é sublime e exige, entre outras coisas, renúncia, sacrifício e paciência. “Nós, sacerdotes, devemos lavar os pés das pessoas sempre: no atendimento às pessoas, cuidando e orientando pacientemente, mesmo quando elas são como ovelhas desgarradas, que não sabem o que dizem, não sabem para onde estão indo. Cabe a nós, pastores, continuar dando as orientações do Evangelho até que o mesmo chegue aos corações de cada um deles”.

Falando sobre a Sagrada Eucaristia, o Arcebispo convidou à reflexão sobre as ações pessoais que completam a dimensão social do sacramento. “Se a pessoa vai até a igreja, participa da Eucaristia, recebe o Corpo do Senhor no seu coração de forma respeitosa, piedosa, mas quando sai da igreja não é capaz de estender a mão ao irmão necessitado, àquele que está caído, se não é capaz de perdoar o irmão que falhou, dialogar com aqueles que pensam diferente… eu pergunto: essa Eucaristia celebrada, assim, está surtindo efeito na vida dessa pessoa?”.

E completou: “A Eucaristia não nos fecha em nós mesmos. Ao contrário, ela nos abre ao serviço, para amor, para a compaixão, para a fraternidade, para a sensibilidade com o nosso semelhante. Ela nos impulsiona para fazer o que Jesus Cristo fez e disse: ‘vejam o que eu fiz e façais a mesma coisa’. Se não fazemos o mesmo que Cristo fez, que Eucaristia estamos celebrando?”.

Confira a homilia na íntegra: