Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, arcebispo metropolitano da Paraíba
A oração é a via do encontro entre Deus e o homem. Ao longo da história da humanidade, o Senhor sempre veio ao nosso encontro, e mesmo sendo Deus, não poupou-Se de estar entre os homens. Para os cristãos, esse encontro é a oração. Mas não qualquer forma de rezar. Um caminho autêntico de vida de oração nos pede o centro de nossas vidas como o lugar de Deus. Neste domingo, em nossas paróquias, a Palavra de Deus, através do apóstolo Paulo, vai nos falar sobre esse primado de Deus: Basta-te a minha graça! (Cf. II Cor 12,9).
Essa afirmação sobre o primado da graça de Deus pode até parecer, num primeiro momento, como uma solicitação ingênua ou alienante. Mas não se trata disso. O Papa Francisco, em muitas de suas catequeses sobre a oração, repete o refrão: “a oração cristã não fecha os olhos sobre a vida. Aqui nesta pequena afirmação, vemos que a oração é um meio de aprendizagem; quando rezamos, pomos a nossa vida nas mãos de Deus, e Dele recebemos a orientação, o norte que necessitamos. A oração é sempre um encontro de amor entre o Deus que nos ama e nos protege e a fragilidade do nosso pobre coração!”.
A oração também nos coloca diante do necessário temor que devemos ter ante o mal, e como diz o Papa: “Aquele que reza não é cego, e vê nitidamente diante dos seus olhos este mal tão incômodo e, portanto, em contradição com o próprio mistério de Deus, ele o vê na natureza, na história, mesmo em seu próprio coração. Porque não há ninguém entre nós que possa dizer que está isento do mal, ou pelo menos de ser tentado.” Contudo, esse temor não deve ser maior do que a consciência que o bem vence sempre, na oração mesmo do Pai-Nosso, ensinada por Nosso Senhor, pedimos para não cairmos em tentação. O centro da oração é o próprio Senhor e Sua Vontade, e nunca as dificuldades e temores que trazemos.
O caminho da oração nos leva para a prontidão missionária. Rezar não significa colocar-se à parte do mundo e da história, mas significa caminho pelas estradas passadas pelo Divino Redentor: “o dom da fé não nos é concedido para permanecermos a fixar o céu, mas para caminharmos pelas estradas do mundo como testemunhas do Evangelho”. Um ensinamento básico na oração é o caminho da humildade. Devemos nos colocar como filhos que escutam sempre a voz do Pai. Neste encontro de amor entre Deus e os homens que se dá na oração, somos ensinados a rezar, a dependermos do Pai em tudo. Não podemos perder tempo lutando contra a vontade do Pai, como se fôssemos a medida de todas as coisas. Não! A via da humildade treina-nos para acolhermos os frutos deste encontro de amor. A oração não é um apêndice na vida do discípulo de Jesus, mas o combustível que nos faz prosseguir na santidade. Sem oração, a nossa alma torna-se árida e pode até morrer.
Confiemos nossa vida àquela que foi toda oração, à Santíssima Virgem Maria. Ela é modelo de oração cristã para a Igreja, fora capaz de submeter-se amorosamente ao Senhor. Que sua constante prece nos torne homens e mulheres que nunca fogem desse encontro de amor. Encontro este, que sempre nos leva aos irmãos!