Oficinas de Oração e Vida. Conheça o serviço que existe há quase 40 anos na Igreja Católica e alcança milhares de pessoas no mundo inteiro.

Na semana passada, teve início aqui na Arquidiocese da Paraíba mais um ciclo das Oficinas de Oração e Vida, mais precisamente entre os dias 06 à 12 de agosto. Os encontros podem durar até três meses e meio. Nós conversamos com Giciane Carvalho Vieira, coordenadora das Oficinas de Oração e Vida em João Pessoa, para saber o que é e como funciona este serviço da Igreja que já existe há quase 40 anos e alcança milhares de pessoas no mundo inteiro.

Eu comecei perguntando a Giciane o que de fato é uma Oficina de Oração e Vida?

Giciane: As Oficinas de Oração e Vida são um serviço dentro da Igreja Católica, aprovado pela Santa Sé, com os olhos fixos na figura deslumbrante de Nosso Senhor Jesus Cristo e um forte apelo e constante afirmação da primazia do amor. As Oficinas de Oração e Vida (Talleres de Oración y Vida – TOV, em espanhol) constituem o ápice e coroamento de toda a vida apostólica do frei Frei Ignacio Larrañaga. O Frei Ignacio era um padre franciscano da Ordem dos Capuchinhos que por 36 anos ininterruptos aplicou o Encontro de Experiência de Deus (EED) em 34 países e 04 continentes que era um retiro espiritual de cinco dias, que reunia muitas pessoas e alguns dos participantes passaram a pedir para que ele fizesse algo que pudesse ser divulgado tudo aquilo para mais pessoas, para todo o povo de Deus. Então, a partir daí ele, inspirado pelo Espírito Santo, criou as Oficinas de Oração em Vida, que iniciaram em 1984.

Você coordena o núcleo aqui de João Pessoa, como é formada essa coordenação, são quantas pessoas numa coordenação de Oficinas de Oração e Vida?

Giciane: A coordenação local é composta por 05 pessoas que já passaram pelas Oficinas e hoje são Guias de Oficinas. A equipe é composta pelo coordenador, secretário, tesoureiro, Tov Jovem, que é aquele Guia envolvido mais com as Oficinas para Jovem e a responsável pela Escola de Preparação para Guias (EPG), escola esta que preparar o Oficinista para ser Guia das Oficinas. Os Guias estão ligados a uma Coordenação Local, a Coordenação Local a uma Coordenação Nacional, essa a uma Zonal, essa a Coordenação Internacional e a Coordenação Internacional ao Dicastério do Conselho Pontifício para Leigos, do Vaticano, Roma.

Qual é o objetivo das Oficinas de Oração em Vida? A finalidade?

Giciane: O que nós oferecemos é um método prático para aprender a orar e orar de uma maneira ordenada, variada e progressiva: desde os primeiros passos até às profundidades da contemplação. Através de um método prático somos conduzidos a viver uma experiência de Deus através do conhecimento e meditação da Palavra contida nas Sagradas Escrituras. É uma experiência que transforma nosso modo de viver. Este novo modo de viver tem como modelo Jesus Cristo. Como numa oficina se aprende trabalhando e se trabalha aprendendo, no nosso caso se refere a atividade orante: orando se aprende a orar. Orar não consiste numa reflexão intelectual, mas em um elevar à Deus a mente, atenção e emoção. Diariamente, aprendemos a ter o contato com a Palavra de Deus nos momentos que nós chamamos de Sagrada Meia Hora Diária de Oração. E dessa forma esse método ajuda a nos aproximarmos da Palavra de Deus e assim, passo a passo, o participante é levado a um processo de transformação pessoal cristificante e santificante, deixando os seus traços negativos e assumindo os traços positivos de Jesus – paciência, humildade, mansidão, amor, fortaleza – perguntando-se a cada nova circunstância da vida, “O que Jesus faria em meu lugar?”

Você falou que tem uma dinâmica de divisões, jovens, adultos, crianças. Como funciona essa dinâmica de divisão?

Giciane: Isso. Temos oficinas para adultos, para jovens, adolescentes, crianças e também curso para casais, todas diferentes de acordo com a idade dos participantes. Para criança com idade de 7 a 12 anos. Adolescentes, de 12 a 18 anos. Jovem, a partir de 18 anos ou para quem se considerar jovem, principalmente porque essa faixa etária de jovem é muito ampla, tem pessoas que com 30 anos se consideram jovem, outros com 25 anos já se consideram adulto, por isso pode fazer a Oficina de Jovem ou de Adulto. Por sinal, quem já fez a de adulto e faz a de jovem relata que é ótima.

Existe um período de dias, de semanas, me fala, por favor, as idades e períodos semanais?

