Eu sou o Bom Pastor!

Neste Quarto Domingo da Páscoa, a Igreja, através da liturgia, nos convida a meditar sobre a figura do Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Há uma ternura e mansidão próprias da forma de cuidado do Bom Pastor. Para o Papa Francisco, há três disposições importantíssimas na missão do Pastor: ouvir o rebanho, guiar o rebanho e curar esse rebanho.

No trabalho evangelizador que nós pastores, bispos e sacerdotes, realizamos salta-nos a urgência dessas três disposições para com o povo que Deus nos confiou. Devemos nos empenhar em tudo para conduzir bem o povo de Deus para o céu! O “dá a vida pelas ovelhas”, pedido pelo O Pastor Supremo, Nosso Senhor, consiste na clareza dessa missão tão importante que nos cabe. Não somos os donos da Verdade, mas portadores da Verdade de Cristo, e não podemos nos esquivar da missão de ensinar nosso povo acerca da verdadeira fé e do verdadeiro humanismo. Trata-se de uma missão bastante exigente, que por vezes, somos incompreendidos, diante de um mundo tão complexo que nos cerca.

Na condução do Povo de Deus, os Pastores da Igreja devem buscar o necessário empenho na mansidão e na ternura: “um dos sinais do bom Pastor é a mansidão. O bom pastor é manso. Um pastor que não é manso não é um bom pastor. Ele tem algo escondido, porque a mansidão se mostra como é, sem se defender. Pelo contrário, o pastor é terno, tem essa ternura da proximidade, conhece todas as ovelhas pelo nome e cuida de cada uma como se fosse a única, a ponto que, ao chegar a casa depois de um dia de trabalho, cansado, percebe que lhe falta uma, sai para trabalhar outra vez para a procurar e [encontrá-la] leva-a consigo, carrega-a sobre os ombros (cf. Lc 15, 4-5). Este é o bom pastor, este é Jesus, que nos acompanha a todos no caminho da vida.” (Papa Francisco). Celebramos o Domingo do Bom Pastor na Páscoa porque essa ideia do pastor, da relação do pastor com suas ovelhas, é uma ideia própria do tempo Pascal. Não há verdadeiro pastoreio se a disposição para dar a vida não estiver diante dos olhos do pastor.

E como nós, bispos e sacerdotes, podemos dar a vida, concretamente? São João Paulo, de maneira sucinta e profunda, nos responde: “É de modo especial na Eucaristia que se torna sacramentalmente presente a obra do Bom Pastor, o qual, depois de ter anunciado a ‘boa nova’ do Reino, ofereceu em sacrifício a própria vida pelas ovelhas. A Eucaristia é, de fato, o sacramento da Morte e Ressurreição do Senhor, do Seu supremo ato redentor. É o sacramento em que o Bom Pastor torna constantemente presente o Seu amor oblativo por todos os homens.” Os sacerdotes, espalhados no mundo inteiro, dão a vida em favor das ovelhas quando celebram os sacramentos, quando se colocam ao lado do povo em suas dores e necessidades. Que o Bom Deus abençoe todos os sacerdotes da nossa Arquidiocese e que continuemos no auxílio da construção de um mundo novo, repleto de esperança!

Dom Frei Manoel Delson
Arcebispo da Paraíba