A Pastoral do Menor da Arquidiocese da Paraíba. Um trabalho que não para, e um agradecimento ao CEFEC.

A Pastoral do Menor da Arquidiocese da Paraíba já existe há mais de 40 anos e atende cerca de mil jovens divididos em sete núcleos, nos municípios de Bayeux, Santa Rita e João Pessoa. São várias as áreas de ação. Primeiro, o atendimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social (trabalho desenvolvidos em todos os núcleos) que tem o objetivo de contribuir com a formação integral desses meninos e meninas que se encontram em situação de risco, para prevenir os índices de violência – seja sofrida pelos adolescentes e crianças, seja praticada por crianças e adolescentes. Sobretudo para garantir os direitos fundamentas desses meninos e meninas.

Formação com agentes e almoço no projeto Legal

Padre Xavier Paolillo, que é Assistente Eclesiástico da Pastoral do Menor, fala o que existe nos núcleos como serviço: “Nesses núcleos são oferecidos alimentação, apoio psicológico, reforço escolar, formação profissionalizante, oficinas artísticas como musicais, esportiva, culturais de formação humana. Tudo com ênfase na educação, no protagonismo e no exercício da cidadania”.

A segunda área de ação é junto aos adolescentes em atos infracionais, através do Projeto Kaioroz, garante assistência religiosa aos adolescentes privados de liberdade nas unidades sócio-educativas da FUNDAC, e também o zelo pelos direitos dos adolescentes para que sejam respeitados dentro das unidades de internação. Com visitas nas quartas-feiras podendo ser também em outros dias; fornecimentos de materiais de higiene e semelhantes que os adolescentes não tem acesso, sobretudo aqueles que não recebem visitas. São atendidos em media 120 adolescentes.

A terceira área de ação são as famílias dos adolescentes, onde a Pastoral faz o possível para fortalecer os vínculos familiares e protagonizar as famílias no processo educativo de seus filhos como também na garantia dos direitos necessários, para proporcionar a todos os membros da família condições de vida digna. Esse atendimento acontece através da escuta individual, reuniões e formações em grupo, acompanhamento psicossocial e espiritual e articulação com a rede sócio assistencial, para garantir que as principais necessidades dessas famílias através de politicas públicas.

Uma outra área de ação são as políticas públicas de promoção e defesas de direitos humanos das crianças e adolescentes. A Pastoral do Menor está presente através de representantes dos vários conselhos, municipais e estaduais de politicas públicas. Conselho da criança e adolescentes, conselho da saúde, conselho da educação, conselho de assistência social. E com esses conselhos a pastoral pretende contribuir com a formulação e monitoramento das politicas públicas, para que estas sejam eficazes na garantia dos direitos humanos a população infanto juvenil. A pastoral está presente nos conselhos municipais de Bayeux, Santa Rita, João Pessoa, nas várias redes de proteção dos municípios, na Comissão Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo).

A quinta área de ação é a formação e capacitação dos agentes das pastorais; são quase 100 pessoas envolvidas nos vários níveis de trabalho e a cada dois messes acontece um encontro de formação para capacitar em todos os níveis. primeiro, fortalecer a espiritualidade, para uma maior identificação no trabalho da pastoral do menor, sobretudo a questão da mística, para que as pessoas estejam motivadas a servir essas crianças e adolescentes. Depois, vários assuntos de caráter pedagógicos para o atendimento direto de crianças e adolescentes.

Oficina de música e Via Sacra

E a última área é a organização, que serve para fortalecer a ação da pastoral seja junto a igreja local seja a sociedade. Nesse processo de organização existe a busca por parcerias.
“Essa é uma pastoral que trabalha todos os dias, de segunda a sexta, de 7h30 às 16h30, e precisa de parceiros. A nossa preocupação é garantir os direitos das crianças e adolescentes, seguindo a filosofia da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Constituição Federal de 1988 no artigo 227, que deixa bem claro que as crianças e adolescentes tem que ser atendidos de maneira prioritária nesse país e ter garantidos os direitos que são fundamentais para o conhecimento da criança como sujeito de direito, que tem direito a ter todos os direitos”, Explica o Padre Xavier.

Em nota a Pastoral do Menor da Arquidiocese da Paraíba fez uma saudação ao CEFEC (Centro de Formação Educativo Comunitário) pela tournée na Europa de adolescentes e jovens da entidade, localizada no bairro de Marcos Moura Santa Rita (PB). Que com um recital inspirado na Encíclica “Laudato Si” vão se apresentar para o Papa Francisco.

