Durante o Tempo do Natal, a Igreja celebra o Mistério da Encarnação do Verbo Divino. No dia 25 de dezembro, segundo antigas tradições eclesiais, os fiéis se encontram para celebrar a Páscoa do Senhor e a memória do nascimento de Jesus, o Emanuel.
Desde o século IV dC, os cristãos celebram o nascimento de Cristo em várias comunidades eclesiais da Ásia, Europa e África. Desse modo, o nascimento de Cristo é uma celebração de caráter universal. Todos são destinatários do amor, da misericórdia e salvação oferecida por Deus.
Com essa solenidade celebramos a ação de Deus que nunca desamparou o gênero humano e nos revelou por meio desse Mistério que o ser humano é capaz de Deus.
O Evangelho de Lucas ressalta que Deus vem ao encontro dos pobres e pecadores e lhes comunica a Boa Nova (Lc 2,1-20). Assim, o Natal do Senhor não se constitui uma abstração, mas uma ação onde Deus arma sua tenda para viver conosco (Jo 1,14).
Com o Evangelho de Mateus aprendemos que o anúncio da Boa Nova e da Salvação não estão apegados a experiências nacionalistas ou a determinados grupos fundamentalistas, mas como um autêntico Evangelho é comunicado a todos os povos e culturas (Mt 2,1-12).
O Senhor que é o Autor da Vida tornou-se criança, esvaziando-se de sua condição divina para nos ensinar o valor de sermos humanos. Por meio do rosto do Cristo contemplamos o rosto de Deus (Jo 14,9).
Por meio do nascimento do Salvador, a noite tornou-se dia e a vida dos pecadores e pobres foi inundada por sua presença luminosa. Por meio do nascimento do Cristo os magos e outros povos foram convidados a mudar o caminho colocando-se como testemunhas das maravilhas do Deus que se encarnou no tempo. O Eterno tornou-se um de nós e renovou nossas esperanças em dias melhores.
A partir do nascimento de Cristo, vemos também que a fragilidade de um menino ameaça os poderosos desse mundo. Na casa de Herodes não se celebra o nascimento de tal criança, mas se persegue aquele que oferece a vida e a vida em abundância (Mt 2,16).
Como um Novo Moisés, Jesus provoca reações adversas naqueles que se colocam como arrogantes ou presunçosos diante de Deus e do próximo. O Salvador do mundo, desde o primeiro momento de sua vida, tornou-se um sinal de contradição para muitos de seus interlocutores.
Os antigos modelos de tirania pautavam-se na perseguição e submissão dos pequenos aos poderosos. A lógica do Reino de Deus estabelece que uma criança tornou-se um sinal da presença de Deus que assumiu a nossa condição humana para nos ensinar o caminho da paz, a trilha da esperança e a defesa da vida.
Assim, peçamos ao Senhor que nos convertamos ao Evangelho e sejamos promotores da Paz que foi entoada pelo coro dos anjos e que reside nos corações dos homens e mulheres de boa vontade.
Diác Vanderlan Paulo de Oliveira Pereira
Historiador e Teólogo, mestre em História e Doutor em Educação