Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz OFM,Cap
Neste domingo, estamos celebrando a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Uma celebração que diz sobre o amor que tem pressa, que vai ao encontro do outro com a pressa da esperança de Deus, como nos tem pedido o ano jubilar que a Igreja está vivendo.
A Assunção de Nossa Senhora guarda o mistério de um dos dogmas marianos, bastante antigo na devoção e na fé do povo, mas tal dogma só foi definido recentemente pela Igreja, em 1950. E qual a grande mensagem que a Igreja quer passar ao nos fazer celebrar a Assunção de Maria? A resposta é bastante simples, mas carregada de um grande valor: Maria foi elevada ao Céu em seu corpo e alma. Uma das principais características do amor cristão é a elevação. O verdadeiro amor sempre eleva o outro, dá sentido e estende a mão. O verdadeiro amor sempre carrega a pressa missionária. Quando o anjo Gabriel se retira da presença da Virgem Maria, depois da Anunciação, ela coloca seu corpo numa inteira disponibilidade e serviço aos irmãos, ou seja, se coloca toda doada nas relações. Maria vai ao encontro de sua prima Isabel, que também está grávida: “Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,38 (39)-41).
O Mistério de Deus na vida e missão de Nossa Senhora nos faz pensar bastante em quanto devemos, por amor, tornar Deus grande no mundo, nas relações humanas. A nossa relação com Deus não pode limitar-se à esfera do privado. Testemunhemos a grandeza de Deus na vida pública e na privada. O que significa tamanha grandeza? Dar espaço todos os dias a Deus na nossa vida. Estamos no mês vocacional. E nesse domingo, celebramos a Vida Religiosa. O que são os consagrados na missão da Igreja? São batizados que se consagram mais estreitamente a Nosso Senhor no serviço da Igreja, trilhando um caminho de pobreza, obediência e castidade. O mês vocacional deste ano está mais festivo porque estamos celebrando com o tom do ano jubilar. O tema do mês vocacional é “Peregrinos porque somos chamados”. Queremos ter um coração vocacionado para as coisas do alto, como é o coração de Maria Assunta ao céu, sem deixar de ter os pés a caminho na história que nos cerca.
A vida religiosa presta um grandioso e necessário serviço de amor, do amor que eleva e dignifica. Os religiosos são, no mundo, aqueles que carregam a pressa missionária, e carregam através do próprio sim dado a Deus em favor dos homens e mulheres. Quantos de nós fomos catequizados por freiras? Foram estas, muitas vezes, na vida paroquial, as consagradas que nos mostraram a centralidade do lugar de Deus em nossas vidas. O Papa Francisco, em uma de suas muitas falas sobre a vida consagrada, fez ecoar as seguintes palavras: “A vida consagrada ‘é olhar que vê Deus presente no mundo, embora a muitos passe despercebido; é voz que diz: ‘Deus basta, o resto passa’; é louvor que brota apesar de tudo’”.
A elevação de Maria ao céu, de corpo e alma, não é uma historinha ultrapassada da Igreja, mas um acontecimento real e vivo contido na nossa história de salvação. Ela foi assumida por Deus em vista da salvação de todos os homens. Peçamos à Nossa Senhora a graça de “compreendermos que também para nós a terra não é a pátria definitiva e que, se vivermos voltados para os bens eternos, um dia partilharemos a sua mesma glória e também a terra se tornará mais bela” (Papa Bento XVI). Quero, em nome da Arquidiocese da Paraíba, agradecer imensamente a todos os religiosos e religiosas que entregam suas vidas a Deus, em favor do nosso povo, na nossa centenária Arquidiocese da Paraíba. E, juntos, na construção de um mundo mais justo e solidário, testemunhemos que o amor sempre eleva e tem pressa.