A PROFECIA, AINDA UMA VEZ, VEM DA PERIFERIA
A Pastoral do Menor da Arquidiocese da Paraíba saúda com grande alegria os adolescentes e jovens do Centro de Formação Educativo Comunitário – CEFEC, do bairro Marcos Moura, do município de Santa Rita (PB) que, acompanhados por um grupo de educadores (as), viajarão nos próximos dias para o Estado de São Paulo, Itália e França, para levar um recital totalmente pensado e elaborado por eles com a coordenação de Rodrigo Baima. A apresentação se inspira na “Laudato Si”, Encíclica de Papa Francisco sobe o Cuidado da Casa Comum. Durante a tournée, está prevista também uma apresentação no Vaticano na presença de Papa Francisco.

A iniciativa tem grande valor simbólico que merece ser salientada:

  1. Parte de um projeto social que nasceu da comunidade e acontece na comunidade com recursos humanos da própria comunidade, graças à generosidade das Irmãs da Providência, sobretudo da Irmã Antonietta de Defrancesco, de saudosa memória, que foi a fundadora. Há 15 anos, o CEFEC, inspirado nos valores do Evangelho e no Projeto pedagógico da Pastoral do Menor, presta um precioso serviço à população infanto-juvenil do bairro Marcos Moura, na periferia de Santa Rita, na linha da garantia dos direitos, do incentivo do protagonismo e do exercício da cidadania.
  2. É uma ação que vê como protagonistas adolescentes e jovens de um bairro “maltratado” pela ausência de estruturas e políticas públicas, que é conhecido mais pelas suas carências do que pelas suas riquezas. Na realidade, Marcos Moura, como todas as outras comunidades de periferia, apesar dos problemas e desafios que apresentam, são verdadeiras minas de ouro, onde se acumulam reservas inexauríveis de talentos que aguardam oportunidades para mostrarem toda sua beleza e riqueza. Estes jovens cansaram de esperar e tomaram iniciativa. Foram conquistando seu espaço. Alcançaram visibilidade não nas páginas da crônica policial, para onde setores da sociedade querem relegá-los, mas subindo no palco da vida, com humildade e, ao mesmo tempo, ousadia, – como “atores protagonistas” de uma história cheia de esperança. Estas meninas e meninos, como todos/as os outros/as que frequentam os núcleos da Pastoral do Menor e de outras organizações sociais presentes nos territórios periféricos para preencher o vazio deixado pela ausência do poder público, são a prova contundente das maravilhas que eles/as são capazes de realizar quando tomam o controle da própria vida, reivindicam o que lhes pertence de direito e apostam em projetos de vida que valem de verdade.
  3. É uma injeção de esperança. Quando a violência cresce assustadoramente e invade os centros educativos espalhando terror e, ao mesmo, tempo, provocando reações igualmente violentas, quando se pensa em enfrentá-la através da “militarização” das escolas, eis que um projeto social localizado num território cheio de conflitos mostra que ainda tem como insistir na construção da paz “desarmadamente”, utilizando as ferramentas da acolhida, do diálogo, da valorização dos talentos e do cuidado. Cremos que o Mundo Novo seja ainda possível, mas que este não virá dos centros de poder e com o uso da força, mas das periferias, através do lento, mas eficaz, caminho da paz, da solidariedade e cuidado, assim como nos mostra a experiência de Jesus quando optou vir ao mundo na periferia de Belém. A estrela que ilumina o caminho de quem deseja mudar o mundo aponta para o Menino de Belém deposto na manjedoura, desarmado e revestido de fragilidade para dar vida à revolução da ternura, a única em que vale a pena se engajar para garantir a sobrevivência da humanidade. Desejamos que estes meninos e meninas, inspirando-se no Menino Jesus, se tornem estrelas que apontam para a caminho certo que é a vida com dignidade para todos.
  4. Enfim, é uma profecia. A viagem do CEFEC é um acontecimento que deve ser enquadrado na linha da profecia. A partir de Marcos Moura, do Sul do Mundo, estes (as) jovens vão ao Norte do Mundo para contar suas histórias de vida e para compartilhar suas riquezas em pé de igualdade. Não vão para fazer turismo ou pedir ajuda, dinheiro, emprego… como muitas pessoas obrigadas a deixar suas terras de origem em busca de melhores condições e vida, mas para anunciar o Evangelho, para ajudar aquela parte do mundo a entender que só o paradigma do Amor e do Cuidado salva o mundo e em qualquer parte do mundo.

Obrigado ao CEFEC e a todas as pessoas que contribuíram para o êxito desta iniciativa. Deus abençoe esta missão de paz e esperança.
Acompanhemos com nossa oração e afeto para que tudo dê certo. São Luiz Scrosoppi, fundador da Congregação das Irmãs da Providência, interceda por todos (as).

Marta, Socorro e Pe. Xavier
Coordenação da Pastoral do Menor
Arquidiocese da Paraíba.

Roberval Borba