Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz OFM,Cap
Nossa vida na terra é uma jornada missionária. O mês de outubro é considerado o mês missionário. Em nossas paróquias, buscamos rezar mais pela missão da Igreja, espalhada pelo mundo e também dentro de cada um de nós. Há um ardor missionário que atravessa o coração de todo batizado. Somos missionários aonde quer que estejamos!
A missão da Igreja não é uma espécie de filantropia, mas uma mensagem que nos lança para o alto. O empenho missionário do batizado deve construir uma morada alta já aqui neste mundo. “Deus nos dá uma outra moradia no céu que não é obra de mãos humanas, mas que é eterna” (2 Coríntios 5,1) é uma afirmativa bíblica que perpassa o conteúdo da fé cristã. Somos chamados pela Igreja a caminhar no tempo e na história movidos por essa afirmação. Acreditamos que há uma esperança que nos acompanha, capaz de lançar nosso coração para o alto, para Deus e sua morada.
O Papa Francisco, em sua última Mensagem para as Missões, exortou a Igreja a um chamamento indispensável: “E não esqueçamos que todo o cristão é chamado a tomar parte nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às ‘saídas dos caminhos’ do mundo atual. Sim, hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas da parte de dentro, para que O deixemos sair! Muitas vezes acabamos por ser uma Igreja (…) que não deixa o Senhor sair, que O retém como ‘propriedade sua’, quando o Senhor veio para a missão e quer que sejamos missionários.” As veias da Igreja de Cristo são essencialmente missionárias. Não há presença da Igreja no mundo sem o ardor contínuo da pregação do Evangelho de Cristo pelas estradas do mundo.
A Igreja, ao se colocar na estrada da humanidade, planta a esperança de Cristo. As grandes tribulações que enfrentamos no percurso da existência humana só podem ser vencidas porque nos dispomos a permanecer na esperança cristã. “A esperança precisa de paciência, assim como precisa de ter esperança para ver crescer a semente de mostarda. É a paciência de saber que nós semeamos, mas é Deus que faz crescer” (Papa Francisco). E como perseverar quando a dor da morte bate à nossa porta? Como cristãos, cheios da esperança de Cristo, não podemos viver nossos dias permitindo o prolongamento de fardos de frustrações e fobias. Afinal, o Batismo que recebemos um dia nos coloca diante de tão desafiadora exigência de fé: “Quem crê nunca está sozinho, nem na vida nem na morte” (Papa Bento XVI). A certeza da fé na vida eterna nos coloca de pé, ainda que sejamos tentados à queda, ao desânimo existencial.
Construamos nossa vida com o olhar voltado para Deus, para a Sua morada, que não foi construída por mãos humanas. O Senhor nosso Deus é Bondoso e nos convida a estar com Ele definitivamente em Sua casa. Mas não nos esqueçamos de também construir pontes aqui dentro das relações humanas, como tão bem nos assegurou o Papa Leão em seu primeiro discurso à Igreja: “Deus nos ama, Deus vos ama a todos, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos de mãos dadas com Deus e uns com os outros, sigamos em frente! Somos discípulos de Cristo. Cristo vai à nossa frente. O mundo precisa da Sua luz. A humanidade precisa d’Ele como ponte para poder ser alcançada por Deus e pelo Seu amor. Ajudai-nos também a vós e, depois, ajudai-vos uns aos outros a construir pontes, com o diálogo, o encontro, unindo-nos todos para sermos um só povo, sempre em paz.”
Com a Virgem Maria, construamos uma Igreja missionária capaz de levar todos os homens e mulheres ao céu, sem nos esquecermos de fazer uma ponte mútua entre todos ainda aqui neste mundo. Deus tem uma morada no céu para todos, mas Ele ama o mundo, com suas dores e alegrias.