A Comemoração dos fiéis defuntos, ou o chamado Dia de Finados, é uma ocasião para renovarmos nossa esperança na vida eterna. Jesus deu um novo sentido à morte. Fê-lo com o seu ensinamento, mas sobretudo enfrentando Ele próprio a morte. Com isso, cabe ao cristão em sua missão, e a partir do dia de finados, evangelizar este mundo com o tom da relação entre morte e vida, mas não a simples vida biológica, e sim a vida eterna. O nosso olhar neste dia volta-se para o pensamento de como será o nosso fim sobre a terra, mas nunca sem perder a esperança do céu. Olhamos para a realidade inevitável da morte sob a luz da Ressurreição de Cristo.
Por qual motivo vamos piedosamente ao cemitério neste dia? Vamos primeiramente para rezar pelos entes queridos que nos deixaram. É uma forma de sentir-nos próximos, recordando também, desta maneira, um artigo do Credo que professamos: creio na comunhão dos santos. A revolução que Cristo faz ao desafiar e vencer a morte não é igual as revoluções pretendidas pelas ideologias que ferem a liberdade humana e que torna-nos inimigos dos nossos irmãos. Aquela trata de nos comunicar o dom da vida eterna. Cristo venceu a morte para reabrir as portas do céu a todo homem que crê. Aqui está o sentido magnifico dessa revolução que só Deus pode fazer na história. Poderíamos afirmar que Nosso Senhor nasce entre os homens para poder morrer.
A Solenidade de Todos os Santos, proximamente celebrada no dia de Finados, convida-nos solenemente à elevação dos nossos olhos e corações ao céu. A santidade é sempre uma chamada universal, todos os homens e mulheres são chamados a fazer plena comunhão com Deus. Esta comunhão não é somente vertical, somente com Deus, mas toca nossa relação com as pessoas que nos cercam. Os santos foram homens e mulheres que caminharam para Deus sem se afastar dos homens; eles tornaram-se vizinhos dos mais pobres e sofredores. A comunhão dos santos é uma realidade que contemplamos também na comunhão que nos propomos a realizar em nossas relações ordinárias nesta vida ainda. A revolução de Cristo ao sair vitorioso da morte também aparece quando amamos quem está do nosso lado e fazemos comunhão, ainda que nossas ideias e pensamentos sejam divergentes.
Que neste tempo de pandemia, o sentido da vida eterna nos faça mais solidários já ainda aqui nesta vida e que jamais nos falte o compromisso de sermos sinais de paz e unidade num mundo tão marcado por divisões!
Dom Manoel Delson
Arcebispo da Paraíba