Giciane: De 7 a 12 anos. São 10 encontros semanais com duração de 1h30. Adolescentes. De 12 a 18 anos, são 09 encontros semanais com duração de 1h30. Jovens, são 11 encontros com duração de 1h45. Adulto, que é o mais longo, são 15 encontros com duração de 2 horas por semana. Para quem vai ler a matéria ajuda a compreender o que acontece em cada um desses encontros, como é a dinâmica da oficina em si, o roteiro. Esse horário semanal, nós chamamos de Sessões, a cada Sessão existe um tema a ser trabalhado. A partir desse tema, nós temos os objetivos de cada encontro, uma Palavra que mostra exatamente aquele objetivo na Sagrada Escritura, então o objetivo da sessão o participante comprova que existe na Palavra. Temos também uma mensagem do Frei Inácio e modalidade de oração, que é a parte principal, modalidades que vão desde as mais simples, como a oração rezada até a oração de contemplação. E a partir desse tema abordado nós também temos uma vivência para ser praticada durante a semana e ao final de cada encontro o participante recebe uma programação para ser realizada em cada dia da semana. Todo dia ele vai ter algo a fazer. Como na nossa liturgia diária da Igreja Católica, o participante tem uma palavra para ler, uma modalidade de oração para ele praticar durante uma semana até o próximo encontro semanal e tem também a vivência. Na vivência, vamos mostrando e praticando aquelas ações que um cristão deve ter. Essa vivência é o quê? Atitudes e ações como uma simples ligação para alguém que está precisando, uma atenção para sua própria família, as vezes é doação de tempo, é visitar um asilo ou um orfanato. visitar um doente, dessa forma cada semana tem uma vivência diferente para ser praticada.

Me fala um pouco como tudo começou?

Giciane: O início foi justamente com os Encontros de Experiência de Deus, que eram retiros espirituais de cinco dias que o Frei Ignacio Larrañaga fazia e, como ele dizia, todo movimento tem que nascer do povo. As pessoas que participavam desses retiros, realizados por ele em vários países do mundo, principalmente na América Latina, pois ele morava em Santiago no Chile, pediram a ele que fizesse algo que fosse propagado para o mundo todo. No Brasil, o primeiro EED aconteceu em 1974. Então, pela inspiração do Espírito Santo, Frei Ignacio criou inicialmente Oficinas para Adultos. Depois teve Curso de Casais, adolescente, criança, iniciando as Oficinas em 1984, com o nome Oficina de Oração. Ao perceber que as pessoas achavam que só era Oficina de Oração, em 1986, ele mudou o nome para Oficinas de Oração e Vida, devido à proposta de transformação de vida que nós temos, comprovada pelos testemunhos dos que já participaram de uma Oficina. Em 1997, foi realizada a cerimônia de entrega do Decreto de Aprovação dos Talleres de Oración y Vida (TOV), com aprovação do seu Estatuto e em 2002 seu Estatuto foi aprovado na íntegra. Assim nós temos o nosso estatuto, que é depositado nos arquivos do Dicastério do Conselho Pontifício para Leigos, onde está determinado toda a estrutura organizacional e funcional das Oficinas.

Como você chegou na coordenação?

Giciane: Eu sou filha de Guia de Oficinas de Oração e Vida. Minha mãe foi Guia Ativa, isto é, Guia que aplica Oficinas, por 25 anos. Hoje, com 81 anos, é Guia Emérito. Fiz Oficina de Oração e Vida a primeira vez, em 2008, depois eu repeti em 2010 e sentia o chamado de que um dia eu seria Guia, mas no momento eu não podia me preparar para ser Guia, porque eu estava fazendo doutorado. Muitas atividades e obrigações profissionais. Assim que terminei o doutorado, eu fiz a Escola de Preparação para Guias em 2014. Pena que o Frei Inácio faleceu em 2013 e eu não o conheci pessoalmente. Minha mãe e os outros Guias, sim. Assim, fui enviada Guia em 2014. A cada três anos, existe o que nós chamamos de indicação para ser Guia em Função, isto é, Guias que fazem parte da Coordenação. Cada equipe indica dois nomes e essa indicação vai para a Coordenação Nacional, onde os Guias oram e escolhem quem vai ser indicado para assumir a Coordenação. Me fizeram o convite e eu aceitei de imediato.

Por que as Oficinas não são amplamente conhecidas?

