O mês de setembro é o mês da Palavra de Deus. Um mês em que somos convidados ao aprofundamento do que Deus tem para nossas vidas. Evidenciamos, portanto, o maravilhoso dom que é o encontro que fazemos com a Pessoa de Cristo por meio de Sua Palavra. Num mundo que facilmente determina Deus como supérfluo ou alheio, somos movidos pela Palavra de Deus para confessar que somente Cristo tem palavra de vida eterna.
Para nós, cristãos, a Bíblia não é somente um livro sagrado e nem um livro propagandista de uma religião que prega uma palavra escrita e muda. Não! A Sagrada Escritura é o próprio Senhor Vivo e Ressuscitado, e deve ser proclamada, escutada, lida, acolhida e vivida como Palavra de Deus, sob a guarda da Tradição da Igreja, como pede o Concílio Vaticano II.
A Palavra de Deus é o Porto Seguro, principalmente, nos momentos desafiadores que todos nós enfrentamos ao longo da vida. O Papa Francisco costuma dizer que essa Palavra é a carta do amor de Deus para os homens. E neste amor, podemos atravessar qualquer desafio que se apresenta. O amor de Deus não é uma realidade distante ou utópica, mas um porto real e seguro.
A Palavra de Deus nos apresenta o caminho de Deus para os homens. E esses caminhos são superiores, mas não idealísticos: “estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra.” (Is 55,9).
O que fazer para crescer na relação amorosa com a Palavra de Deus? Um dos segredos é silenciar mais quando ela é meditada, pessoalmente ou comunitariamente. Devemos treinar mais nossa escuta exterior e interior; é claro que o desafio barulhento da vida moderna dificulta bastante, mas quando realmente abrimos o coração, o Espírito Santo toca nossos sentidos e nos dá a graça da verdadeira escuta de Deus. Sem esta disposição interior, não colheremos os frutos na vida, e iremos cada vez mais para a margem que coloca Deus como supérfluo e alheio.
A dimensão comunitária da escuta da Palavra de Deus é um dos grandes presentes que recebemos do Senhor como Igreja. Todo fiel é convidado a entrar na relação vital existente entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja. Sem a clareza desta relação íntima o nosso ser católico fica ofuscado. A Igreja é a “casa da Palavra de Deus”. E esta casa não é pequena, ela se estende às pequenas comunidades de nossas paróquias: “é bom que, na atividade pastoral, se favoreça também a difusão de ‘pequenas comunidades’, formadas por famílias ou radicadas nas paróquias ou ainda ligadas aos diversos movimentos eclesiais e novas comunidades, nas quais se promova a formação, a oração e o conhecimento da Bíblia segundo a fé da Igreja” (Verbum Domini, n. 73).
Tomemos no coração as palavras do Papa Francisco que nos encoraja a uma relação viva e testemunhal com a Palavra de Deus: “A Palavra de Deus é viva: não morre nem envelhece, permanece para sempre. Ela permanece jovem diante de tudo que acontece e conserva do envelhecimento interior aqueles que a colocam em prática. Está viva e dá vida”.
Que Nossa Senhora, Aquela que muito amou a Palavra do Senhor, nos auxilie a trilhar os caminhos de Deus, sem jamais desanimar do esperado testemunho no coração do mundo.