Muito se tem ouvido falar sobre o Sínodo convocado pelo Papa Francisco e a movimentação gerada na Igreja em torno dele. O tema escolhido para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em 2023 é “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Mas você sabe o que é o Sínodo? Por que este Sínodo em especial está sendo considerado histórico? Vamos sintetizar aqui explicações claras para que todos possam viver este caminho sinodal na comunhão proposta pelo Santo Padre.
– O que é um Sínodo?
O termo “sínodo” deriva do grego “sýnodos”, que significa “reunião”. O termo é composto pelo prefixo “syn” (junto com/junto de/junto a) e pelo substantivo “hodós” (caminho). O verbo grego synodéo significa “fazer um caminho com alguém”. Na Igreja, o Sínodo é a reunião dos Bispos, convocada pelo Papa, para consultas e/ou deliberações, desde que sejam aprovadas pelo pontífice. Na prática, são levados para o Sínodo assuntos que permeiam a vida eclesial de forma intensa e que causam debates, que precisam ser considerados e discutidos para o caminhar universal da Igreja.
– Quem instituiu o Sínodo?
Assim diz a Santa Sé: o Sínodo dos Bispos foi instituído por São Paulo VI em 15 de setembro de 1965 com o Motu Proprio Apostolica Sollicitudo. Sua instituição ocorreu no contexto do Concílio Vaticano II que, com a Constituição dogmática Lumen Gentium (21 de novembro de 1964), concentrou-se em grande parte na doutrina do episcopado, solicitando um maior envolvimento dos Bispos cum et sub Petro nas questões que interessam a Igreja Universal.
Assim, o decreto conciliar Christus Dominus (28 de outubro de 1965) descreve o Organismo recém instituído: “Uma colaboração mais eficaz ao supremo pastor da Igreja o podem prestar, nos modos estabelecidos ou a estabelecer o mesmo Romano Pontífice, os bispos escolhidos das diversas regiões do mundo, reunidos no conselho propriamente chamado Sínodo dos Bispos. Este Sínodo, representando todo o episcopado católico, é um sinal de que todos os Bispos participam na hierárquica comunhão da preocupação da Igreja universal “(n. 5).
– Já aconteceram outros Sínodos?
Este será o 30º Sínodo entre os Ordinários, Extraordinários e Especiais (confira aqui a lista). O mais recente foi o Sínodo Especial para a Amazônia, que aconteceu em 2019. Em 2018 houve um Sínodo Ordinário com o tema “Jovens, fé e discernimento vocacional”. Já o primeiro Sínodo, ainda dentro dos primeiros passos da Igreja pós conciliar, foi em 1967 com o tema “A preservação e o fortalecimento da fé católica, sua integridade, seu vigor, seu desenvolvimento, sua coerência doutrinária e histórica”.
– Por que este Sínodo de 2023 é considerado histórico?
O Sínodo convocado pelo Papa Francisco é histórico porque o Pontífice resolveu que a conversa com os Bispos será o último passo de todo processo sinodal. Com o intuito de seguir fielmente a proposta do termo “sínodo”, que é sobre “caminhar juntos”, Francisco resolveu abrir o espaço de voz para toda a Igreja, desde a sua base nas comunidades paroquiais. Desta forma, a Assembleia Sinodal que irá acontecer em 2023 será o resultado de todas as etapas vividas desde as dioceses e arquidiocese de todo o mundo.
– Então, como está acontecendo?
O Sínodo foi dividido em 3 etapas: etapa diocesana, etapa continental e a universal, com a Assembleia Sinodal. A abertura dos trabalhos foi feita no dia 10 de outubro, no Vaticano, com Santa Missa presidida por Francisco. Nas dioceses do mundo todo, a celebração aconteceu na semana seguinte, no dia 17 de outubro. As primeiras duas fases, diocesana e continental, ocorrerão entre outubro de 2021 e março de 2023. A fase continental, a Assembleia Sinodal, será em outubro de 2023. O Papa Francisco pediu, durante a Missa de abertura, que todos estejam prontos para “encontrar, escutar e discernir”. E o Pontífice ainda reforçou que “Deus não habita em lugares assépticos e pacatos, distantes da realidade, mas caminha conosco. (…)Fazer Sínodo é colocar-se no mesmo caminho do Verbo feito homem: é seguir as suas pisadas, escutando a sua Palavra juntamente com as palavras dos outros. É descobrir, maravilhados, que o Espírito Santo sopra de modo sempre surpreendente para sugerir percursos e linguagens novos.”
– Como está acontecendo na Arquidiocese da Paraíba?
O Arcebispo e a Coordenação Arquidiocesana de Pastoral organizaram uma equipe composta por várias lideranças, entre padres e leigos, para o processo de escuta nas Paróquias e Comunidades Novas. A escuta é orientada pelo vade mecum organizado pela Santa Sé, que traz um itinerário para escuta e levantamento de questões pertinentes a serem apreciadas no Sínodo. Lideranças paroquiais e pastorais da arquidiocese responderão questionários, apresentarão propostas e inquietações e a equipe arquidiocesana fará a síntese de tudo que foi ouvido e apresentado.
Esta etapa diocesana traremos na próxima matéria sobre o Sínodo, com maiores detalhamentos.
– Todos devemos rezar pelo Sínodo!
Aqui não mais uma pergunta, mas uma afirmação. A Igreja precisa estar unida no propósito e o fortalecimento vem a partir da oração. Abaixo, a Oração pelo Sínodo, que é Atribuída a São Isidoro de Sevilha (560-636). Esta oração foi utilizada tradicionalmente nos Concílios e Sínodos durante centenas de anos. A versão oferecida atualmente está “desenhada especificamente para o caminho Sinodal da Igreja de 2021 a 2023”, segundo a Secretaria do Sínodo:
Espírito Santo! Eis-nos aqui, diante de Vós, reunidos em vosso Nome.
Nosso defensor, vinde, ficai conosco; tomai posse do nosso coração.
Mostrai-nos o destino, caminhai conosco, conservando-nos em comunhão.
Ai de nós, pecadores, se cairmos na confusão!
Não o permitais. Iluminai a nossa ignorância, libertai-nos da parcialidade.
Senhor que dais a vida, em Vós, a unidade, convosco, a verdade e a justiça;
em marcha até à vida sem ocaso: nós vos suplicamos.
Vós que soprais onde e como desejais, a todos dando a possibilidade de passar, com Jesus, ao Pai: nós vos adoramos, agora e sempre.
Amém.