Nesses 30 anos de Oficinas de Oração e Vida aqui em João Pessoa, o trabalho de divulgação era feito em cada Paróquia de forma isolada, onde se fazia o convite para que os paroquianos participassem de uma Oficina e talvez por isso, muitas pessoas não conhecem as Oficinas. Mas o Frei Ignacio já falava há 20 anos que nós Guias devíamos nos renovar e aceitar as inovações da tecnologia, da informática. Então veio a pandemia, quando tivemos de nos reinventar. Durante a pandemia, nós só paramos de aplicar Oficina, mas continuamos oferecendo outras atividades de forma remota como palestras e jornadas de evangelização, cursos para casais, reuniões… e percebemos a necessidade da divulgação das Oficinas. Atualmente, temos o Instagram da equipe local. Estamos divulgando cada vez mais o nosso serviço. Eu acredito que foi isso, aquele trabalho de divulgação que era feito isolado em cada paróquia e o alcance das mídias digitais tá surtindo efeito. É como diz o Frei Ignácio, nós Guias das Oficinas somos testemunhas do amor de Deus, nós somos testemunhas do que acontece na nossa vida e as transformações após participar de uma Oficina. Então o testemunho vai sendo realizado de boca em boca e quem participa no final da Oficina diz valeu a pena.

Me diz uma coisa, começou agora umas oficinas? Isso no mundo todo?

Giciane: A data de início no segundo semestre na primeira semana de agosto que esse ano foi de 6 a 12 de agosto, em todo o mundo. As vezes pode acontece alguma coisa, um imprevisto e pode iniciar na outra semana.

E aqui na Arquidiocese, vamos ter em quais paróquias?

Giciane: Na paróquia Santo Antônio de Lisboa, em Tambaú; a paróquia Nossa Senhora Aparecida, no 13 de maio; paróquia São José no José Américo; paróquia de Santo Inácio de Loiola, em Mandacaru; paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Altiplano; paróquia Mãe de Deus, em Cabedelo; e Nossa Senhora de Fátima, em Miramar. Sete paróquias, e no auditório da Livraria Paulus.

Qual o intervalo de um ciclo para outro?

Giciane: As Oficinas de Oração e Vida iniciam sempre no primeiro semestre em fevereiro e no segundo semestre em agosto. As Oficinas para Adulto, por exemplo, como são 15 encontros, vamos estar terminando final de novembro, início de dezembro pois duram cerca de três meses e meio. As novas turmas iniciarão só na primeira semana de 2024. Alguns Oficinistas gostam tanto de participar de uma Oficina que querem repetir. Eu, por exemplo, fiz a primeira Oficina e decidi fazer a segunda vez porque para mim era tudo muito diferente, novo e bom que me fez ter uma intimidade maior com Deus. Eu cresci muito na minha fé e espiritualidade ao participar das Oficinas, por isso, eu decidi repetir minha participação numa Oficina. Roberval, preciso dizer aqui que, ao participar de uma Oficina, o indivíduo vai assumindo um compromisso, primeiramente com Deus, depois consigo mesmo e depois com os irmãos.

Você falou agora há pouco, que a Oficina mudou sua vida, como foi isso?

Giciane: Ah… Eu vou falar de uma forma muito simples. A mudança vai acontecendo gradativamente em vários setores da vida. Mas a mudança principal foi esse contato diário com a Palavra no momento da prática da Sagrada Meio Hora Diária de Oração. Até Jesus se isolava, se retirava pra orar nas montanhas, se fortalecer junto ao Pai para só então, descer a montanha e realizar a sua missão. Então, já começo o dia realizando esse contato com Deus através da palavra e meditação da Palavra e a partir disso tiro meus critérios de vida, o que devo fazer, como devo agir, o que preciso mudar e melhorar na minha vida, na minha forma de agir. A oração diária vai me dando mais paz, autoconhecimento, equilíbrio, autocontrole, serenidade e maturidade para viver melhor. Por isso, eu só vejo coisas positivas que aconteceram em minha vida após participar de uma Oficina. E minha alegria foi tanta ao descobrir as Oficinas, que a minha vontade era divulgar para que todo mundo conhecesse; que todo mundo precisava participar de uma Oficina. Apesar de ser um serviço da Igreja Católica é aberto a qualquer pessoa que esteja em busca de Deus. Não é obrigado ser católico. Qualquer pessoa pode participar de uma Oficina de Oração e Vida. Por isso, que deixar aqui o meu convite para quem ainda não fez uma Oficina de Oração e Vida, vale a pena experimentar, vale a pena participar de uma Oficina para conhecer e viver esse programa de santificação cristificante que nos conduz a PAZ, e como diz Frei Inácio a PAZ é o sinal mais seguro da presença de Deus. Além disso, abrigamos um sonho. Nosso desejo secreto é que em cada Oficina surjam cristãos comprometidos de forma dinâmica com a Igreja, com sua paróquia e assim, as Oficinas venham a ser viveiros de vocação apostólica para a revitalização da Igreja. Se você leu essa entrevista até aqui sinta que é um chamado do Senhor para que venha participar de uma Oficina de Oração e Vida.

Para saber mais sobre as oficinas de oração e vida, você pode entrar no Instagram da equipe local clicando aqui ou falar com a coordenação pelo WhatsApp número: 83 98784-1718.