Em sua última mensagem de Páscoa, o Papa Francisco nos falou sobre o poder do caminho novo oferecido pelo Ressuscitado: “O túmulo de Jesus está aberto e vazio! É aqui que tudo começa. Através desse túmulo vazio passa o novo caminho, o caminho que nenhum de nós, mas somente Deus, poderia abrir: o caminho da vida em meio à morte, o caminho da paz em meio à guerra, o caminho da reconciliação em meio ao ódio, o caminho da fraternidade em meio à inimizade.” Somente Deus, com seu amor, pode nos conceder esse novo. Creiamos!
A Páscoa de Jesus é um favorável tempo de renovação espiritual. Sua vitória sobre o pecado e o mal é a garantia de uma nova vida para todos os que creem Nele. Com essa vitória, abre-se diante de nossos olhos e existência um futuro novo. Não se trata aqui de uma vida que rejeita o sofrimento. Não! Para nós cristãos, o sofrimento e as dificuldades são realidades superáveis. Não lidamos com o sofrimento como se fosse um grande inimigo a ser constantemente repelido, mas, com a forca da fé, olhamos e enfrentamos tudo que se levanta diante de nós, e fazemos isto com a humildade de quem confia sua vida nas mãos de Deus.
Como pessoas que creem no Ressuscitado, qual deve ser a nossa atitude realista diante de tantos sofrimentos? No rito da Missa, há uma expressão exclamativa que às vezes não damos conta de sua força: “Corações ao alto”. O que a Igreja nos ensina com esta expressão? O que ela tem a ver com a superação do sofrimento?
“Corações ao alto” é um desejo sincero do coração que crê ainda nesta terra, com seus altos e baixos. A nossa resposta, com a nossa própria vida, deve ser: “O nosso coração está pronto em Deus”. Quando não buscamos viver na presença de Deus, nossas escolhas vão nos puxando para baixo. Daí, vamos construindo nossa vida fazendo parceira com o egoísmo, a mentira…
A Páscoa de Jesus nos puxa para o alto, para a solidariedade, para a justiça e a retidão: “O próprio Deus tem de puxar-nos para o alto; e foi isto que Cristo começou a fazer na Cruz. Desceu até a humilhação extrema da existência humana, a fim de nos puxar para o alto rumo a Ele, rumo ao Deus vivo. Jesus humilhou-Se (…) Só assim podia ser superada a nossa soberba: a humildade de Deus é a forma extrema do seu amor, e este amor humilde atrai para o alto” (Papa Bento XVI). Portanto, temos a garantia da vitória do Cristo Crucificado sobre os nossos pecados. Não podemos justificar uma vida orientada para baixo, como se o Mistério Pascal de Nosso Senhor fosse uma simples memória de um passado distante que não nos toca.
A Páscoa, além de ser um caminho de transformação individual, também deve gerar um compromisso de transformação social, como nos pediu o Papa Francisco no último Domingo da Ressurreição: “Jesus Cristo ressuscitou, e somente Ele é capaz de remover as pedras que fecham o caminho para a vida. De fato, Ele mesmo, o Vivente, é o Caminho: o Caminho da vida, da paz, da reconciliação, da fraternidade. Ele nos abre a passagem, algo humanamente impossível, porque somente Ele tira o pecado do mundo e perdoa os nossos pecados. E sem o perdão de Deus, essa pedra não pode ser removida.”
Não podemos nos deixar abater pela cultura da desesperança. A mão vitoriosa de Deus nos orienta, nos dá um caminho novo, cheio de esperança e superações. Ele também nos dá Sua Mãe como consolo. Que a Virgem Maria nos ensine a ter os nossos corações vacilantes voltados para o alto, para Deus, e, consequentemente, voltados também para as necessidades de nossos irmãos.